Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
17/07/2000

< Perda Irreparável >


De vez em quando recebo aflitíssimas mensagens de leitores não menos aflitos, com relatos de cortar o coração sobre falecimentos repentinos e doridos. Histórias terríveis que têm muito em comum: o ente querido passava bem, não apresentava sinal algum de saúde combalida, vibrava e compartilhava seus segredos com o pobre leitor e eis que um belo dia, não mais que de repente, sucumbiu diante dos olhos estarrecidos dos circunstantes. A morte, por si só, já seria caso de imenso sofrimento, mas o fato de ser assim tão brusca, impedindo que as precauções mais elementares fossem tomadas para minorar seus efeitos dramáticos, tornaram-na ainda mais brutal. E o lúgubre resultado é sempre igual: dados preciosos, por vezes acumulados durante anos de trabalho e dedicação, vão para o túmulo com o falecido. Digo: para a sucata, o único túmulo digno de um HD.

Sim, porque a morte de que vos falo é a de discos rígidos. Mas nem por isso exagerei nas conseqüências. Pois só quem perdeu dados acumulados durante anos em um disco rígido que padeceu de morte súbita sabe a dor que isso representa (não, definitivamente ainda não foi o meu caso; mesmo porque eu sou o único sujeito que conheço a manter regularmente cópias de segurança completa de todos os discos rígidos; mas pelo tom das mensagens que recebo, bem posso avaliar o tormento).

No entanto, ao contrário de seres humanos cuja perda é sempre irreparável, o sofrimento causado pela morte de discos rígidos pode perfeitamente ser evitado. Porque não há HD que não possa ser substituído – e quase sempre por um maior, melhor, mais rápido e, não obstante, mais barato. Na morte de um HD, o que efetivamente dói não é sua perda, mas a dos dados. Uma dor que se prolonga por muito tempo, já que de alguns arquivos você somente dará falta ao precisar deles. O que pode demorar anos.

Note que me refiro aos dados apenas, não a todo o conteúdo do disco. Porque programas e sistemas operacionais sempre podem ser reinstalados (é verdade que, depois, dá um trabalho medonho refazer todas as configurações personalizadas, mas definitivamente esta não é uma perda irrecuperável). Dados, porém, não há quem os refaça.

Mas diga-me lá: por acaso algum dia você já se deu ao trabalho de verificar quanto espaço ocupam em seus discos rígidos seus arquivos de documentos? Me refiro àqueles que foram criados por você, recebidos de amigos ou baixados da Internet, os que realmente são irrecuperáveis. Pois verifique. Se, como é comum, eles estão espalhados por toda a árvore de diretório, talvez seja difícil avaliar. Mas procure classificá-los por suas extensões e tente descobrir quanto espaço realmente ocupam. Aposto que não passa de algumas poucas dezenas de megabytes. Se você não costuma armazenar arquivos gráficos de alta resolução, apresentações pesadas ou arquivos multimídia, dificilmente seus dados ocuparão mais de uma centena de megabytes. Considerando a capacidade dos discos modernos, não é muita coisa.

Então, se os dados não são tantos e se a dor da perda é tão severa, por que não desenvolver uma estratégia decente para protegê-los? Por que confiar na sorte e deixar pertences tão preciosos à mercê de discos metálicos que giram permanentemente a milhares de rotações por segundo distando frações de milímetro de hastes metálicas que, se tocarem na superfície, deitarão perder seu conteúdo? É demasiada fé na tecnologia...

Então, vamos lá. Analisemos o problema e busquemos soluções. Que, como logo você verá, são mais simples do que se poderia imaginar. Na verdade, o que tentaremos fazer é estabelecer um conjunto de regras e procedimentos que procurarão concentrar os arquivos mais importantes em lugares onde possam ser encontrados com facilidade. Depois, traçar meios para implementá-las. E, finalmente, discutir algumas técnicas que nos permitirão criar cópias de segurança de forma simples e indolor em um lugar onde elas estarão absolutamente seguras por pior que seja a catástrofe que atinja seu disco rígido. Guardando-os em um lugar de onde eles poderão ser recuperados mesmo em caso de incêndio, inundação ou evento igualmente cataclísmico.

Impossível? Que nada. Não somente é viável, como é mais simples do que parece.

E, o que é melhor: é de graça.

B. Piropo