Jornal o Estado de Minas:
< Coluna Técnicas & Truques > |
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07/09/2006
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< Gravação Perpendicular > |
Se você se interessa por hardware ou se andou pesquisando recentemente preços e capacidades de discos rígidos, deve ter notado que há algo novo no ar além dos aviões de carreira: o mercado começou oferecer discos magnéticos de capacidades nunca antes vistas. Como discos rígidos de 2,5” para notebooks capazes de armazenar 160 GB e discos de 3,5” para micros de mesa com a inacreditável capacidade de 750 GB. O que foi que mudou? Como conseguiram tal capacidade? Esta façanha foi alcançada pelos dois maiores fabricantes de discos magnéticos, Toshiba e Seagate, apelando para a mesma inovação tecnológica: a gravação perpendicular, um método que aumentará até dez vezes a “densidade de dados” gravados em uma superfície magnética, ou seja, que fará “caber” dez vezes mas dados no mesmo disco. Para que possamos entender como é possível tamanho incremento é preciso ter uma idéia, mesmo bastante simplificada, de como os dados são gravados nos discos magnéticos. Veja, do lado esquerdo da figura, um esquema que mostra a técnica convencional, a “gravação longitudinal”. Acima, vê-se a “cabeça de gravação”, na verdade um minúsculo eletroímã capaz de gerar campos magnéticos na medida que pulsos elétricos são aplicados aos dois fios voltados para cima em seu lado direito (os fios voltados para cima em seu lado esquerdo estão ligados à “cabeça de leitura”, que lê os dados depois de gravados). A cabeça permanece acima da superfície magnética, quase a tocando. Quando o disco gira, a superfície magnética se desloca abaixo da cabeça de gravação e os pulsos magnéticos emitidos por esta cabeça magnetizam pontos da superfície do disco. Estes pontos se comportam como pequenos ímãs, identificados por seus pólos norte (“N”) e sul (“S”). Cada um deles representa um “bit”, ou seja, uma unidade elementar de dados (cada byte é formado por conjuntos de oito bits). Veja, na parte de baixo do lado esquerdo da figura, como os bits se dispõem sobre a superfície, lembrando peças de dominó alinhadas, deitadas sobre uma mesa. Para conseguir aumentar a densidade de gravação de dados a tecnologia de gravação perpendicular usa uma superfície magnética mais espessa e apela para uma cabeça de gravação modificada, com os pólos mais afastados, que emite um pulso magnético mais intenso. Este pulso mais intenso gera um campo magnético que penetra mais fundo na superfície magnética. O resultado é uma magnetização na qual os pólos norte e sul de cada ímã elementar (que representa um bit) não mais se dispõem longitudinalmente, mas sim perpendicularmente à superfície (daí o nome: “gravação perpendicular”). Repare na parte de baixo do lado direito da figura: os bits continuam se distribuindo como se fossem peças de dominó justapostas, agora porém “em pé” sobre a mesa. Note também que a cabeça de leitura não mudou: continua praticamente idêntica à usada na gravação longitudinal. A única coisa que muda é a área ocupada por cada ímã elementar. Com a gravação perpendicular as fabricantes aumentaram significativamente as densidades de dados. A Seagate já chegou até 245 GBsi (GigaBytes por polegada quadrada), mais do dobro dos 110 GBsi atingidos pela tecnologia convencional, e se prepara para lançar à curto prazo drives com densidade de até 500 GBsi. Porém os especialistas acreditam que, com os devidos aperfeiçoamentos tecnológicos, a gravação perpendicular tem potencial para atingir densidades até dez vezes maiores que as conseguidas com a gravação longitudinal. A grande vantagem para o usuário é que a nova tecnologia não requer equipamentos muito mais sofisticados que os atualmente empregados pelo método convencional e as alterações exigidas na superfície do disco e na cabeça de gravação podem ser implementadas sem grandes modificações na tecnologia de fabricação. O que significa que todo este aumento de capacidade será conseguido praticamente pelo mesmo preço unitário. Boa notícia para um feriado, nénão?
B. Piropo |