Quando comecei a usar computadores, há algumas décadas, armazenava-se dados em discos magnéticos flexíveis de 5"1/4 contidos em um invólucro de plástico mole. Na época nos preocupávamos com sua duração. Isto porque, sendo a superfície magnética onde eram gravados os dados formada por microscópicas partículas magnetizadas, temia-se que ao longo dos anos a própria atração exercida por umas sobre as outras pudesse corromper os dados. Infelizmente jamais foi possível dirimir esta dúvida com certeza absoluta. Pois, apesar de eu mesmo ainda ter algumas dezenas destes discos com dados gravados, não tenho meios de saber se eles ainda se mantêm intactos depois de duas décadas e meia simplesmente porque não há como lê-los: hoje em dia não se consegue um computador com acionador ("drive") de discos de 5"1/4 nem com reza braba. Ou seja: o formato dos discos se tornou obsoleto muito antes que os dados se perdessem. E o mesmo ocorreu com os disquetes de 3,5".
Agora a dúvida paira sobre os discos óticos. Sabe-se que não preservarão seus dados para sempre, mas por quanto tempo o farão ninguém sabe. Mas eu, que acompanho a evolução da tecnologia há algumas décadas, desconfio que com eles ocorrerá o mesmo que ocorreu com os disquetes magnéticos: muito antes de perderem seus dados serão devorados pela obsolescência, ou seja, será inventado um meio melhor, mais compacto, mais portátil e de maior capacidade para gravar dados e os acionadores de discos óticos desaparecerão dos computadores do futuro mesmo com os dados ainda em perfeito estado nos velhos discos.
Mas nem por isto o assunto deixa de ser importante. Pois, mesmo não sabendo como fazer com que os dados gravados em CDs e DVDs durem mais, sabemos como fazê-los durar menos. Vejamos então as formas de reduzir sua vida útil para que possamos evitá-las.
Para começar, há discos e discos. Os gravados industrialmente, como os adquiridos nas lojas com músicas e filmes, são muito mais resistentes. Isto ocorre porque os dados são neles gravados por uma prensa que comprime um molde sobre a superfície refletora, causando pequenas mossas que desviam o feixe incidente de raios laser. Esta superfície é então recoberta por uma camada transparente protetora. Este tipo de disco é pouco afetado pelo tempo e pelas intempéries e o único cuidado que devemos tomar para garantir a preservação dos dados neles gravados é evitar riscar a superfície do revestimento protetor transparente.
Já os discos graváveis (CD ou DVD R) e regraváveis (CD e DVD RW) são mais delicados. Sua superfície refletora consiste de uma fina camada de material sensível a altas temperaturas e radiação. Os dados são gravados aplicando um feixe de radiação laser de alta intensidade que, literalmente, "queima" alguns pontos da superfície, o que desviará o raio refletido por ocasião da reprodução. Dada a natureza mais delicada da camada onde os dados são gravados, eles podem ser corrompidos por deformação desta camada, por exposição à luz intensa (deixando a superfície gravada de um disco exposta ao sol, por exemplo) e variações de temperatura.
A "vida útil" destes discos depende da qualidade da camada sensível, mas tanto quanto eu saiba, ainda não foi determinada. Então, convém tomar cuidados para que não seja encurtada. Discos expostos ao sol, luz e poeira duram menos. Discos empilhados também. E, evidentemente, objetos pesados colocados sobre eles podem deformar a camada sensível e deitar os dados a perder. A forma mais elementar de proteger discos óticos é guarda-los no interior de envelopes plásticos ou, preferivelmente, de papel fosco. Que protege conta a luz e contra arranhões, mas não contra deformações. Mas se você tem discos óticos graváveis ou regraváveis com dados que deseja preservar por longo tempo, guarde-os nestas embalagens plásticas duras, opacas ou com rótulos internos que protegem da luz. E não os empilhe: mantenha as embalagens em pé, uma ao lado da outra. E, naturalmente, evite riscá-los.