Sítio do Piropo

B. Piropo

Jornal o Estado de Minas:
< Coluna Técnicas & Truques >
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03/08/2006

< Footmouse >


Esta coluna tem discutido como usar os dispositivos de hardware e o sistema operacional para facilitar a vida de nós outros, os usuários “comuns” de computadores. Mas desta vez vou abrir uma exceção para discutir um dispositivo que, para a maioria de nós, não passará de uma curiosidade. Mas que pode modificar radicalmente – e para melhor – a vida de algumas pessoas.

Antes, porém, uma observação. Escrevendo sobre computadores há década e meia, entendo sua importância como agente modificador da sociedade e sei que poucos artefatos implicaram mudanças tão significativas na nossa vida diária. Mas há um grupo de indivíduos para o qual eles representam muito mais, se constituindo na forma mais eficaz de os inserirem na sociedade produtiva. Me refiro às pessoas portadoras de deficiência.

Conheço programas que “lêem” o conteúdo do vídeo e permitem a deficientes visuais levar uma vida produtiva trabalhando em “call centers”. Deficientes auditivos costumam ser excelentes profissionais de informática. E já vi um automóvel controlado por um dispositivo tipo “joystick” que oferece a portadores de deficiências físicas um grau de autonomia impensável sem ele (vá até a seção “Escritos >> PC@World” de meu sítio, em < www.bpiropo.com.br >, e consulte o artigo “Um carro muito peculiar”). E me atrevo a dizer que nenhum artefato contribuiu mais que os computadores para que estas pessoas levem uma vida produtiva. Hoje veremos mais um exemplo.

Trata-se de um dispositivo apontador (“pointing device”) operado com os pés que, por ter sido concebido para substituir o mouse, recebeu o nome de “footmouse”. Não é novidade: um dos fornecedores já fabrica o produto há mais de dez anos (veja em < www.footmouse.com/pr_rls.htm >) e, embora “mouse” definitivamente não seja o nome mais apropriado para tal dispositivo, já está até mesmo definido na Wikipedia como “um tipo de mouse para computador que oferece aos usuários a possibilidade de mover o cursor e clicar os botões com os pés” (< http://en.wikipedia.org/wiki/Footmouse >).

Localizei dois fabricantes que oferecem dispositivos diferentes. O primeiro, oferecido pela I/O Test sob o nome comercial de “Footcursor” (< www.footcursor.com/ >), consiste em uma plataforma circular acionada por um dos pés que pode ser adquirido em dois modelos. O básico, que custa US$ 319, apenas move o cursor acompanhando o movimento do pé sobre a plataforma, mas admite a conexão de um comutador externo para “clicar”. O avançado, por US$ 379, além de mover o cursor executa “cliques” de uma forma engenhosa: expondo à luz sensores óticos ocultos pela planta do pé (“botão” esquerdo”) e pelo calcanhar (“botão” direito) simplesmente levantando parcialmente o pé. Há um vídeo no sítio do fabricante que demonstra o funcionamento.

O segundo, oferecido por NoHands Mouse (< www.nohandsmouse.com/ >), consiste em dois pedais acoplados. Um deles controla o movimento do cursor, o outro dispara “cliques”. O fabricante não informa o preço, mas alguns de seus distribuidores oferecem o produto por US$ 289,90 (na lista de distribuidores consta um no Brasil, mas não foi possível estabelecer contato com ele por telefone). E embora a NoHands Mouse alegue que a função do dispositivo é evitar a síndrome do túnel carpal e aumentar a produtividade, alguns comentários de usuários encontrados em fóruns na Internet indicam que para uso comum, o bom e velho mouse é mais indicado (veja em < www.voicerecognition.com/voice-users/archive/1997/0191.html >). Mas, para pessoas portadoras de deficiências motoras que impedem o uso das mãos, é uma benção.

E se você está imaginando como apenas um dispositivo como este pode oferecer uso pleno de um computador ao portador deste tipo de deficiência, certamente se esqueceu que “Painel de controle >> Opções de acessibilidade >> Teclado virtual” oferece um meio de exibir na tela um teclado que pode ser acionado com o mouse. Com ele e um “foootmouse” pode-se usufruir de todo o potencial de um computador sem jamais usar as mãos.

Figura 1

B. Piropo