Só dá o devido valor a um monitor colorido quem, como eu, usou computador nos tempos pioneiros do monitor monocromático tipo “fósforo verde”. Naqueles tempos, um monitor capaz de exibir cores na tela era algo tão formidável que, embora já se tenham passado mais de vinte anos, ainda lembro-me da primeira vez que vi um deles em uso em uma agência de viagem nos EUA. E o que mais me impressionou foi a naturalidade com que a jovem que me atendeu trabalhava com aquilo que, para mim (e qualquer outro brasileiro; afinal, vivíamos a época negra da mais que nefasta reserva de mercado da informática), era a oitava maravilha do mundo. E olhe que se tratava de um monitor EGA com uma resolução de 640x360 pixels – ridícula para os padrões atuais, porém formidável para a época. E, maravilha das maravilhas, exibia cores na tela! E podia mostrar até 256 delas, vejam vocês que formidável!
Hoje, trabalhamos com monitores cujas resoluções horizontal e vertical andam na casa dos milhares de pixels, exibem mais de dezesseis milhões de cores e achamos perfeitamente natural. Afinal, cores são cores, nada mais do que cores. Mas a verdade não é bem essa.
Quem sabe alguma vez você já tenha se sentido ligeiramente incomodado com a sensação de que o vermelho do monitor de seu vizinho parece um pouco mais vermelho que o do seu? Ou que as cores lá são mais harmônicas do que cá? Há um par de semanas fui obrigado a reparar nesses detalhes graças a um infausto acontecimento: um raio atingiu a rede elétrica do prédio onde mantenho um pequeno apartamento em uma cidade litorânea próxima do Rio (não, Angra não, felizmente) e “queimou” tudo o que estava conectado. Inclusive o computador e os monitores que uso quando me escondo por lá. Como tinha levado meu computador portátil, um valente “netbook”, consegui me manter “na ativa”. Mas tive que comprar um monitor, pois para quem se acostumou a usar sempre dois monitores, passar longos períodos encarando a pequena tela de dez polegadas do “netbook” era um martírio. Conectei-o ao micrinho e estendi a área de trabalho para os dois monitores. E então percebi claramente que há cores e cores, mesmo quando se trata da mesma cor. Pois bastava arrastar uma janela de um monitor para o outro para que a bela coloração vinho que eu usava como fundo da ilustração com a qual estava trabalhando se transformasse em uma tonalidade assim tipo “marrom excremento” bastante desagradável. E bastava arrastá-la de volta para que a bela tonalidade original fosse recuperada. Por que cargas d´água isso acontecia? Qual a razão da diferença?
A razão, meu amigo, é que os bons monitores oferecem dezenas de ajustes diferentes, como brilho, contraste, tonalidade, temperatura de cor e o diabo a quatro e todas elas afetam a qualidade da imagem e o aspecto das cores. Para que os ajustes se combinem de forma a exibir cores realistas (o que é particularmente importante para quem usa mais de um monitor ou para quem trabalha com programas gráficos cujos arquivos precisam ser impressos, onde a cor exibida na tela deve corresponder exatamente a que será impressa) os monitores precisam ser “calibrados”. Ou seja: a regulagem de seus ajustes deve ser feita com precisão.
Há programas comerciais que orientam o usuário para obter o melhor ajuste. Mas quem usa Windows 7 não precisa deles. Basta abrir o programa “Dccw.Exe” de WINDOWS\SYSTEM32 (ou digitar na caixa de pesquisas do menu Iniciar “dccw.exe”, iniciais de “Display Color Calibration for Windows”, ou Calibragem de Cores), Será solicitada a autorização do administrador. Entre com a senha e, depois, é só seguir as instruções da tela. Se você usa dois monitores, rode o programa em um deles, depois no outro. Com um ajuste bem feito as cores não somente ficarão iguais em ambos como seu aspecto será mais realista. Bom proveito.
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Figura 1 - Clique para ampliar |
B.
Piropo