Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
15/11/1999

< EMC >


Semana passada uma série de infaustos acontecimentos, que por vergonha de haver cometido tão fenomenal mancada me absterei de comentar, deitou a perder o conteúdo de um de meus discos rígidos. Depois de muito suar frio, restaurar a cópia de segurança e recuperar os arquivos mais recentes com a ajuda do portentoso Lost and Found da Powerquest, a única perda real foram as horas de trabalho durante as quais eu e meus arquivos ficamos inacessíveis. Tudo acabou com um suspiro de alívio. Mas se eu fosse um provedor da Internet? Um sítio de comércio eletrônico? Um banco? De quantos milhões teria sido o prejuízo?

Empresas como essas não podem ficar fora do ar nem mesmo poucos minutos. E suas necessidades de armazenamento medem-se na casa dos terabytes (Tb, ou milhões de megabytes). Breve, armazenarmos nossos dados pessoais digitalizados (correspondência eletrônica, fotos, imagens, vídeos, históricos pessoais e dados médicos como radiografias, tomografias e similares) e em alguns anos cada um de nós manterá um Tb de dados em algum lugar. A análise do crescimento do espaço de armazenamento nos últimos anos permite prever que em 2005 serão necessários de cem a mil petabytes (um Pb corresponde a mil terabytes) espalhados por servidores em todo o mundo. É muito byte.

Pois é para dar conta desta demanda que existe a EMC. Sua sede fica em Boston, EUA. Fornece sistemas de armazenamento de dados. Embora já tivesse ouvido falar dela, eu não a conhecia até visitá-la há alguns meses. Seu carro chefe é o Symmetrix, um sistema com capacidade de dez a oitenta Tb, um treco que parece um armário metálico cheio de discos rígidos e placas de memória. Composto por discos SCSI ligados em configurações RAID (Redundant Array of Independent Disks), o Symmetrix é à prova de falhas: como as informações são replicadas no próprio sistema, mesmo que alguém arranque fisicamente um HD do equipamento, tudo se ajusta automaticamente e nem um único bit é perdido. As placas de memória são usadas como cache para acelerar o acesso. Mas é no software fornecido com o sistema que reside a força da EMC: é ele que, juntamente com um controle de qualidade que testa exaustivamente cada unidade produzida, assegura a absoluta infalibilidade dos sistemas. A EMC garante que eles jamais falham.

Como pode ter certeza? Bem, além passar por um irrepreensível controle de qualidade, cada sistema incorpora um modem e um software de controle. Cada vez que é detectada uma falha em um setor de uma das dezenas de discos rígidos, além de marcar o setor como "bad block", o software "Phone Home" faz o modem discar para Boston e informar a EMC. Lá, soa um alarme em uma das dezenas de monitores da sala de controle e técnicos analisam o problema. Se acham que a incidência de erros em um determinado HD é muito grande, mandam o representante local trocar o disco. Segundo o responsável pelo controle, a maior dificuldade deste representante é convencer ao responsável que há um componente de seu sistema que precisa ser trocado. Graças ao Phone Home a EMC soube que algo anormal ocorria em Kioto antes mesmo que as autoridades japonesas fossem comunicadas do terremoto que atingiu a cidade há alguns anos.

A EMC não encara o suporte ao usuário como uma fonte de renda mas como um investimento para garantir a qualidade de seus produtos. Por isso oferece assistência técnica gratuita durante os dois primeiros anos e troca no máximo em duas horas qualquer componente que apresente alguma falha em qualquer um dos 35 mil sistemas instalados em cinqüenta países. Depois deste período, o mesmo tipo de assistência pode ser mantido, porém mediante pagamento. Segundo a EMC, os clientes ficam tão satisfeitos com ela que  95% a contratam.

Além do Symmetrix, a EMC fornece outros tipos de serviços e software. Como o Fastrax, uma plataforma de movimentação de dados, backup e recuperação entre sistemas Symmetrix. Ele permite que uma empresa mantenha, por exemplo, um sistema em Nova Iorque e outro em São Francisco, interligados por fibra ótica e espelhados. Se um deles for destruído por algum tipo de catástrofe, o outro assume o controle imediatamente sem a perda de uma única transação. Dá vontade de ter um treco desse em nossas máquinas, nénão? Poder, até que pode. O problema é que o mais baratinho custa duzentos mil dólares. O mais caro, passa de quatro milhões...

PS: Nunca entendi bem porque (não é falsa modéstia, é a pura verdade), mas tem gente que não se interessa por computadores e ainda assim lê essa coluna. Se você é um desses ou se quiser ler uma "coluna do Piropo" diferente, procure-a em <www.netiguassu.com.br>. Bom proveito.

B. Piropo