Sítio do Piropo

B. Piropo

< Trilha Zero >
Volte de onde veio
06/03/2000

< Dois Tipos de Gente >


De vez em quando aparece lixo em minha caixa postal. O último dizia, textualmente: "Sua página apresenta no alto, irremovível, um imbecilesco banner com velocidade e alterações em tons e cores rápidas tais que é impossível fixar atenção no texto... Anotei o destino da propaganda e distribuí o nome para ser inserido na lista negra nos site, listas, icq etc. de amigos. No Ciencialist, FCB, Jornal da Ciência, USP, UNICAMP, Portal Esquinas, Terra, Ed. Moderna e outros tantos já o incluíram em suas listas negras. Lamentável o Sr., com tal tipo de página, permitir essa aberração...". O remetente, ele sim uma aberração da natureza, é um obscuro professor de física radicado em Barretos, SP. Pensa que é intelectual porque "colabora no jornal local" e organiza feiras de ciência em colégios do interior. O imbecilóide acrescenta que "a lista negra refere-se apenas ao obtuso patrocinador". Que, no caso, é a Electric Dreams, uma Empresa Júnior universitária, sem fins lucrativos, que anuncia em minha página como única retribuição pelo belíssimo trabalho de tê-la desenvolvido

Deus meu, pensei, que desequilibrado mental egocêntrico e execrável é esse que, por se sentir importunado pelo piscar de um anúncio, prejudica um grupo de jovens batalhadores que nem sequer conhece, incluindo o nome de sua empresa em listas negras? (incidentalmente: apelo aos responsáveis pelas listas negras citadas que visitem a página em www.bpiropo.com.br, verifiquem se o banner justifica a atitude boçal do mentecapto e, se acharem que não, façam o obséquio de substituir o nome da Electric Dreams pelo do beócio que o enviou). Que besta-fera viscosa é essa que, na calada da noite, das sombras de seu covil, destila mal contra quem nada fez contra ele? Como viver em um mundo que abriga seres assim abomináveis? Nessa noite dormi mal

Terça-feira passada participei do lançamento dos seis primeiros sítios desenvolvidos pelo Projeto Rede Social, uma iniciativa do Instituto de Imagem e Cidadania do Rio de Janeiro em http://www.unikey.com/ImagemCidadania/ visando inserir jovens carentes no mercado de trabalho, um dos objetivos do Instituto. Que, em parceria com o Programa Comunidade Solidária e o Centro Universitário da Cidade, criou o projeto Cidade Solidária, visando capacitar jovens das classes menos favorecidas para desenvolver gratuitamente sítios na Internet para organizações não governamentais associadas, que contribuem com um pequeno montante mensal. Dinheiro pouco, apenas para cobrir os custos, que as ONGs são pobres e o objetivo principal é treinar os jovens. O projeto, além de seu próprio sítio, já pôs no ar sete outros, inclusive a Casa do Artista Plástico Afro-Brasileiro, Instituto Sócio-Educacional Pró-Cidadania e Instituto Cultural Dom Pixote. Para visitá-los e conhecer o trabalho dos jovens, vá até a página do Mestre Júlio Botelho em www.unikey.com (assim mesmo, sem "br"), entre e desça até a base da tela. Lá encontrará os atalhos ("links").

No lançamento este vosso humilde criado participou de um debate com Júlio Botelho, que cedeu gratuitamente o espaço em seu sítio para hospedar as páginas do Rede Social, Marjorie Botelho, sua filha e Coordenadora Geral do Instituto de Imagem e Cidadania, Cláudia Amaral, representante da RITS (Rede de Informações para o Terceiro Setor, aquilo que se poderia chamar de "a ONG das ONGs"; visite-a em www.rits.org.br) e Jorge Márcio Pereira de Andrade, o entusiasmado e vibrante fundador e alma da DefNet, um abnegado e valente lutador em prol da inclusão das pessoas com deficiências na sociedade (visite a DefNet em www.defnet.org.br para conhecer um dos trabalhos mais bonitos e comoventes jamais desenvolvidos nessa área; e se quiser saber mais sobre ela e sobre o Jorge, recomendo a leitura da coluna Trilha Zero de 27/10/1997 intitulada "A Última do Ceguinho", disponível na seção Escritos/Trilha Zero/1997 de minha página pessoal).

Em suma, me vi cercado por um grupo de pessoas admiráveis, que dedicam um enorme esforço e grande parte de seu tempo para melhorar a vida dos outros sem esperar recompensa alguma além da saudável certeza de estar cumprindo seu dever para com seus semelhantes.

Nesta noite, dormi tranqüilo. E somente então pude entender a razão da existência de seres abomináveis como aquele lá de cima.

Há de ser para fazer contraste. Não vejo outra explicação...

B. Piropo