Os
jovens americanos estão ficando cada vez mais violentos
porque os joguinhos eletrônicos banalizam a violência
ou os joguinhos eletrônicos banalizam a violência
porque os jovens americanos estão ficando cada vez mais
violentos? Parece comercial de biscoito, mas não é.
É assunto sério que, além do evidente caráter
social, tem desdobramentos legais e econômicos.
No centro da questão está o Grand Theft Auto:
Vice City, um jogo desenvolvido para o PlayStation 2 da
Sony e disponível também para PC que já vendeu
mais de oito milhões de cópias e faturou mais de
quatrocentos milhões de dólares. O objetivo do jogo
é roubar carros e sair por aí matando gente, inclusive
policiais (veja algumas telas do jogo em <www.rockstargames.com/vicecity/>).
Tem gente que acha legal, tem gente que acha ilegal.
Entre os últimos, reluz a deputada do Estado de Washington,
EUA, (Washington State Senate) Mary Lou Dickerson, que convenceu
46 de seus pares a votarem a favor de uma lei que parece feita
sob medida para o joguinho, embora não o mencione textualmente:
apenas proíbe a venda a menores de dezessete anos de jogos
eletrônicos que exibam a prática de atos violentos
contra agentes da lei. E o que mais tem no jogo é
justamente porrada na polícia. Sem falar em mortes e subornos.
Resultado: a lei HB 1009, que pune o transgressor com multa de
US$ 500, foi aprovada em abril por 47 votos a 7, sancionada em
maio pelo Governador Gary Locke e deveria viger a partir do próximo
dia 27.
O assunto, como era de esperar, levantou uma celeuma danada. Primeiro
porque a lei só reprime a violência contra agentes
policiais. Quanto ao cidadão comum, pau nele, que a deputada
não está nem aí. Depois, porque lei ou não,
a coisa tem um cheiro danado de censura.
A ISDA (Interactive Digital Software Association), associação
que congrega os desenvolvedores de jogos eletrônicos e representa
uma indústria que movimenta dez bilhões de dólares
anuais, chiou no ato. Seu presidente declarou que a lei não
apenas é desnecessária e inconstitucional como também
claramente não resolve o problema para o qual aparentemente
está voltada (veja em <http://gameinfowire.com/news.asp?nid=2329>).
E, alegando que ela fere a Primeira Emenda (da Constituição
americana que, entre outros, garante o direito à livre
expressão), apelou para um tribunal federal solicitando
seu embargo.
E foi atendida. Pelo menos provisoriamente: no último dia
dez o juiz federal Robert Lasnik suspendeu temporariamente a vigência
da lei porque, a seu juízo, ela é arbitrária
ao proibir a violência apenas contra agentes da lei. Diz
ele que o Estado não fez qualquer tentativa de restringir
a violência total a que os menores se expõem nem
tentou proibir a violência graficamente exposta em jogos
eletrônicos, como o assassinato e decapitação
de mulheres no jogo Grand Theft Auto: Vice City. Apenas
se preocupou com seus policiais (veja mais em <http://zdnet.com.com/2100-1104_2-1025032.html>.
A decisão não é definitiva mas impede que
a lei entre em vigor na data prevista. E a discussão, evidentemente,
vai prosseguir.
Afinal: os jogos eletrônicos estimulam ou simplesmente refletem
a violência?
PS: os atalhos (links) para os sítios
citados neste artigo podem ser encontrados na seção
Escritos de <www.bpiropo.com.br>.
B.
Piropo