Um ponto controverso nas discussões sobre a evolução tecnológica é sua conflituosa relação com a privacidade. É natural que todos queiramos manter privados nossos atos, pensamentos, atitudes e convicções e que só desejemos compartilhá-los com algumas pessoas nas quais depositamos confiança. Ou, em alguns casos, com nenhuma (há coisas que somente desejamos compartilhar com nossos botões e assim mesmo porque estamos na época do fecho ecler). Por outro lado, exceto os luddistas convictos, a humanidade anseia pelos progressos tecnológicos para facilitar nossas vidas. Por isso a difusão de certas tecnologias como a televisão, o telefone celular e a Internet foram tão bem recebidas.
O que nem todos percebem é que as duas coisas são incompatíveis: quanto maior o progresso tecnológico, maior a invasão de nossa privacidade. Basta tomar os mesmos exemplos citados. Que o telefone celular é invasivo presumo que ninguém duvide (é clássica a piada do japonês que atendeu o celular indagando com assombro: -“Mas Maria, como foi que tu me achastes cá neste motel?”). Quanto à televisão, basta lembrar como é fácil reconstituir os passos de qualquer pessoa em qualquer cidade simplesmente consultando os vídeos das onipresentes “câmaras de segurança” espalhadas pelos bancos, grandes lojas, locais públicos e mesmo portarias e fachadas de prédios particulares (somente para lhe fornecer um tema interessante para conversas de botequim e afins: já se deu conta do que ocorrerá com nossa privacidade quando todas estas câmaras estiverem conectadas em rede, armazenando os vídeos em um imenso dispositivo comum que poderá ser consultado a qualquer momento pelas “autoridades competentes”? Assustou-se? Pois, em nome da segurança, a tendência é essa...). E quanto à Internet, basta ver como são comuns as perguntas de leitores aflitos em busca de um meio de remover de seu programa navegador os rastros deixados nos sítios recentemente visitados.
Pois bem: pelo menos para este último problema as edições recentes dos programas navegadores mais populares oferecem solução. Pois tanto o Internet Explorer 8 quanto o Firefox 3.5 implementaram seus modos de navegação privativa, ou “in private”.
Navegar neste modo não deixa rastros. Tanto no IE8 quanto no Firefox 3.5, durante a navegação privativa, a relação de sítios visitados não é armazenada na lista do histórico, textos introduzidos em entradas de formulários e barras de entrada de dados são descartados, os conteúdos das páginas visitadas não serão armazenados no cache e coisas que tais. Em suma: tudo se passa como se a sessão de navegação não tivesse existido, impedindo que terceiros (ou terceiras, naturalmente) descubram por onde o Senhor (ou Senhora, naturalmente) andou durante suas incursões solitárias na calada da noite pelos desvãos da rede (para justificar esta função já li a alegação de que “assim sua cara metade não estragará a surpresa descobrindo o presente que você pesquisou na rede para lhe oferecer no aniversário de casamento”, o que denota um extremado cavalheirismo ou uma ingenuidade não menos extremada).
Isto posto, veremos semana que vem como ativar este modo. Agora, outro assunto.
(Brincadeirinha!!! Eu não faria uma maldade destas com meus leitores; aqui vai a explicação:).
Tanto no IE8 quanto no Firefox 3.5 basta acionar o atalho “Ctrl+Shift+P” (No IE8 também é possível fazê-lo acionando a entrada correspondente do menu “Segurança” e no Firefox 3.5, do menu “Ferramentas”). Ao fazê-lo, ambos os navegadores avisarão que entrarão no modo “In private” e solicitarão permissão para continuar. Se concedida, o IE8 abre uma nova janela e indica o novo modo tanto na barra título quando na de endereços; o Firefox apenas inclui um aviso na barra título (ver figura). Enquanto o modo “in private” não for encerrado, as novas abas abertas continuarão privadas. Para encerrá-lo: no IE8, basta fechar a janela. No Firefox: acione a entrada correspondente do menu “Ferramentas” ou saia do programa. Bom proveito.
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Figura 1 - Clique para ampliar |
B.
Piropo