< Trilha Zero >
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27/03/2000
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< Easter Eggs > |
Eu confesso: já sabia que a paisagem lunar escondida nas entranhas do Excel era um "Easter Egg" (a pergunta foi um "gancho" para esta coluna). E esperava receber mensagens à respeito, já que o assunto é relativamente conhecido. O que me surpreendeu foi a quantidade dos leitores que descobriram a coisa por sua própria conta, vagando por aquela paisagem inóspita em busca de uma explicação. Impressionante a persistência de quem se propõe a investigar um negócio desses... Explicando: em informática, um "Easter egg" é uma surpresa escondida no interior de um programa. Algo inesperado, porém agradável, aparentemente sem justificativa e difícil de ser encontrado. O exemplo do Excel 97 é típico: chega-se ao "Easter Egg" selecionando-se as células X97:L97. Difícil? Nem tanto: em inglês as letras "X" e "L" (pronunciadas "ex" e "el") são usadas justamente como abreviação de Excel. E 97 é o número da versão. Executando-se os passos descritos semana passada (jogou fora o jornal? Tudo bem: a coluna permanece à sua disposição na seção "Escritos" de minha página pessoal em <www.bpiropo.com.br>) chega-se a uma paisagem lunar. Mova o mouse para a esquerda e enxergará um monolito. Execute um único clique com o botão esquerdo e chegará perto o suficiente para perceber que ele exibe uma mensagem sobre o Excel seguida da relação dos nomes de seus desenvolvedores, a forma que a MS encontrou para homenageá-los. Se você executar exatamente os mesmos passos na versão 2000, porém selecionando o trecho X2000:L2000, encontrará algo parecido – se bem que menos espetacular. E na versão 95 chega-se a um labirinto tipo "Doom". Quase todo programa popular esconde um Easter Egg. Mas não apenas eles. Em um contexto mais geral, um "Easter Egg" é algo inesperado escondido em uma criatura por seu criador ("Easter Egg" significa "ovo de Páscoa" e o uso do nome neste contexto deriva da tradição americana de esconder ovos de Páscoa para serem encontrados pelas crianças). Há deles em quase todo tipo de obra de arte, incluindo filmes, músicas, comerciais ou programas de TV e livros. Por exemplo: se você comparar um retrato de Leonardo da Vinci com sua mais famosa pintura, a Mona Lisa, descobrirá uma incrível semelhança. Se levar em conta que Leonardo começou sua carreira pintando auto-retratos, talvez não seja tão difícil interpretar aquele sorriso enigmático... Quer mais? No afresco "O juízo final" que orna a parede do altar da Capela Sixtina, embaixo, á direita, próximo ao pé esquerdo de Cristo, Michelangelo pintou Bartolomeu tendo na mão esquerda o que parece ser a pele removida de um corpo humano, símbolo de seu martírio. Pois bem: o rosto deformado da figura é o do próprio Michelangelo (esta você pode conferir examinando a imagem em <http://www.christusrex.org/www1/sistine/40j-E.jpg>). E consta que há mais mãos na última ceia do que o número de personagens faz supor: da Vinci teria pintado uma, adicional, sob a mesa, empunhando uma faca na direção de Jesus (eu não consegui descobri-la, mas há quem garanta que está lá). Finalmente: tem gente que jura que vê um homem nu, com os braços dobrados em torno do próprio corpo, na perna esquerda do camelo que aparece no maço do cigarro Camel. Até pode ser vontade demais de ver homem nu, mas dizem que ele está lá. Como eu descobri tudo isso? Ora, na Internet, evidentemente. Visite "The Easter Egg Archive", em <http://www.eeggs.com/>. Lá você encontrará quase três mil deles, não apenas em programas, mas em todo tipo de obra. Descobri até mesmo como exibir a relação dos programadores que desenvolveram o software de meu relógio de pulso! Pode? No mais: alguns leitores informam que o comando "rand", descrito na coluna anterior, também funciona no Word 2000. Acredito. Mas na minha, não funcionou. E pelo menos dois, o Mário Jorge e o César Cristali, acharam injusta minha afirmação que na versão em português a função era inútil: o primeiro a usa para "encher" caixas de texto conectadas quando diagrama páginas no Word, o segundo para demonstrar funções de formatação e diagramação em suas aulas. Ambos têm razão. Finalmente: meu comentário sobre a tradução de "to jump over" não cabia (confundi com "to jump off" que, este sim, segundo o Webster, significa "atacar"). A tradução correta seria mesmo "saltar sobre" (no sentido de "saltar por cima de"). Registre-se a correção. B. Piropo |