Sítio do Piropo

B. Piropo

< O Globo >
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23/06/2003

< Internet voando >


Volta e meia alguém comenta que cedo ou tarde “todos estaremos permanentemente conectados à Internet seja lá onde estivermos”. A enxurrada de telefones celulares e dispositivos portáteis que se conectam com ou sem fio à Internet e o aumento avassalador da parafernália de artefatos de comunicação que nos cerca e persegue só faz confirmar o bordão. Portanto, já não estranhamos ver pessoas conectadas à Internet nos mais estranhos locais. Mas há lugares em que isso ainda nos surpreende. Por exemplo: em um avião. E durante o vôo.
Mas pode começar a se acostumar. Porque o acesso à Internet já foi testado com sucesso em vôos internacionais e a United Airlines anunciou terça-feira passada que até o final deste ano implementará, em parceria com a Verizon, o serviço de correio eletrônico e acesso a notícias em vôos domésticos nos EUA.
A pioneira foi a Lufthansa, que ofereceu o serviço (batizado de FlyNet) em caráter experimental de janeiro a abril últimos no vôo entre Frankfurt e Washington (veja em
<http://cms.lufthansa.com/de/fly/en/pas/0,3278,0-0-737759,00.html>).
Além dela, a British Airways ofereceu o mesmo serviço, também experimentalmente, no vôo entre Nova Iorque e Londres de fevereiro a maio. Ambas as empresas, assim como a JAL (Japan Air Lines) e SAS (Scandinavian Airlines Systems), pretendem oferecê-lo rotineiramente em meados do próximo ano em seus vôos de longo curso. A Boeing que, através de sua subsidiária Connexion by Boeing (<www.connexionbyboeing.com/>), adapta as aeronaves para prestar o serviço, pretende equipar quatro mil aviões com servidores, pontos de acesso, antenas e cabeamento interno, 150 dos quais ainda esse ano. E informa que em breve os aparelhos já sairão da fábrica com o equipamento instalado (veja artigo de Michael Kanellos em
<http://zdnet.com.com/2100-1104-983712.html?tag=nl>).
Para permitir o acesso à Internet rápida cada avião disporá de um servidor de rede e uma antena especialmente projetada, conectada à Internet através de satélites orbitando sobre a linha do equador. Os passageiros, por enquanto, poderão conectar seus micros portáteis à rede da aeronave ligando suas placas de rede a conectores instalados nos braços das poltronas. Futuramente poderão fazê-lo através de conexões sem fio no padrão WiFi, já que o sistema foi concebido para isso. Mas antes será necessário vencer a compreensível relutância das autoridades aeronáuticas em aceitar dezenas de conexões sem fio simultâneas no interior de um avião em pleno vôo (veja diagrama do sistema em
<www.connexionbyboeing.com/main.cfm?nav=2#e5>).
Os passageiros dos aviões equipados com o sistema Connexion by Boeing poderão conectar-se diretamente a seus provedores e, além de desfrutar acesso total ao correio eletrônico, navegarão à vontade na rede mundial – inclusive na intranet de sua empresa, caso ela possa ser alcançada através da Internet. O preço dos serviços é estimado em US$ 25 a US$ 35 por vôo e, de acordo com os dados colhidos pela Lufhansa e British Airways durante o estágio experimental dos serviços, espera-se que um terço dos passageiros venham a aderir. O que, segundo Kanellos, representa um mercado estimado de cinco a oito bilhões de dólares anuais. Uma grana mais que bem-vinda aos combalidos cofres das empresas aéreas que enfrentam conhecidas dificuldades desde setembro de 2001.
Já o serviço a ser oferecido pela United e Verizon é bastante menos ambicioso. Batizado de JetConnect, permite acesso apenas a um sítio de noticiário (geral, esportes, economia e finanças) mantido pela própria Verizon, alguns jogos, possibilidade de enviar e receber mensagens texto (tipo SMS, “Short Messages Service”) e acesso a correio eletrônico, mas apenas dos provedores associados ao serviço. A conexão e lenta e cara: cerca de US$ 16 por vôo mais dez centavos de dólar por Kb em mensagens que excedam 2 Kb. Mas diz a empresa (em <www22.verizon.com/airfone/jetconnect/>) que “continuará a aperfeiçoar o JetConnect e futuramente pretende agregar serviços como correio eletrônico rápido e transferência de arquivo”. É esperar para ver.
Portanto, se você é viajante habitual, prepare-se para apreciar (e, se desejar, praticar) uma proeza até há pouco considerada impossível: voar e navegar ao mesmo tempo.

B. Piropo