Ano passado comprei um “telefone esperto” (a melhor tradução que consegui para “smartphone”). Quer dizer: supostamente esperto, já que se tratava de um Motorola Milestone, uma peça de hardware cujas linhas exibiam a elegância de um tijolo e cuja funcionalidade não ficava longe disto. Em pouco tempo descobri que ele estava mais para telefone estúpido que para esperto e estive a ponto de me desfazer dele. Não o fiz porque usava um sistema operacional que compensava suas deficiências, o Android da Google. Decidi então mantê-lo e, enquanto me familiarizava com o uso do sistema, procurar um aparelho que o usasse e estivesse à sua altura. Acabei por encontrar não apenas um telefone efetivamente esperto, mas um equipado com a mais recente versão do sistema operacional Android para celulares, a versão 2.3, codinome “Gingerbread”. Trata-se do Samsung Nexus S, uma pequena joia, o celular desenvolvido a quatro mãos pela Samsung e pela Google, a criadora do Android. Talvez um dia venha a falar sobre ele aqui (e quem quiser saber mais sobre o que achei dele pode consultar a seção Escritos do Sítio do Piropo em < www.bpiropo.com.br > onde encontrará duas resenhas sobre o Nexus S). Mas o assunto de hoje é o Android.
Há alguns anos um telefone celular não passava de um dispositivo móvel cuja finalidade era se comunicar por transmissão de voz (eram, de fato, rádios portáteis) que conseguia completar e sustentar uma ligação em, veja só, mais da metade das tentativas. Era a primeira geração, que se chamaria 1G caso soubesse disto. Depois, a cobertura ampliou-se, veio a segunda geração já então batizada de 2G, com transmissão digital de sinal que podia transportar tanto voz quanto dados, e a coisa tornou-se realmente útil. Finalmente entramos na terceira geração, a era dos telefones 3G (na verdade, estamos nos umbrais da 4G), que fazem isto e muito mais com transmissão em alta taxa (“banda larga”). E os celulares deixaram de ser apenas telefones e passaram a ser computadores que fazem (quase) tudo que seus irmãos maiores fazem além de transmitir voz pela rede telefônica comum. E computadores usam um sistema operacional.
Alguns fabricantes adotam seu próprio. Assim foi a Nokia com o Symbian, a Apple com o iOS e a Research In Motion, dos Blackberries, com seu RIM. E há os desenvolvidos por empresas que os licenciam para terceiros: o Windows Phone, da MS, que a Nokia decidiu adotar em substituição a seu Symbian, e o Android, da Google, adotado por dezenas de fabricantes.
E quem usa o que? Bem, segundo a respeitabilíssima empresa Gartner, dedicada a pesquisar e analisar o mercado, 2010 terminou com 37% dos celulares em todo o mundo usando o Symbian, 22% usando o Android, seguidos pelos RIM e iOS quase empatados em 16% e o Windows 7 na rabada, com menos de 5%. Mas esta não é a parte interessante.
Interessante mesmo são as previsões da Gartner para os próximos anos. Segundo ela, no final de 2011 as duas primeiras posições se inverterão. Na verdade já se inverteram, com o Android superando o Symbian por pequena margem, mas no final do ano a diferença será bem maior: quase 40% para o Android, menos de 20% para o Symbian. E o que ocorrerá depois? Segundo a Gartner em 2015 o Android deverá deter metade do mercado e o Symbian praticamente desaparecerá, substituído pelo Windows Mobile da MS que deterá cerca de 20%, a mesma porcentagem do iOS, com o RIM ficando com os restantes 10% (a pesquisa, que contém outros dados interessantíssimos, está em < http://www.gartner.com/it/page.jsp?id=1622614 >).
Que conclusão tiramos disto? Bem, a mim parece óbvio que o Android será o sistema operacional para dispositivos móveis do futuro. E, segundo consta, no futuro praticamente tudo o que computa será móvel. Eu já estou me preparando: além do Nexus S, comprei um misto de tablete e “netbook” que também usa Android (o ASUS Transformer). Portanto, não se espantem quando começarem a encontrar por aqui dicas sobre o uso do Android.
B.
Piropo