Há alguns anos, muitos anos, quando a Internet ainda estava em seus albores, tudo era novo e ideias pululavam em pleno “boom” da Internet (a quem estranhou o uso do termo em inglês em um texto meu, que sabidamente tenho horror a anglicismos: neste caso particular costumo abrir uma exceção porque acho o cacófato irresistível), um jovem e entusiasmado amigo acenou com uma ideia que, segundo ele, teria um apelo extraordinário: uma “rádio Internet” voltada para as comunidades carentes com o objetivo de fornecer informações úteis e prestar serviços públicos que tornassem mais amena a vida dos membros de tais comunidades. Isso, no tempo em que computadores eram raros, as conexões mais rápidas andavam pela casa dos 56 Kbps via linha telefônica comum e, exceto os mais bem informados como eu, colunista de tecnologia, e ele, estudante de informática, poucos sabiam o que era Internet.
O que achava eu da ideia? perguntou ele após explicá-la em detalhes.
Bem, respondi eu, exceto pelo fato de que para ouvir sua rádio, em vez de comprar um radinho de pilha por “deizrreal” no camelô da esquina, o morador da comunidade carente terá que investir uma grana preta em um computador multimídia (ou seja, um que fosse capaz de “tocar música”, já que na época nem todos se davam a este luxo) e ligá-lo a um telefone (que não eram comuns nas comunidades carentes) pagando uma grana mais preta ainda pelo minuto de conexão (que naqueles dias era cobrada como uma ligação telefônica comum neste país que – mais uma vez a Europa se curva ante o Brasil – está próximo da liderança no quesito “tarifas telefônicas mais altas”), acho ótima.
Nunca mais ouvi falar do rapaz nem da sua ideia.
A tecnologia evoluiu, hoje qualquer computador moderno “toca música” e exibe filmes, a Internet popularizou-se e disseminou-se a transmissão em alta taxa (que também atende pelo detestável nome de “banda larga”, que sempre me faz pensar no cacófato lá de cima) que, pelo mesmo preço, oferece uma conexão permanente. Apareceu então a “rádio Internet”.
Eu não sei como anda sua popularidade nas comunidades carentes, mas sei que, graças à rádio Internet, de qualquer ponto do planeta se pode ouvir rádios FM, cujo alcance é sabidamente limitado, estejam elas onde estiverem, desde que ofereçam também seu sinal via Internet.
E neste ponto talvez alguém esteja pensando: “sim, mas é preciso ter um programa capaz de reproduzir a transmissão”.
É verdade. Mas, embora a maioria talvez não saiba, todo usuário Windows que se mantém atualizado dispõe de um programa deste tipo: o Windows Media Player (a partir da versão 11).
Em Windows 7, se você não o removeu, encontrará o ícone do Windows Media Player na Barra de Tarefas. Se não, o encontrará no “Menu Iniciar >> Todos os programas”, como nas demais versões. Abra o programa, clique no menu Exibir (veja figura; mas leve em conta que na ilustração eu desloquei o menu bastante para a direita, como indica a seta 1, para facilitar a explicação) e acione a opção “Media Guide” da entrada “Lojas Online” (2; e se aparecer uma tela avisando que a página solicitada não mais existe, não ligue e clique no atalho que surge na janela). Aparecerá o “Windows Media Guide / Rádio da Internet” com uma longa lista de estações de rádio. A primeira coisa a fazer é escolher a “Velocidade do fluxo” (3): se sua conexão for rápida, escolha “Alto”. Depois, escolha o país no menu de cortina (4). Em seguida selecione o gênero preferido (5; tem de tudo um pouco) e, finalmente, na lista de estações, clique em “Ouvir” para ouvi-la ou em “Visitar” para visitar sua página na rede (6). E divirta-se. No momento digito estas mal traçadas embalado pela voz da Rita Lee. Quer coisa melhor?
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Figura 1 - Clique para ampliar |
B.
Piropo