O procedimento
de partida de um computador é conhecido por “inicialização”.
Há quem o chame de “boot”, “botina” em
inglês, devido a um ditado americano que dá a entender
que se quer realizar uma tarefa impossível sem ajuda externa:
“rising oneself up pulling their own bootstraps”, ou seja,
levantar-se no ar puxando para cima os cordões das próprias
botinas. Pois é algo parecido que o computador faz ao ser ligado:
aciona por si mesmo seus circuitos, testa cada um deles, carrega o sistema
operacional e se põe à disposição do usuário,
tudo isso sem ajuda externa. Daí o uso do termo.
O processo de inicialização atravessa diversas fases.
A primeira é o “autoteste de partida” (Power On Self
Test, ou POST), quando o micro testa cada um dos componentes internos.
Depois que constata que tudo está em ordem, carrega o sistema
operacional. E, finalmente, são carregados os “drivers”
e programas auxiliares.
Drivers são extensões do sistema operacional destinadas
a controlar dispositivos periféricos. E programas auxiliares
em geral servem para detectar ocorrências que os farão
acionar outros programas. Ocorre que o número de periféricos
é tão grande, os programas auxiliares são tantos
e sua interação é tão complexa que algumas
vezes isto resulta em incompatibilidades que causam o travamento do
micro ou, pelo menos, o comportamento irregular do sistema operacional
ou de algum programa.
Aparentemente a solução é simples: descobrir que
módulo causou a incompatibilidade e removê-lo da seqüência
de inicialização. Porém as possibilidades são
tantas que se não for feita com método, a tarefa é
virtualmente impossível. A técnica correta consiste em
efetuar uma “partida limpa” (“clean boot”),
na qual são carregados apenas os componentes essenciais do sistema
operacional e, em seguida, agregar um a um os demais componentes até
que o problema se manifeste. O responsável seria então
mais recente componente adicionado e para resolver o problema basta
impedir sua carga.
Windows simplifica a execução de uma inicialização
limpa com o uso do “Utilitário de configuração
do sistema”. Nas versões mais antigas ele se escondia no
menu “Ferramentas” do “Utilitário de configuração
do sistema” (Menu Iniciar, entrada “Programas”, opção
“Acessórios”, entrada “Ferramentas de sistema”
e aplicativo “Informações sobre o sistema”).
Em Windows XP ele é carregado clicando na entrada “Executar”
do menu Iniciar, entrando com “msconfig” na caixa de dados
e teclando ENTER (procedimento que também funciona nas demais
versões).
Se você está diante de um problema que desconfia ser causado
por um dos módulos carregados na inicialização,
carregue o utilitário, passe para a aba “Geral”,
clique no botão “Inicialização seletiva”
e desmarque todas as caixas de dados abaixo dele. Reinicialize a máquina
(Menu Iniciar, “Desligar”, “Reiniciar”) e verifique
se as caixas permanecem desmarcadas (algumas podem ser automaticamente
remarcadas por certos aplicativos). Se permanecerem, você conseguiu
executar uma partida limpa.
Para encontrar o culpado pelo problema remarque uma a uma as caixas
da aba “Geral” e execute sucessivas reinicializações.
Após cada uma, procure reproduzir a situação em
que o problema se manifestava e prossiga, carregando cada item até
que ele volte a se manifestar – o que significa que o responsável
pertence ao último grupo marcado.
Localizado o grupo, vá para a aba correspondente (System.Ini,
Win.Ini, ou as demais) e inspecione seus componentes para identificar
responsável e eliminar sua carga. Repita o procedimento: desmarque
todos e vá remarcando um a um e reinicializando a máquina.
Identificado o responsável, basta impedir permanentemente sua
carga.
Resolvido o problema, recupere a inicialização normal
voltando à aba “Geral” do Utilitário de configuração
do sistema e marcando o botão “Inicialização
normal”.
Dá trabalho e demora, mas se o problema é fruto de alguma
incompatibilidade, é quase certo que este procedimento ajudará
a encontrar a solução.
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Figura
1 |
B.
Piropo