Hoje
você não está disposto a trabalhar. É
carnaval e você está mais a fim é de se divertir.
Tudo bem: para isto o micro também serve. Não apenas
serve, como oferece um mundo de opções, desde joguinhos
sem compromisso até umas tantas horas navegando sem destino
pelos mares da Internet. Ou então, quem sabe, simplesmente
rodando o Kai's Power Goo, da Metatools.
O Kai's
Power Goo é um poderoso e sofisticadíssimo programa
gráfico. O curioso é que, embora empregando o estado
da arte da tecnologia de imagens (é o irmão mais novo
do Kai's Power Tools, o add-on preferido por dez entre dez artistas
gráficos que usam o Adobe Photoshop), não serve absolutamente
para nada. Exceto, é claro, deformar imagens, que é
sua única habilidade. Mas é o tipo do programinha
divertido. E bota divertido nisso.
O Kai's
Power Goo é formado por dois módulos distintos. Um
deles chama-se "goo" e é capaz de trabalhar com
imagens nas quais manipula regiões que vão sendo esticadas
e comprimidas como se fossem estampadas em uma superfície
elástica que vai sendo deformada aos poucos (o programa as
chama de "imagens líquidas"). Durante o processo
de deformação é possível gravar imagens
intermediárias e posteriormente usá-las para criar
um "goovie" (fusão de "goo" com "movie"),
ou seja, uma animação na qual a imagem vai mudando
de forma suavemente, passando sucessivamente por todas as fases
intermediárias e retornando à inicial. Com alguma
habilidade você pode, por exemplo, capturar uma foto da Bruna
com o scanner e alterar pouco a pouco o formato dos lábios
e das pálpebras, fazendo-a jogar um beijo e piscar para você
com um arzinho tão safado que vai fazê-lo passar o
carnaval inteiro admirando sua obra, rodando o goovie sem parar.
O outro
módulo denomina-se "fusion" e trabalha com duas
imagens simultaneamente, permitindo selecionar regiões de
uma delas e transferi-las para a outra. O resultado é uma
imagem final formada por "pedaços" de ambas as
imagens iniciais. Evidentemente o programa fornece ferramentas que
permitem suavizar as bordas das regiões intermediárias,
de modo que com um mínimo de habilidade é possível
gerar fusões curiosíssimas onde não se percebe
descontinuidade alguma, embora se possa identificar que regiões
vieram de que imagem. Por exemplo: ao se fundir as imagens de um
homem e de um burro, mesmo sendo impossível detectar qualquer
solução de continuidade, dá para perceber que
pedaços vieram do burro e que pedaços vieram do homem
(se você tentar e não conseguir, não desespere:
na maioria das vezes basta trocar o homem usado como modelo; há
casos em que, de fato, é impossível distinguir).
O programa
só é fornecido em CD-ROM (que tem que permanecer no
drive enquanto é executado) e não vem com manual impresso.
As instruções de uso e o tutorial, que vêm no
CD-ROM, são mais do que suficientes, pois o programa é
de uma extraordinária simplicidade de uso. A única
dificuldade é se acostumar com a exótica interface
utilizada por todos os produtos da Metatools. Vencida esta etapa,
a coisa não somente fica fácil como divertida. As
poucas ferramentas adotadas pelos dois módulos são
eficientes, intuitivas e fáceis de usar. Com um mínimo
de prática você se surpreenderá fazendo fusões
incríveis e montando goovies divertidíssimos com as
fotos do carnaval (que podem ser gravados no formato AVI e exibidos
no Media Player do Windows).
A coisa
é tão simples que até este vosso criado, que
no que toca às artes gráficas nasceu com duas mãos
esquerdas, em pouco mais de uma hora já se sentia tão
à vontade que foi capaz de criar fusões engraçadíssimas
e gerar animações interessantes.
B.Piropo