Nesta data, pesarosos, cumprimos o doloroso dever de comunicar – de novo – o passamento do Windows XP, o mais bem sucedido sistema operacional da história dos micros pessoais.
Como sabem vocês, não é a primeira vez que o fazemos. Porque não é a primeira vez que sua morte é anunciada. Há pouco mais de dois anos, precisamente em 30/06/2008, a MS informava que não mais venderia o produto. E, de fato, assim foi. Mas se referia às vendas avulsas. Porque, instalado em um computador novo, o XP ainda poderia ser comprado.
Agora, não mais. A partir de 22 de outubro passado também esta venda cessou.
A morte não foi natural, muito pelo contrário. Na verdade, o defunto gozava de excelente saúde quando a MS o obrigou a passar desta para melhor: as estatísticas mais pessimistas (as do W3Schools, em < www.w3schools.com/ >) indicam que ele detém, hoje, 49% do mercado, enquanto as otimistas (Netmarketshare, em < http://netmarketshare.com/ >) davam conta que abocanha quase 60%. Ou seja: morre o sistema operacional dominante do mercado.
Ele foi lançado oficialmente em 21 de outubro de 2001. E morre, também oficialmente, com exatos nove anos e um dia de vida, ainda instalado em mais da metade dos computadores em uso. Nunca houve na história dos computadores pessoais um sistema tão bem sucedido.
Mas seus primeiros dias foram duros. Foi tão rejeitado pelo mercado sob a alegação que era lento e pouco estável que a MS teve que maquilar seu Windows 2000, inegavelmente estável por ter sido desenvolvido para corporações, enfeitá-lo com alguns badulaques tipo joguinhos e tocadores de música e vídeo (“media player”) para torná-lo mais palatável ao mercado doméstico e lançá-lo às pressas, porque o Windows Me, que o XP era destinado a substituir, foi um fiasco tão dantesco que não havia como empurrá-lo goela abaixo dos usuários.
Lento, o XP nunca foi. A acusação, feita à todo sistema operacional recém-lançado, é natural consequência do fato de serem desenvolvidos para o hardware “topo de linha” na época do lançamento e por isto parecerem lentos nas máquinas menos novas. Mas o tempo – e, dada a rapidez da evolução do hardware, bastam poucos meses – se encarrega de provar que lentas são as máquinas, não o sistema. Já da acusação de pouca estabilidade, foi absolvido pelo lançamento do primeiro “pacote de serviços”, o SP1, menos de um ano depois de nascido. A partir de então começou a ser aceito pelos usuários, primeiro lentamente, depois com avidez.
Avidez tamanha que agora, com quase dez anos de vida (um assombro para uma versão de sistema operacional) e de ter sido sucedido por duas novas versões de Windows, o rejeitado Vista e o bem aceito Win7, os usuários do XP mostram admirável relutância em deixá-lo.
Mas a MS decidiu que já é tempo de acabar com ele. Pois enquanto seu sucessor era o mal falado e mal sucedido Windows Vista, injustamente sacrificado pelo mercado exatamente por haver implementado as funções de segurança pelas quais o próprio mercado clamava em altos brados e que, quando enfim as recebeu, refugou alegando que davam muito trabalho e causavam demasiado incômodo, a MS “aguentou a barra” e manteve o XP no mercado.
Mas agora, com o Windows 7 na liça há um ano, recebendo avaliações entusiásticas de especialistas e do público em geral e mostrando – de acordo com as mesmas estatísticas do Netmarketshare – ser a única versão de sistema operacional cuja adoção vem crescendo regularmente nos últimos doze meses, a MS convenceu-se que o XP, finalmente, tem um sucessor à altura. E decidiu que estava na hora de acabar de vez com suas vendas.
E sua morte foi (re)anunciada no dia 22 de outubro de 2010, exatamente no primeiro aniversário do lançamento do Windows 7 para o mercado doméstico.
Isto deve significar alguma coisa.
O que, não sei...
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B.
Piropo