Jornal o Estado de Minas:
< Coluna Técnicas & Truques > |
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25/10/2007
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< Gerenciamento Remoto > |
O IDF, Intel Developer Forum, é um evento anual patrocinado pela Intel onde são discutidas as principais novidades tecnológicas introduzidas nos produtos da empresa e seus planos para o futuro próximo. Um evento eminentemente técnico, portanto, que nos últimos anos ganhou sua versão brasileira. Pois bem: a partir deste ano, em alguns países onde o interesse do público que comparecia ao evento era mais corporativo que técnico, a Intel decidiu substituir o IDF por um novo evento voltado predominantemente para a área corporativa. E batizou-o de Intel Business Forum, ou IBF. A primeira versão brasileira, o IBF 2007, foi realizada há uma semana em São Paulo. Nele, além de painéis sobre as principais tendências e tecnologias desenvolvidas pela empresa, foram apresentadas algumas palestras de interesse geral, como a do economista e ex-ministro Maílson da Nóbrega sobre o estado atual da economia brasileira e a de Mario Thiessen, Chefe da equipe BMW Sauber de F1(patrocinada pela Intel) sobre a tecnologia usada em seus carros. Ambas interessantes. Mas, para quem queria saber de computadores, o que chamou mesmo a atenção foram as palestras sobre virtualização. E, dentre estas, particularmente a de Marcelo Gonçalves e Edison Rodrigues sobre o mais recente emprego de tecnologia de gerenciamento remoto implementada no próprio hardware, as tecnologias cPro (para equipamentos móveis) e vPro (para equipamentos de mesa), que oferecem ao administrador de rede a possibilidade de gerenciar remotamente máquinas a ela conectadas em praticamente qualquer situação, mesmo desligadas. Parece impossível? Bem, na verdade, se você adotar a acepção padrão do termo “desligado”, ou seja, “sem qualquer alimentação elétrica”, efetivamente é impossível. Para ser passível de gerenciamento remoto via vPro a máquina deve estar conectada a uma tomada de energia e com seu cabo de rede devidamente encaixado. E, neste contexto, o termo “desligado” deve ser interpretado como quando empregado para designar, por exemplo, o estado de uma TV com controle remoto, onde se considera que o aparelho está desligado quando não apresenta som ou imagem e seus principais circuitos estão efetivamente sem alimentação elétrica, mas no qual alguns componentes auxiliares, de baixo consumo de energia, permanecem energizados e são capazes de responder ao comando do controle remoto religando os demais circuitos. Tanto vPro quanto cPro são “plataformas” (o “c” de cPro vem de “Centrino”, a tecnologia desenvolvida pela Intel para micros portáteis, e o “v” de vPro só Deus sabe, já que nem o apresentador da palestra soube dizer sua origem). E, segundo o jargão da Intel, uma “plataforma” é um conjunto de tecnologias integradas ao microprocessador, ao “chipset” e a certos circuitos auxiliares (no caso, o “chip” controlador de rede) gerenciadas por um software especialmente desenvolvido e que se integra ao BIOS da placa-mãe. No caso do vPro/cPro em particular, estes dispositivos são o processador Core 2 Duo da série Exx50, o “chipset” Q35 e o controlador de rede Intel 82566. Mas o usuário não precisa se preocupar com estes detalhes: os micros das plataformas cPro e vPro trazem o “logo” da plataforma em destaque no gabinete. Por detrás das plataformas vPro/cPro está a tecnologia denominada “Intel Active Management Technology” (IAMT) que, usando o chamado gerenciamento “out-of-band” (ou seja, que não apela para a comunicação via protocolo Ethernet e usa um canal próprio, independente do usado pelos dados) permite que o administrador, por mais distante que esteja (por exemplo, na sede da empresa em Belo Horizonte) tenha acesso um micro remoto (por exemplo, na filial de Brasília) e, mesmo com esta segunda máquina desligada, execute tarefas como perscrutar seus componentes para fins de inventário, alterar os ajustes do BIOS, verificar se softwares como antivírus e afins estão atualizados, restaurar um disco rígido a partir de uma cópia de segurança e até mesmo ligar a máquina e reinstalar seu sistema operacional. Sim, eu sei que fazer tudo isto em uma máquina na qual a UCP não está energizada parece impossível. Não obstante eu vi acontecer na demonstração feita durante a palestra de Marcelo e Edison. O problema é que o gerenciamento remoto implica processamento de dados. E como pode uma máquina processar dados sem energia na UCP? Este aparente mistério sempre me intrigou. Mas, discutindo o assunto com Edison Rodrigues, um dos apresentadores da palestra e responsável na Intel do Brasil pela linha vPro, acabei por decifrá-lo: o “segredo” está no “C” que indica ser o chip a Unidade Central de Processamento. Isto porque ser “central” não significa necessariamente ser a única. E acontece que os chipsets que integram as plataformas cPro/vPro incluem seu próprio processador de instruções, um pequeno processador secundário de baixo consumo de energia que permanece energizado mesmo com a máquina “desligada” e permite, entre outras coisas, que um administrador de rede registrado possa se conectar, autenticar senha e identidade e ter acesso às entranhas da máquina sem precisar alimentar sua UCP. Se você é um usuário doméstico cuja máquina serve principalmente para acesso à Internet, correio eletrônico, jogos e edição de textos, nada disso fará muita diferença. Mas para um administrador de uma rede do tipo WAN, com centenas, talvez milhares de micros espalhados por todo o mundo e que precisa manter seu inventário atualizado e todas as máquinas funcionando, acredite: a tecnologia vPro/cPro é uma benção...
B. Piropo |