Sítio do Piropo

B. Piropo

Jornal o Estado de Minas:
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05/02/2009

< Windows 7 >


Quem espera aqui uma análise técnica do novo SO da MS se decepcionará. Pois a ela o Informátic@ dedicou recentemente toda uma edição e voltar ao tema seria, como diria a sábia D. Eulina, “chover no molhado”. Aqui haverá uma análise comportamental de um estranho fenômeno que se manifesta em escala mundial quando o nome “Windows” vem à tona.

Seguinte: Windows Vista acaba de comemorar um ano. E, apesar de ocupar o segundo lugar na lista dos sistemas operacionais com 16,5% do mercado, quase três vezes mais que o terceiro (o Mac OS, com 5,8%), está muito longe do líder, o Windows XP, usado por 69,8% dos micreiros.

Uma análise menos atenta poderia até levar à conclusão que a coisa não é assim tão ruim. Afinal, alcançar um segundo lugar em menos de um ano não é façanha desprezível. Mas acontece que Vista foi lançado justamente para destronar o velho XP, também da MS e que, apesar dos excruciantes esforços da empresa para não vendê-lo (nos EUA é praticamente impossível comprar um micro portátil com XP instalado), continua teimosamente ocupando a liderança. Sinal seguro que alguma coisa deu errado com o Vista. Mas o que?

Problema intrigante. Eu sou um satisfeito usuário de Vista. Acho sua interface muito mais bonita que a do XP e, apesar do desprezo dos puristas, beleza é importante, sim. Se for Instalado em uma máquina que lhe ofereça os recursos necessários (capacidade de processamento, memória suficiente e controladora de vídeo adequada), apresenta um desempenho tão bom ou melhor que o do XP. É incomparavelmente mais seguro e tem uma interface amigável que brilha no quesito usabilidade. Os problemas de compatibilidade que naturalmente surgem após o lançamento de qualquer versão de sistema operacional foram contornados e hoje Vista roda praticamente qualquer versão moderna dos programas mais populares e oferece drivers para todos dispositivos mais encontradiços no mercado.

Então, por que diabos encalhou nas prateleiras? Por que os usuários reclamam tanto?

Agora, lendo as análises dos colegas sobre o Windows 7, particularmente as publicadas na imprensa internacional, comecei a entender este estranho fenômeno.

Seguinte: experimente fazer uma busca no Google com a expressão [“Windows 7” reviews] (sem os colchetes, mas mantendo “Windows 7” entre aspas). Você receberá a bagatela de dezoito milhões e seiscentos mil resultados. Como costume no Google, os mais relevantes, publicados pelos analistas mais renomados e veículos mais populares, aparecem no início. Se você lê inglês e se dispuser a fazer uma consulta a alguns deles, perceberá que são praticamente unânimes em afirmar que: 1) do ponto de vista do cerne (“kernel”, para os anglófilos) do sistema, não há diferença essencial entre Vista e Windows 7; 2) apesar disso, o número de alterações foi grande, particularmente no que toca à interface e facilidade de uso; 3) como o “miolo” do sistema não foi “mexido”, o desempenho permaneceu praticamente inalterado; 4) todas as mudanças foram voltadas para atender às reclamações dos usuários (e não usuários) de Vista e, segundo os analistas, foram razoavelmente bem sucedidas.

Então, estão todos de acordo, pois não? Surpreendentemente, não. Enquanto um grupo de analistas cobre a MS de elogios porque “desta vez ela acertou”, outro desanca a empresa por ter “pisado na bola outra vez” (há um interessante artigo de Shane O’Neill em < http://advice.cio.com/shane_oneill/windows_7_reviews_radically_different_early_opinions_surface > “Windows 7 Reviews: Radically Different Early Opinions Surface”. E tanto os que enaltecem quanto os que menosprezam o fazem baseados exatamente nos mesmos argumentos: os primeiros afirmando que as alterações atenderam aos reclamos dos usuários, os segundos alegando que apesar disso o “sistema não mudou”. Ou seja: o problema não é técnico. É puramente emocional. Quem “torce” pela MS aplaude. Quem “torce” contra, malha.

Em suma: se você quiser formar uma opinião, não confie nas análises. Experimente.

B. Piropo