Jornal o Estado de Minas:
< Coluna Técnicas & Truques > |
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10/08/2006
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< Reminiscências > |
Corria o ano de 1979. Estava eu em Washington, EUA, em viagem de trabalho e aproveitei para rever o amigo José Mário, que lá vivia. Conversa vai, conversa vem, ele me falou sobre uma novidade que aparecia por lá: computadores pessoais. Eu nunca ouvira falar de nada parecido (o PC da IBM só seria lançado em 1981) e Zemário contava maravilhas sobre máquinas formidáveis, o Apple II e seus 4 KB (é, quilobytes) de memória RAM rodando a 1 MHz (um megahertz, sim senhor) e o TRS-80, também com 4 KB de memória RAM mas com um processador Z-80 que já rodava a 1,77 MHz. Os monitores eram do tamanho de televisores (quando não eram os próprios televisores domésticos) e as máquinas, que usavam fitas cassete ou disquetes como meio de armazenamento de massa (discos rígidos, nem pensar) eram mais ou menos do tamanho dos PCs de mesa de hoje. Achei a coisa meio futurista demais e deixei para lá. Passaram-se pouco mais de 25 anos e a vida me trouxe para perto dos micros pessoais. Zemário, por sua vez, correu mundo e acabou retornando aos EUA de onde me manda uma mensagem singela. Na linha “Assunto” consta apenas “Incrível para os mais velhos”. No corpo, nada mais que um atalho para uma página do DataVision, um sítio americano de comércio eletrônico: Fui conferir. Era o anúncio de um microcomputador. Uma máquina mais de mil vezes mais rápida que aquelas sobre as quais falávamos em Washington. Equipada com um processador de última geração, o Intel Core Solo U1400 de 1,2 GHz, seus 512 MB de memória RAM fazem os 4 KB das velhas máquinas corar de vergonha. Mas, não contente com isso, o bravo micrinho dispõe de duas câmaras fotográficas “embutidas”, é capaz de se conectar a uma rede sem fio, tem microfone, alto-falantes e gravador, traz um disco rígido de 30 GB e uma tela colorida com resolução de 1.024 x 600 pontos. Não ficou impressionado? Um Core Solo de 1,2 GHz com 512 MB de memória RAM lhe parece pouco para os dias de hoje?
A mim também. Mas acontece que o micro em questão é o Sony Vaio Micro PC, que pesa 544 gramas (com bateria), tem 15 cm de largura, 9,5 cm de altura e menos de 3 cm de espessura. Sua tela de alta definição mede quatro polegadas e meia. Ainda não se impressionou? Tem um PDA (personal digital assistant, uma espécie de agenda de bolso incrementada) que é muito menor? Eu também.
Mas talvez eu não tenha me explicado direito: o micrinho em questão não é um PDA. É um computador pessoal completo inteiramente funcional, com mouse e teclado, rodando Windows XP Professional com SP2 e todos os seus aplicativos, inclusive o pacote Office. Ou seja: tem um poder de processamento não muito diferente de seu micro de mesa, roda os mesmos aplicativos, traz integradas duas câmaras digitais, “toca” música, “passa” vídeo, é capaz de se conectar a qualquer rede sem fio (tanto o padrão WiFi para rede local quanto a rede de telefonia celular da Cingular, permitindo acesso sem fio à Internet de praticamente qualquer localidade nos EUA) e não obstante tudo isto cabe no seu bolso, já que é pouco maior que dois maços de cigarro lado a lado.
Eu não estou aqui para fazer propaganda da Sony. Não testei o micrinho, não sei se funciona com alguma prestadora de serviços de telefonia celular no Brasil e eu, particularmente, não gosto de micros de mão com teclado (prefiro a tecnologia de reconhecimento de caracteres), portanto não encarem esta coluna como recomendação.
Encarem-na como sinal dos tempos. Não sei qual é sua experiência com micros pessoais e não tenho idéia de suas expectativas em relação à tecnologia. Mas para mim, que “mexo” com essas coisas há duas décadas e conheci os velhos Apple II, acredite, um micro pessoal com todas estas características e com este tamanho e peso, é realmente incrível. O que me faz lembrar da linha de “Assunto” da mensagem do Zemário... Diabos, não é que de repente me dei conta que já sou “mais velho”? B. Piropo |