Durante séculos a escrita egípcia foi um impenetrável mistério só resolvido graças à conjunção de dois fatores extraordinários. O primeiro foi a descoberta da Pedra de Rosetta, um bloco de granito hoje exposto no Museu Britânico, onde foram entalhados dois exemplares de um mesmo texto, um deles grafado nos caracteres do grego clássico, outro nos hieróglifos do egípcio demótico. O segundo fato foi a extraordinária aptidão para idiomas do linguista e egiptólogo francês Jean-François Champollion, versado em mais de uma dúzia de idiomas, alguns extintos como o aramaico, sânscrito e caldeu que, comparando os dois textos e aplicando seu genial conhecimento, em 1822 decifrou a Pedra de Rosetta, o que permitiu desvendar séculos da história egípcia. Uma façanha indubitavelmente memorável.
Pois pergunto a mim mesmo: “Mim mesmo, o que teria feito Champollion se, em vez de granito sólido, a Pedra de Rosetta tivesse sido digitalizada no formato do editor O26?”
Não conhece? Nem eu conhecia. Descobri que o O26, desenvolvido em 1967 para o CDC 6000, é considerado o pioneiro dos editores de texto “de tela cheia”. Se um arquivo naquele formato fosse entregue a Champollion, será que ele o decifraria? E se daqui a, digamos, cem anos, alguém fizer a maldade de entregar a um linguista um arquivo no formato usado pelo Carta Certa ou Fácil (muito populares no Brasil há cerca de quinze anos) ou pelo WordStar, com seus dolorosos acentos na base do “Control-p-H”, ele será capaz de decifrá-lo?
Não sei. E, como considero altamente improvável que ainda esteja vivo até lá, nem quero saber. Mas que vocês, das gerações de meu filho e meus netos, devem se preocupar com isso, não tenho dúvida. Se eu mesmo, pobre desconhecido, guardo em meu disco rígido os arquivos de minhas primeiras colunas sobre informática, velhos de duas décadas, em formatos exóticos, o que dizer de editoras, universidades e centros de produção cultural? Quanta informação digna de ser preservada para a posteridade (naturalmente não me refiro a minhas colunas mas a textos porventura ainda inéditos de gênios como João Ubaldo Ribeiro, para citar apenas um escritor de primeira grandeza que garantidamente usa apenas o computador como instrumento de trabalho), haverá espalhada por aí em formatos que hoje em dia são de difícil recuperação e que, dentro de alguns anos, quem sabe, estará perdida para sempre?
Dito isto, passemos a preocupações menos esotéricas e de caráter bem mais prático: tendo em vista a ainda grande diversidade de formatos existentes, como fazer para intercambiar textos? Por exemplo: eu mesmo gosto de me manter tão atualizado quanto possível no que toca à versão de meu processador de textos. E não se trata do mero desejo de “estar na moda” ou “usar a última palavra em tecnologia” mas de me aproveitar das novas funcionalidades que cada versão agrega. Atualmente uso o Word 2010 que gera arquivos no formato “Docx” (“Open XML”, um formato aberto “pero no mucho” desenvolvido pela MS), afortunadamente o mesmo da versão anterior, o Word 2007, mas diferente do formato “Doc” usado pelo Word 97/2003. E também diferente do formato “Odt” (“Open Document”) usado pelo Open Office. Além destes há ainda os arquivos “Rtf” (“Rich Text Format”), um formato comum a diversos editores. Estes (Docx, Doc, Odt e Rtf), além do “Txt” ou “Text” (texto puro, sem formatação), são os formatos mais prováveis de serem encontrados atualmente.
Então pergunto: se você receber um documento em um destes formatos e se por acaso seu editor de textos rejeitá-lo, qual a forma mais simples – e barata – de abri-lo e, eventualmente, gravá-lo no formato aceito pelo seu editor para eventual edição?
Bem, se você usa Windows 7 é simples: lembre-se do esquecido WordPad. È gratuito (vem com o sistema operacional) e traz algumas novidades interessantes. Inclusive a possibilidade de abrir, editar e gravar arquivos em todos os formatos citados no parágrafo anterior.
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Figura 1 - Clique para ampliar |
B.
Piropo