Como sabem os que perdem seu tempo lendo habitualmente estas mal traçadas, gosto de defender nosso pobre idioma, última flor do Lácio inculta e bela que tem sido tão maltratada ultimamente. Não somente evito tanto quanto possível termos estrangeiros (por que “printar” se podemos imprimir?) como tenho profunda aversão pela tendência moderna de criar verbos a partir de substantivos, macaqueando os angloparlantes. Mas hoje vou abrir uma exceção em favor da clareza e, para deixar patente que o que está em discussão não é o conceito de “valor” mas o de “custo”, vou recorrer a um deles, inventado pelos economistas: “precificar”.
Porventura já lhe ocorreu precificar seus arquivos?
Elucidando: se um belo dia, por um desses acasos que ocorrem na vida dos informatas, você tentar acesso a um de seus arquivos e descobrir que não apenas ele, mas todos os demais que com ele estavam armazenados no seu disco rígido foram-se para sempre devido a uma falha mecânica do disco ou algo parecido, quanto estaria disposto a pagar para recuperá-los?
Repare que a questão é puramente monetária. Nem vou me dar ao trabalho de citar aquelas primeiras fotos do filho recém nascido cujo valor (perceba a diferença entre preço e valor) é inestimável. Ou dos documentos com informações que não estão disponíveis em nenhum outro lugar. Das planilhas com relações de despesas, dos arquivos de musica, dos vídeos de aniversário, de centenas ou milhares de mensagens de correio eletrônico com informações importantes, nada disso. Não vamos pensar em valor. Pensemos em preço. Paga quanto?
Discuta um pouco consigo mesmo, pechinche, argumente, sopese prós e contras e chegue, afinal, a um preço. Guarde-o para você, não quero invadir sua privacidade. Precificou?
Ótimo. Agora vamos lá: visite um desses sítios de busca que comparam preços de produtos e faça uma pesquisa de preços de “HD externo”. Os preços, naturalmente, variam com a capacidade do disco. E se o destino for armazenar cópias de segurança de seus dados, ele deverá ter capacidade maior que o espaço usado em seus discos rígidos mais uma previsão para o inevitável acúmulo de novos arquivos (não sabe? Fácil: Windows Explorer >> Computador (ou Meu Computador, dependendo da versão de Windows) >> um clique com o botão direito do mause sobre o ícone de cada disco >> Propriedades >> Guia “Geral”). E deve ser pelo menos o dobro disso para quem pretende guardar duas cópias, a última e a penúltima (o que não deixa de ser uma providência sensata, porque a dor de descobrir que a cópia de segurança está corrompida justamente quando se precisa dela para restaurar um disco perdido deve ser muito mais lancinante do que a que se sentiu ao descobrir que o disco se perdeu). Verifique quanto custa o disco que você precisa. Encontrei discos de 500 GB, de marca conceituada, por cerca de R$ 250 e pelo menos um de 1,5 TB por menos de R$ 500. Nenhum deles depende de instalação: basta conectar a uma porta USB (de preferência 2,0) e ligar sua fonte de alimentação a uma tomada e ele estará pronto para receber arquivos.
Agora compare os preços. Se aquele que você atribuiu a seus arquivos for maior que o do disco rígido externo, corra e compre um. Depois consiga um programa de gerenciamento de cópias de segurança. Há diversos, alguns gratuitos, um deles (GFI Backup Home Edition; nunca usei mas recebi boas referências) em < http://www.gfi.com/backup-hm >. Baixe e instale.
Pronto. Agora, a cada final de semana, conecte o drive externo e faça uma cópia de segurança completa. Se você achou interessante a idéia de guardar as duas últimas, divida o HD externo em duas partições e grave nelas alternadamente, fazendo com que a nova cópia sobrescreva a penúltima. Terminou? Desconecte o drive e guarde-o longe do computador. E espere. Um dia você vai usá-lo. Não é questão de talvez, é certeza. Pode demorar, mas você precisará (não é praga, é probabilidade aplicada). E, quando isto ocorrer, dirija a este vosso criado um silente preito de agradecimento. E, desde já: de nada, é um prazer ajudar. Estamos aqui para isto...
B.
Piropo