Volta
e meia alguém comenta que cedo ou tarde todos estaremos
permanentemente conectados à Internet seja lá onde
estivermos. A enxurrada de telefones celulares e dispositivos
portáteis que se conectam com ou sem fio à Internet
e o aumento avassalador da parafernália de artefatos de
comunicação que nos cerca e persegue só faz
confirmar o bordão. Portanto, já não estranhamos
ver pessoas conectadas à Internet nos mais estranhos locais.
Mas há lugares em que isso ainda nos surpreende. Por exemplo:
em um avião. E durante o vôo.
Mas pode começar a se acostumar. Porque o acesso à
Internet já foi testado com sucesso em vôos internacionais
e a United Airlines anunciou terça-feira passada que até
o final deste ano implementará, em parceria com a Verizon,
o serviço de correio eletrônico e acesso a notícias
em vôos domésticos nos EUA.
A pioneira foi a Lufthansa, que ofereceu o serviço (batizado
de FlyNet) em caráter experimental de janeiro a abril últimos
no vôo entre Frankfurt e Washington (veja em
<http://cms.lufthansa.com/de/fly/en/pas/0,3278,0-0-737759,00.html>).
Além dela, a British Airways ofereceu o mesmo serviço,
também experimentalmente, no vôo entre Nova Iorque
e Londres de fevereiro a maio. Ambas as empresas, assim como a
JAL (Japan Air Lines) e SAS (Scandinavian Airlines Systems), pretendem
oferecê-lo rotineiramente em meados do próximo ano
em seus vôos de longo curso. A Boeing que, através
de sua subsidiária Connexion by Boeing (<www.connexionbyboeing.com/>),
adapta as aeronaves para prestar o serviço, pretende equipar
quatro mil aviões com servidores, pontos de acesso, antenas
e cabeamento interno, 150 dos quais ainda esse ano. E informa
que em breve os aparelhos já sairão da fábrica
com o equipamento instalado (veja artigo de Michael Kanellos em
<http://zdnet.com.com/2100-1104-983712.html?tag=nl>).
Para permitir o acesso à Internet rápida cada avião
disporá de um servidor de rede e uma antena especialmente
projetada, conectada à Internet através de satélites
orbitando sobre a linha do equador. Os passageiros, por enquanto,
poderão conectar seus micros portáteis à
rede da aeronave ligando suas placas de rede a conectores instalados
nos braços das poltronas. Futuramente poderão fazê-lo
através de conexões sem fio no padrão WiFi,
já que o sistema foi concebido para isso. Mas antes será
necessário vencer a compreensível relutância
das autoridades aeronáuticas em aceitar dezenas de conexões
sem fio simultâneas no interior de um avião em pleno
vôo (veja diagrama do sistema em
<www.connexionbyboeing.com/main.cfm?nav=2#e5>).
Os passageiros dos aviões equipados com o sistema Connexion
by Boeing poderão conectar-se diretamente a seus provedores
e, além de desfrutar acesso total ao correio eletrônico,
navegarão à vontade na rede mundial inclusive
na intranet de sua empresa, caso ela possa ser alcançada
através da Internet. O preço dos serviços
é estimado em US$ 25 a US$ 35 por vôo e, de acordo
com os dados colhidos pela Lufhansa e British Airways durante
o estágio experimental dos serviços, espera-se que
um terço dos passageiros venham a aderir. O que, segundo
Kanellos, representa um mercado estimado de cinco a oito bilhões
de dólares anuais. Uma grana mais que bem-vinda aos combalidos
cofres das empresas aéreas que enfrentam conhecidas dificuldades
desde setembro de 2001.
Já o serviço a ser oferecido pela United e Verizon
é bastante menos ambicioso. Batizado de JetConnect, permite
acesso apenas a um sítio de noticiário (geral, esportes,
economia e finanças) mantido pela própria Verizon,
alguns jogos, possibilidade de enviar e receber mensagens texto
(tipo SMS, Short Messages Service) e acesso a correio
eletrônico, mas apenas dos provedores associados ao serviço.
A conexão e lenta e cara: cerca de US$ 16 por vôo
mais dez centavos de dólar por Kb em mensagens que excedam
2 Kb. Mas diz a empresa (em <www22.verizon.com/airfone/jetconnect/>)
que continuará a aperfeiçoar o JetConnect
e futuramente pretende agregar serviços como correio eletrônico
rápido e transferência de arquivo. É
esperar para ver.
Portanto, se você é viajante habitual, prepare-se
para apreciar (e, se desejar, praticar) uma proeza até
há pouco considerada impossível: voar e navegar
ao mesmo tempo.
B.
Piropo