Você reparou que a maleta que usa no trabalho já está meio surrada e acha que está na hora de substitui-la. Mas como ela “ainda dá para o gasto”, resolveu doá-la para o contínuo que transporta documentos em ensebados envelopes de papel pardo. Nobre atitude. Mas você dará a maleta com todo seu conteúdo, documentos, agendas de endereços e compromissos e mais o tanto de informações confidenciais que costuma carregar nela?
Achou a pergunta boba? Pois é assim que procedemos quando trocamos nosso disco rígido por um de maior capacidade e damos o velho de presente para o primo da(o) namorada(o), que mal conhecemos. Entregamos o disco e seu conteúdo, ou seja, nossos dados pessoais.
E se você é do tipo que, antes de fazer isso, remove todos os arquivos do disco antigo e o formata, pode desligar o sorriso de superioridade pois se o garoto for esperto e estiver interessado em seus dados tais providências são totalmente inócuas: os dados continuam lá, absolutamente íntegros e com o uso das ferramentas apropriadas estarão na mão do novo proprietário de seu HD em minutos. Porque “apagar” arquivos ou enviá-los para a lixeira (mesmo que ela seja “esvaziada” depois) não remove os arquivos do disco nem os sobrescreve, apenas os marca como “removidos”, permitindo que eventualmente venham a ser sobrescritos mais tarde. E formatar um disco rígido não afeta os dados, só remove o conteúdo do diretório raiz e cria uma nova tabela de alocação de arquivos. Os dados em si não são tocados. Um bom programa de recuperação de discos os ressuscitará em minutos.
E se ainda assim você acha que isso não é um problema porque não guardava nenhum dado confidencial no velho disco rígido, pense um pouco. Suas identidades de usuário (“userids”) e senhas de acesso a provedores de Internet não estariam lá? E seus dados bancários, saldos, extratos de conta, sem falar nas senhas de acesso, não estariam armazenados em cache? E os números e demais dados de seu cartão de crédito não teriam permanecido armazenados após alguma compra via Internet? E por falar em Internet: tem certeza que o primo da(o) namorada(o) pode saber de TODOS os sítios que você andou visitando ultimamente? Sim, porque a lista de seus URLs está devidamente guardada no registro que ficou no HD. E sua correspondência pessoal, ele pode ler? Mesmo que você seja um homem ou uma mulher sem segredos, duvido que não tenha se arrepiado face às negras possibilidades que agora se descortinam diante de seus olhos...
Mas calma. Não corra ainda para pegar o martelo e despedaçar o disco rígido antes de jogá-lo fora (mesmo porque, se nele houver dados importantes, especialistas poderão recuperá-los dos fragmentos), tem um jeito mais simples de proteger sua privacidade sem inutilizar o HD. São programas criados para remover definitivamente dados de superfícies magnéticas empregando técnicas específicas. O método mais comum consiste em sobrescrever os dados originais diversas vezes, sempre com combinações diferentes de bits, buscando aquelas combinações que usem as freqüências eletromagnéticas mais baixas, que penetram mais fundo no meio magnético (veja artigo de Peter Gutman em < http://www.usenix.org/publications/library/proceedings/sec96/full_papers/gutmann/ >).
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Como eu disse, há diversos programas que fazem isso, a maioria deles comerciais. Mas há alguns gratuitos como o “Eraser”, que solicita apenas uma doação voluntária de US$ 15 e pode ser obtido em < http://www.heidi.ie/eraser/ >. Ele combina a técnica descrita por Gutman no trabalho citado com a sugerida pelo Departamento de Defesa dos EUA, que sobrescreve o conteúdo do HD com dados gerados aleatoriamente.
Então, após trocar seu disco rígido e depois de transcrever os dados para o novo HD, baixe o Eraser e rode-o para eliminar seus dados do velho. Não custa nada, literalmente, e você dormirá mais tranqüilo sabendo que eles não cairão em mãos mal intencionadas.
B.
Piropo