No segundo semestre deste ano a Microsoft lançará o Vista, a nova versão de seu sistema operacional. Ano passado, com a distribuição das versões “beta”, começaram a aparecer os primeiros artigos sobre ele. Artigos que, com raras e honrosas exceções, focalizavam quase exclusivamente os aspectos gráficos da nova interface, o que chegou a gerar comentários que Vista nada mais era que o XP “de cara nova”.
Mas não é bem assim. Os comentários sobre as novidades gráficas até se justificam: a interface, realmente, foi inteiramente renovada. Os menus sumiram (mas podem reaparecer com um simples toque na tecla “Alt”) e o próprio aspecto das janelas mudou significativamente. E mudou tanto que, se o micro dispuser de uma controladora gráfica suficientemente “parruda” (no mínimo 64 MB de memória de vídeo dedicada) com os drivers adequados (WDDM, Windows Vista Display Driver Model), pode-se tirar proveito dos recursos avançados da interface “Aero”, como o “glass”, que torna translúcidas as bordas e barra título das janelas fazendo com que elas se comportem efetivamente como “janelas”, ou seja, permitindo ver através delas em vez de se funcionarem como painéis opacos que encobrem o que está por detrás. E quando se pousa o cursor do mouse sobre o botão de uma janela minimizada na barra de tarefas, aparece uma miniatura onde se pode distinguir seu conteúdo (que, se for por exemplo um vídeo, será mostrado com a imagem em movimento). Mas isso são apenas firulas da nova Windows Presentation Foundation, o novo subsistema visual unificado de Vista. Além delas há, entretanto, muitas outras novidades, embora não apareçam tanto quanto o “Aero”.
Uma delas é o Windows Server Offline Files, uma função que já existe no XP mas que sofreu grandes aperfeiçoamentos no Vista. Ela permite acesso a arquivos remotos mesmo se a conexão entre o computador cliente e o servidor de arquivos for interrompida. Parece mágica mas trata-se simplesmente de um sistema inteligente de “cache”: quando esta função é habilitada e configurada, são feitas cópias locais temporárias dos arquivos do servidor. Se o usuário solicita acesso remoto a um arquivo, havendo conexão entre cliente e servidor, o acesso é feito neste último. Não havendo, o acesso é feito à cópia local de forma transparente (sem a intervenção do usuário). Quando a conexão for restabelecida os arquivos do cache e do servidor são automaticamente sincronizados. Para quem usa micros portáteis (“notebooks”) ligados à rede da empresa e gosta de levar trabalho para casa o Offline Files é uma maravilha...
Outra função interessante é o “Secure Startup – Full Volume Encription”, voltada para a segurança. Quem a usa pode garantir que seus arquivos jamais cairão em mãos indesejadas. Funciona assim: quando se desliga o micro, durante o procedimento de encerramento de tarefas (“shutdown”), todo o disco rígido é criptografado e a chave usada na criptografia é armazenada no Trusted Platform Module (TPM), um componente de hardware usado principalmente (mas não exclusivamente) em micros portáteis para garantir a segurança. Ao se ligar novamente o micro, durante o procedimento de inicialização, o TPM testa a integridade do sistema operacional verificando determinados códigos (“fingerprints”) criados durante o “shutdown” e apenas libera a chave após constatar que se trata da mesma cópia do sistema operacional. Se um intruso inicializar a máquina através de disquete, drive de CD, ou qualquer periférico com uma cópia do sistema operacional que não a contida no disco rígido local, apenas encontrará lixo, já que todo o volume foi criptografado.
Um exemplo final: o Vista incorpora o novo “Print Management”, aperfeiçoamento da função disponível no Windows Server 2003 R2. Trata-se de um agregado (“snap-in”) do MMC (Microsoft Management Console) que permite o gerenciamento de todas as impressoras ligadas à rede a partir de qualquer computador rodando Vista e a ela conectado. Tem-se acesso ao “status” de cada impressora, pode-se instalar conexões a impressoras e até mesmo monitorar o nível de tinta ou toner e disponibilidade de papel nas impressoras que permitirem este tipo de gerenciamento remoto.
E estes são apenas alguns exemplos de novas facilidades que permanecem escondidas por detrás da nova interface.
Como se vê, há muito mais novidades no Vista que as transparências...
B. Piropo