Sítio do Piropo

B. Piropo

Jornal o Estado de Minas:
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14/03/2013

< Descobrindo o Evernote >


Antigamente, quando os telefones celulares eram estúpidos e nada faziam além de falar, eu tinha um que falava e andava acompanhado de uma agenda de bolso – eletrônica, é claro, na época conhecida pela pomposa denominação de Assistente Pessoal Digital ("Personal Digital Assistant", ou PDA) – que armazenava a lista de endereços e telefones dos amigos e fazia mais umas tantas gracinhas, como guardar anotações rápidas e coisas que tais. Nada de muito extraordinário, é verdade, pois a agendinha não tinha acesso à Internet nem filmava ou fotografava. Mas o que fazia dava para o gasto. Sobretudo a função relativa às anotações.

Depois vieram os telefones espertos que fazem de tudo, filmam, fotografam, têm acesso à Internet via conexão 3G ou WiFi, comunicam-se uns com os outros via Bluetooth, possuem GPS interno que guiam o incauto freguês com uma aliciante voz feminina pelos trajetos mais incríveis – certa feita um deles me levou a uma inesquecível excursão pelo interior de uma favela, mais carregada de emoção que qualquer filme de suspense – e o diabo a quatro. Até falam. Têm aplicativos para tudo. Mas não são muito bons – ou talvez fossem e eu não tenha sabido procurar – no quesito "anotações", onde minha saudosa agendinha era inexcedível.

Não é que eles não dispusessem de programas para isto. Dispõem, e aos montes. Mas eu não encontrava nenhum que me satisfizesse inteiramente. Tanto que de volta e meia "baixava" um deles, experimentava, mas jamais encontrei um que me satisfizesse inteiramente.

Nestas tentativas, instalei em meu telefone Android um que me foi bem recomendado: o Evernote. Como era gratuito, literalmente nada custava baixar. Comecei a explorá-lo, achei meio complicado e como na ocasião não dispunha de tempo para aprender a usá-lo, deixei-o de lado. Mas não o removi do telefone na esperança que um dia arrumasse tempo para ele.

Esse dia chegou. Em alguns meses aproveitarei minhas férias para uma viagem ao exterior e esta é o tipo de ocasião em que se precisa de um bom programa de anotações. Resolvi então separar algum tempo para dedicar atenção ao Evernote. E fiquei literalmente encantado.

Para começar, o Evernote não é um desses programas independentes, que se instala em um dispositivo e temos conversado. Muito pelo contrário: você pode instalá-lo – sempre gratuitamente – em todos os seus dispositivos, fixos ou móveis, independente do fabricante e do sistema operacional. Há versões para Windows e Mac OS, para Android, iOS, Windows Phone e Blackberry, além de "plug-ins" para Safari, Chrome e Firefox (o do IE é instalado automaticamente quando se instala o Evernote em Windows). O que em si mesmo já é uma maravilha. Mas não é tudo. Quando você instala o Evernote no primeiro dispositivo, é solicitado a criar uma conta que imediatamente se aboleta "na nuvem" – ou seja, uma cópia de todo o conteúdo é espelhada nos servidores da Evernote (a versão gratuita apresenta algumas limitações sobre a quantidade de dados que podem ser armazenados, mas nada que dificulte ou impeça o uso). Isto feito, na medida em que você instala o produto nos demais dispositivos, basta entrar com os dados da conta que o conteúdo é baixado e neles transcrito – desde que, é claro, possam se comunicar com a Internet. E, de tempos em tempos, tudo isto é sincronizado. Use o Evernote para fazer uma anotação no seu telefone Blackberry em Bunda (não inventei, fica na Tanzânia, próxima ao lago Victória) e minutos depois ela aparece em sua cópia do Evernote no PC do escritório que roda Windows em SP, no MacBook que ficou em casa no Rio e no tablete Android que ficou no hotel (andar com um tablete em Bunda não é seguro, melhor deixá-lo no hotel com o passaporte). E se um dia você precisar rever esta nota e não tiver acesso a qualquer um destes dispositivos, pode simplesmente entrar em uma "lan house", acessar o sítio da Evernote, fornecer ID e senha e consultar a cópia da nuvem.

Mas de que, afinal, este Evernote é capaz, que tanto me encantou? Semana que vem veremos.

Figura 1



B. Piropo