Sítio do Piropo

B. Piropo

Jornal o Estado de Minas:
< Coluna Técnicas & Truques >
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11/02/2010

< Você sabe o que é o Jarte? >


Recebi recentemente um curioso pedido de ajuda. Um leitor, usuário de Windows, pergunta como baixar um aplicativo Word. Dizia que tinha "o Jarte instalado", mas que faltavam alguns "aplicativos do Word, tais como formatação de parágrafos, tabuladores etc.". O que, afinal, ele desejava? E, sobretudo, o que seria esse tal de Jarte? Investiguei e tive uma das mais agradáveis surpresas com que já fui brindado no campo da informática. E olhe que não foram poucas.
O leitor, um usuário iniciante, chamava de "aplicativos Word" os recursos ou funcionalidades do editor de textos MSWord, do pacote Office. Deduzi que ele havia instalado um certo Jarte em sua máquina e buscava nele, em vão, os mesmos recursos que sabia existirem no Word.
A resposta, que iria para o "Pergunte ao Piropo", explicaria que as coisas não funcionam assim, que cada programa – mesmo os correlatos, como editores de textos – tem suas próprias funcionalidades e, fora alguns recursos básicos de formatação e coisa e tal, não se espera encontrar os recursos de um aplicativo em outro. E que há programas mais sofisticados do que outros, onde os recursos são mais abundantes – e, em contrapartida, são mais caros.
Mas e o Jarte, do que se tratava? Resolvi investigar. E o que seria uma simples resposta virou coluna. Porque o Jarte é, efetivamente, uma grande sacada. E o que é melhor: é de graça.
Primeiro, vamos ver como funciona um editor de textos. Por baixo de tudo, ou seja, nas entranhas da máquina, há um conjunto de rotinas cuja função é receber os dados, interpretar cada acionamento de tecla, decodificar caracteres e elementos de controle, montar palavras, distribuí-las em linhas e parágrafos, enfim: executar o trabalho braçal. Esse conjunto chama-se "mecanismo de processamento de texto" (word processing engine) e é a base do aplicativo. Do outro lado, por cima de tudo, junto ao usuário, há a chamada interface, um conjunto de rotinas pelo qual se interage com o programa. E entre ambas há um terceiro conjunto de rotinas que implementa as firulas e gracinhas que o programa pode executar, como índices analíticos, correção gramatical e coisas que tais, responsáveis por suas funcionalidades.
O que o usuário vê é a interface, a cara do programa. Se ela é ruim, por melhor que seja o mecanismo de processamento de texto, o programa deixa uma impressão péssima (quem se lembra do malfadado "Carta Certa", em boa hora falecido, há de entender o que digo). Mas de nada adiante ter uma interface primorosa se o mecanismo de processamento de texto é ruim.
É aí que entra a grande sacada do Jarte. Toda cópia de Windows vem com um excelente mecanismo de processamento de texto, pronto e testado, porém com interface franciscana e pobre de funcionalidades: o do programa WordPad. Que, tanto quanto eu saiba, ninguém ou quase ninguém usa. Por que disperdiçá-lo? Afinal, querendo ou não, ele vem com Windows...
Pois bem: o Jarte é um editor de textos simples, gratuito (existe uma versão Pro, paga, porém com um preço mais que acessível, da ordem de US$ 20 mil, que implementa algumas funcionalidades adicionais), que usa o mecanismo de processamento de texto do WordPad como base de uma interface primorosa, criativa, cheia de novidades (por exemplo: o programa trabalha com guias, ou abas, que permitem manter abertos e editar diversos arquivos simultaneamente) e funções mais que suficientes para o uso diário.
Não as descrevo não só por falta de espaço, como também por não querer privá-lo do prazer de descobri-las. Pois o programa, além de ser de graça (baixe-o em http://www.jarte.com na forma de arquivo zip), dispensa instalação. Basta descomprimir os arquivos em uma pasta (que pode ser em um pen drive, por exemplo; mais tarde, se não quiser mantê-lo, é só remover a pasta), abrir o arquivo executável Jarte.Exe e deleitar-se fuçando a interface. Que, lamentavelmente, não existe em português. Assim como o corretor ortográfico, mas que, segundo o arquivo de ajuda, pode ser instalado a partir de arquivos de terceiros. Mas, ainda assim, havia tempos eu não sentia tanto prazer em explorar um programa...

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B. Piropo