Sítio do Piropo

B. Piropo

Jornal o Estado de Minas:
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03/11/2011

< Windows XP: dez anos de liderança >


Acabo de dar uma olhada nos sítios de estatísticas de uso de sistemas operacionais e todas indicam que os dois primeiros lugares são ocupados por duas diferentes versões de Windows, o Windows 7 e o XP, ambos conquistando uma parcela próxima dos 40% do mercado. Dados do (< http://www.w3schools.com/browsers/browsers_os.asp >) W3Schools indicam que Windows 7 está instalado em 42% das máquinas de seus visitantes enquanto o XP se aboleta em 36% delas (números de setembro deste ano), o que talvez reflita o perfil dos visitantes, cuja maioria é ligada ao desenvolvimento de sítios para a Internet e por dever de ofício devem usar o sistema mais atual. Já a (< http://en.wikipedia.org/wiki/Os_statistics >) página de estatísticas da Wikipedia (dados de agosto deste ano), computando a média de oito fontes, conclui que o primeiro lugar é ocupado por Windows XP, com 35% de usuários contra apenas 32% de Windows 7. Uma batalha equilibrada que nada teria de extraordinário não fora o fato de que, em um campo onde a maior parte do software e hardware atinge a obsolescência em um período da ordem de três anos, o primeiro lugar na batalha dos sistemas operacionais está sendo acirradamente disputado por uma velharia que este mês completa uma década.
Pois, para quem não lembra, o Windows XP foi liberado em outubro de 2001. Há dez anos, um tempo em que telefones celulares existiam, mas se limitavam a falar – caso se conseguisse sinal. Quando só se falava em tabletes na indústria de chocolates e que poucos sabiam o que era “WiFi”, um meio um tanto misterioso de comunicação sem fio que começava a aparecer. E quando o padrão USB mal tinha comemorado cinco anos. Em suma: na idade do byte lascado.
É verdade que ele veio para substituir o malfadado Windows Me, talvez o pior SO da MS (se bem que os fósseis como eu que ainda lembram do DOS 4.x possam levantar alguma dúvida quanto a isto). Em um tempo em que o Windows 98, um sistema que ainda se apoiava no DOS para ser carregado, já atingira a obsolescência e o Windows 2000, embora estável e eficiente, era demasiadamente corporativo, com sua sisuda interface, justamente a razão que motivou o lançamento apressado do Me, o paradigma de SO “bonitinho mas ordinário”. Assim, levando tudo isto em conta, não há que estranhar o sucesso do XP. Todos ansiavam por um novo SO, mais amigável, porém estável e funcional. Mas como explicar este sucesso dez anos depois?
Uma justificativa válida pode ser o suporte da MS, com atualizações regulares que permitiam ao SO receber os novos padrões de hardware, como o USB 3, Bluetooth, discos SATA e coisas que tais. Um formidável conjunto de acréscimos três vezes reunidos em “pacotes de serviço”. Tanto assim que a comparação do Windows XP original com o Windows XP com SP3 pode até levar o analista a pensar que são dois sistemas operacionais diferentes. Mas isto não basta. Mesmo porque o terceiro SP é de abril de 2008 e a MS garante que foi o derradeiro. E três anos, como antes mencionado, em termos de evolução de SOs é uma eternidade.
Portanto é preciso apelar para outra razão para justificar a longevidade do XP. E a razão é simples: o Windows XP é bom. Mais que isto: é ótimo. Desenvolvido a partir do núcleo extraordinariamente estável do Windows NT (depois 2000) e embelezado com todas as gracinhas que deleitam os usuários, como uma interface mais bonita e amigável e todos os acessórios que faltavam ao sisudo 2000 para “tocar música”, “passar filmes” e coisas que tais, ele veio preencher os anseios de todos os que esperavam por um bom SO.
Daqui para frente será difícil continuar a usá-lo. A evolução do hardware nestes dez anos e, sobretudo, a intransponível (porque inerente ao sistema) limitação de acesso a mais de 3,25 GB de memória RAM para o usuário, assim como a existência do Windows 7, um SO também de excelente qualidade para fazer frente a ele, fará com que o número de usuários do XP continue caindo. Mas, fique certo disto, teremos gente usando o bom e velho XP ainda por alguns anos. Uma longevidade nunca vista em uma única versão de SO. E mais que merecida.

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B. Piropo