Sítio do Piropo

B. Piropo

Jornal o Estado de Minas:
< Coluna Técnicas & Truques >
Volte
24/01/2008

< Baixando músicas da Internet >


Não sei se você já leu alguma coisa sobre as iniciativas da iracunda associação das gravadoras americanas RIAA (Recording Industry Association of America) para proteger os direitos autorais de seus associados na base do “prendo e arrebento”. São histórias horripilantes como a de Brianna La Hara, uma adolescente que baixou mais de mil músicas simplesmente porque gostava delas, aprendeu como fazê-lo e achou que não estava cometendo qualquer ilegalidade por acreditar, de boa fé (a menina tinha apenas doze anos) que a mensalidade paga a seu provedor de Internet lhe dava esse direito. Foi condenada a pagar uma multa de alguns milhões de dólares que, finalmente, foi reduzida a “apenas” dois mil dólares (a garota morava com sua mãe e o irmão menor em um conjunto habitacional de baixa renda em Nova Iorque). Ou como a do septuagenário Durwood Pickle, multado em US$ 150 mil pelas músicas gravadas em seu disco rígido sem seu conhecimento (eram baixadas à sua revelia por seus netos quando o visitavam). Em suma: coisas de dar arrepio. Portanto é natural que só de ouvir falar em “baixar músicas pela Internet” algumas pessoas mudem de assunto. Mas está no ar o “Musopen”, em < www.musopen.com >, para mostrar que nem tudo são espinhos...

O sítio adotou como divisa uma frase de Beethoven que deve provocar calafrios de pavor no pessoal da RIAA: “There ought to be but one large art warehouse in the world, to which the artist could carry his art-works and from which he could carry away whatever he needed...” (“Deveria existir em alguma parte do mundo um grande armazém de arte aonde o artista pudesse levar suas obras e de onde ele pudesse levar qualquer coisa da qual necessitasse”). À qual acrescentaram apenas: “Musopen is that warehouse” (Musopen é este armazém).

O sítio esconde um imenso tesouro: centenas e centenas de arquivos (quase todos no formato MP3) de música de boa qualidade que podem ser baixados sem medo para sua máquina por se tratar de peças em domínio público. O que traz vantagens e desvantagens, naturalmente.

A maior vantagem é que, para provável desespero da RIAA, você pode fazer praticamente o que desejar com as músicas. Ouvi-las, mantê-las em seu disco rígido, repassá-las a amigos, pô-las à disposição de quem bem entender e até mesmo, por exemplo, usá-las como trilha sonora de um filme de sua autoria, caso seja esta sua praia. Tudo dentro da mais completa legalidade. A única coisa que o sítio pede (mas não ameaça ninguém de prisão caso contrariado) é que não seja feito uso das músicas para fins comerciais, como gravá-las e vender os discos.

A desvantagem é que isto limita bastante tanto o número de músicas disponíveis quanto seu gênero. Não espere encontrar no Musopen o último sucesso de Zeca Pagodinho ou do Chico Buarque, para citar apenas bons autores (“rock”, então, nem pensar). O conteúdo é quase exclusivamente composto pela chamada música clássica ou erudita. E da melhor qualidade.

A interface é simples e de extrema elegância (o sítio foi todo desenvolvido de acordo com os padrões denominados “folhas de estilo em cascata”, ou CSS). Infelizmente, todo o conteúdo é em inglês, mas neste caso particular não faz muita diferença já que os visitantes estarão mais interessados em ouvir do que em ler o que lá se encontra.

Para ouvir ou baixar uma música, clique no botão “Browse” da página de abertura e escolha por autor, intérprete, instrumento, estilo ou período. Escolhida a música, clique em “view” e, em seguida, ou em “Download” para baixá-la, ou no ícone em forma de seta para ouvi-la (veja a figura). E isto é tudo. Ou quase tudo: se você desejar trabalhar com um suave fundo musical, clique no botão “Music” e, em seguida, no atalho (“link”) “Radio”. E deixe Musopen escolher aleatoriamente e tocar músicas para você. Agora mesmo, por escolha do sítio, ouço a “Marcha Nupcial” de Mendelssohn. Torcendo para que não seja qualquer indireta, naturalmente...

Figura 1

B. Piropo