R:Essa é o tipo da pergunta perigosa. Porque, por razões que somente encontram explicações na maravilhosa característica da natureza humana que faz com que nós, mortais, jamais consigamos nos abster de embeber de paixão assuntos que deveriam ser abordados com pura lógica, a análise das virtudes e defeitos deste ou daquele sistema operacional transcende largamente a simples comparação de suas qualidades e se estende a campos que em princípio nada teriam a ver com o caso mas que exercem influência decisiva na escolha. O resultado é que, no que toca a sistemas operacionais, a humanidade se divide em tribos cujas convicções sobre as superioridades do “seu” sistema sobre todos os demais que existem, existiram e existirão são tão arraigadas e impermeáveis a  argumentação como as convicções religiosas do mais fundamentalista dos fundamentalistas. Em virtude disso, qualquer que seja ela, minha resposta despertará a ira e a indignação de todas as tribos, inclusive das que adotam os sistemas operacionais que porventura eu vier a recomendar, que alegarão que não o fiz com a devida ênfase, e choverá cartas e mensagens encolerizadas nas quais os signatários, na melhor das hipóteses, expressarão sua exasperação quanto à minha visão estreita (na pior, me acusarão de coisas que nem vale a pena comentar aqui). Portanto, solicitando encarecidamente aos referidos missivistas que poupem de sua cólera D. Eulina, que não tem culpa das bobagens que o filho escreve, e arriscando-me a perder metade de meus poucos leitores, vou cometer a insana temeridade de dar minha opinião sobre a assunto, ressaltando que esta opinião exprime minha visão do estado das coisas no meio do segundo semestre de 2000 e que pode mudar com a evolução e/ou lançamento de novas versões de sistemas. Então, mãos à obra. Se entendi bem, sua experiência com o Linux não foi de todo negativa: você não reclama da estabilidade ou características técnicas, apenas da dificuldade de se adaptar a ele. Penso que deve-se esperar isso do primeiro contato com um novo sistema operacional, um negócio complexo por natureza. Considerando que a empresa que lhe forneceu o suporte não ganha pela venda do sistema (o Linux é grátis e pode ser obtido graciosamente via Internet), é perfeitamente natural que o cliente pague pelo suporte telefônico. Penso que o Linux, especialmente agora que está recebendo apoio de poderosas corporações, é um sistema operacional de grande futuro e será uma opção cada vez mais válida na medida que aumenta o número de aplicativos disponíveis e a gama de recursos que oferecem. Se, porventura, ele satisfizer suas atuais necessidades de usuário, acho que talvez valesse a pena insistir um pouco (quem sabe procurando suprir as dificuldades de suporte através de consultas a sítios especializados na Internet, listas de discussões ou livros sobre o sistema). Se não, você poderá ficar com Windows. Que tem duas vertentes: a família NT, hoje representada por Windows 2000, e a família 9x, cujo representante mais novo, o Windows Millenium (ou ME) foi recentemente lançado para substituir o antecessor Windows 98. Se sua necessidade básica é estabilidade, não há o que discutir: instale o 2000. Mas, antes, verifique dois pontos essenciais: se ele roda todos os programas que você usa normalmente e, o que é mais importante, se oferece suporte para todo seu hardware. Haverá, certamente, pelo menos um ponto de atrito: os “famosos joguinhos de computador” que constituem seu hobby e que, definitivamente, não combinam com Windows 2000. Se eles são muito importantes para você, talvez o mais recomendável fosse uma instalação com a possibilidade de inicialização dupla. Quando você fosse trabalhar, carregaria o Windows 2000, mais estável. Quando fosse se divertir, o Windows ME, que nada mais é que um Windows 98 SE revisto, melhorado e, o que é importante para quem pretende usar a dupla inicialização, tem a “cara” do Windows 2000, já que muitos elementos da interface são comuns.

B. Piropo