Solicite a qualquer um que defina “tempo” e ele lhe dirá que “tempo é tempo, ora!” E se você achou a resposta simplória, talvez não se tenha dado conta da dificuldade da tarefa. Faça a mesma solicitação a um dicionarista e ele lhe fornecerá 17 acepções para o termo “tempo” (vide Houaiss), a maioria delas baseada na noção de “período”, que por sua vez, é definido como “qualquer espaço de tempo...”. Ou seja, uma definição recursiva que, do ponto de vista lógico, tem o mesmo rigor da oferecida por “qualquer um”: tempo é tempo, ora.
Pode-se encontrar uma definição mais acurada no sítio do “ntp.br”, página “O Tempo”, em < http://www.ntp.br/tempo.html > Mas mesmo ela começa com a frase “É difícil buscar uma definição precisa de tempo”. E termina com: “Consideremos para fins práticos, então, que tempo é o intervalo entre dois eventos, ou o momento indicado pelo relógio”. O que, afinal, também não é lá grande coisa porque define “tempo” através da noção de “intervalo”, que por sua vez depende da noção de “tempo”. Ao fim e ao cabo, talvez a melhor forma de se entender o conceito de “tempo” seja observando de seus efeitos, como o cavalheiro que, ao ver entrar no fino restaurante uma senhora já não tão jovem mas que outrora se destacara por sua deslumbrante beleza, murmurou entristecido: “o tempo, este canalha...”
Mas, canalha ou não, sem ele não se pode viver (frase que, àqueles que consideram a vida apenas uma longa espera pela passagem do tempo, parecerá redundante). Mas deixemos de filosofices que isto é uma coluna sobre informática. O que nos leva novamente ao “ntp.br”.
NTP é a sigla de “Network Time Protocol” ou protocolo de tempo para redes. Trata-se de um protocolo que permite a sincronização dos relógios dos diversos dispositivos de uma rede a partir de referências de tempo confiáveis. Se você considerar que a Internet é uma rede e que seu computador é um de seus dispositivos, perceberá que usando o NTP você poderá manter o relógio interno de sua máquina sempre “certo”.
O problema, evidentemente, está nas “referências de tempo confiáveis”. Pois é aí que entra o projeto “ntp.br”, um serviço mantido pelo núcleo de informação e coordenação (“nic.br”) do Comitê Gestor da Internet do Brasil especialmente para oferecer estas referências usando três “servidores públicos” que, via NTP, nos permitem manter nosso computador (ou nossa rede inteira) rigorosamente sincronizado com a Hora Legal Brasileira (que, por sua vez, está atrelada ao Tempo Universal Coordenado; para mais detalhes sobre a HLB e o UTC – sigla em inglês do Tempo Universal Coordenado – consulte o sítio do “ntp.br” em < http://www.ntp.br >).
Se você for absolutamente maníaco por precisão, vá até o “ntp.br”, clique em “Utilizando”, siga as instruções para instalar o NTP em sua máquina e sincronize-a com os servidores do “ntp.br” (cujos URL são “a.ntp.br”, “b.ntp.br” e “c.ntp.br”) com um erro de poucos milésimos de segundo. Mas se você for uma pessoa normal que acha tolerável um erro de até alguns segundos, pode aproveitar o serviço “Horário na Internet” do próprio Windows, que usa um protocolo simplificado (não por acaso denominado SNTP, de “Simple NTP”) para consultar os mesmos servidores do “ntp.br” e “acertar” o relógio do micro. Para isto, clique no relógio que aparece na extremidade direita da Área de Notificação (o trecho da direita da Barra de Tarefas), passe para a guia “Horário na Internet” (no Vista, será preciso clicar no botão “Alterar configurações”) e entre na caixa “Servidor” com o URL de um dos três servidores do “ntp.br” citados acima. Isto feito, clique em “Atualizar agora” e a máquina será sincronizada.
Sua máquina já estava sincronizada com a Internet usando um servidor localizado fora do Brasil e você acha que não precisa trocar? Bem, quanto mais perto o servidor estiver de sua máquina mais rápida a comunicação e menor o desvio. Os do “ntp.br” ficam no Brasil. Trocando, sempre se ganha alguma coisa na precisão...
B.
Piropo