O Globo
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24/11/1997
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Enfim, a vez e a hora do USB |
No final do ano passado eu dizia que "dentro de no máximo um ano [o USB] irá revolucionar a indústria dos computadores pessoais". Passou-se um ano, e nada. Pois bem: atrevo-me a repetir agora a mesma previsão. Primeiro, refresquemos nossa memória e vejamos o que tem o USB, ou Universal Serial Bus de revolucionário. Trata-se de um padrão de barramento que permite conectar ao computador não apenas aqueles dispositivos tradicionalmente pendurados nas portas paralela e serial, como modems, mouses, câmaras digitais e impressoras, mas também os que usam controladores específicos, como teclados, scanners, drives de CD-ROM, joysticks, drives de fita e de disquetes e discos rígidos externos. Além de muitos outros, pois o barramento pode receber coisas tão exóticas como telefones, secretárias eletrônicas e centrais telefônicas (o que permitirá, por exemplo, usar o micro para manejar automaticamente uma central telefônica e gerenciar caixas postais individuais de voz, fax e dados, além de reencaminhar chamadas para outros telefones no estilo "siga-me"). Em princípio, qualquer dispositivo que não exija taxas de transferência superiores a 12 Mb/s (Megabits por segundo) pode ser conectado. Até um máximo teórico de 127 dispositivos ao mesmo tempo, o que acaba de vez com o dilema do número limitado de portas paralelas e seriais suportados pelo PC. E tudo isto sem se preocupar com endereços de I/O e linhas de interrupção (IRQ). E, o melhor de tudo, não mais será preciso abrir o micro para incluir um novo dispositivo: basta encaixar o conector na traseira do gabinete sem nem ao menos desligar a máquina, pois o padrão suporta conexões "a quente". A coisa é tão bem pensada que, em alguns casos, não será preciso nem mesmo "ligar" o periférico: como o padrão prevê alimentação opcional de energia através do próprio conector USB e como os pinos que recebem a alimentação são mais longos que os demais, ao se enfiar o conector na tomada o dispositivo é automaticamente "ligado" e conectado ao sistema. Acontece que para usufruir as delícias do USB é preciso que tanto o BIOS do micro quanto o sistema operacional o suportem. Além, é claro, do próprio dispositivo (ou seja, não dá para adaptar um modem um uma impressora existentes para o padrão USB: para aderir, você terá que comprar um modem ou uma impressora USB). O suporte no BIOS já existe em praticamente toda placa-mãe moderna (verifique na sua: procure no setup pela opção de habilitar o suporte ao USB). No sistema operacional, também: a MS o incluiu quase subrepticiamente no chamado OSR2, ou versão 4.00.950b de Windows 95. O que na verdade está faltando são os periféricos. Algo surpreendente se levarmos em conta que, de acordo com a página do USB na Internet, em [http://www.usb.org], somente os líderes do mercado da informática estão desenvolvendo mais de 250 produtos aderentes ao padrão. Então, se já existe suporte tanto de hardware quanto de software, por que razão eles ainda não foram lançados? Penso que a explicação está no fato de ser o USB novo demais e revolucionário demais. E mesmo em um mercado ávido por coisas novas e revolucionárias, todo mundo fica com um pé atrás face a algo assim tão diferente. Então, para que um padrão tão inovador possa se disseminar, é preciso uma imensa campanha publicitária. Ora, as novas versões de sistema operacional não somente suportam USB, como apostam pesado em seu sucesso. Inclusive o OS/2 Server, Windows 98 e NT 5, cujos lançamentos se darão antes do final do próximo ano. E nada como aproveitar a campanha de lançamento de um novo sistema para divulgar seu próprio produto. Portanto, ao que parece a indústria está toda esperando o bonde para embarcar de carona. O que justifica repetir minha previsão: trata-se de um padrão que, dentro de no máximo um ano, irá revolucionar a indústria dos computadores pessoais. Agora, tem o seguinte: se falhar de novo, nunca mais faço outra previsão nesta indústria maluca.
B. Piropo |