Provavelmente
você conhece o ditado: “informação
é poder”. Dele, se pode derivar duas
conclusões: informação tem
“dono”, ou seja, pertence a alguém,
e pode ser armazenada (para ser ou não compartilhada).
Pegue o caso mais simples: você (ou uma pequena
empresa) e seu computador. As informações
estão armazenadas no disco rígido.
Um caso típico de armazenamento diretamente
conectado ao dispositivo de processamento, ou DAS
(Direct Attached Storage), a forma dominante no
final dos anos oitenta.
Subamos um degrau: uma empresa de porte médio
e sua rede local. Além da quantidade de informações
ser maior, deve estar à disposição
de toda rede. A solução é destacar
um computador apenas para “servir” informações
aos demais, o “servidor da rede”, com
discos rígidos de grande capacidade que armazenam
as informações. O armazenamento não
mais está conectado diretamente aos computadores,
está integrado à rede. Um caso de
NAS (Network Attached Storage). Assim se armazenava
grandes volumes de dados em 1995.
Mas as corporações passaram a produzir
mais informações. E precisavam protegê-la
contra desastres naturais, como terremotos ou inundações,
ou artificiais, como derrubadas de torres gêmeas.
Surgiu então um novo conceito, o de “rede
de áreas de armazenamento” (SAN, ou
Storage Area Network), onde dispositivos capazes
de armazenar imensas quantidades de informações
eram ligados em rede, com mecanismos de segurança
baseados em redundância e espelhamento que
garantiam que jamais um único bit de informação
fosse perdido (exceto no caso em que o dispositivo
principal ficava em uma torre, o “espelho”
em outra e ambas foram abatidas, um caso real ocorrido
em 2001). Essa rede de armazenamento alimenta dezenas
ou centenas de servidores de outras redes. A informação
é solicitada por um micro de uma rede a seu
servidor, que por sua vez a solicita à SAN,
recebe dela e a repassa a quem solicitou. Essa é
a forma moderna, adotada a partir de 2000, para
armazenar, preservar e recuperar imensas quantidades
de informações.
Mas de quanta informação estamos falando?
Um levantamento realizado por uma equipe de pesquisadores
da Universidade da Califórnia, Berkeley,
estimou que apenas em 2002 foi gerado um volume
de informações correspondente a cinco
exabytes (um exabyte é igual a um bilhão
de gigabytes). E que isso corresponde ao dobro das
informações geradas apenas três
anos antes. Portanto, não somente a quantidade
de informação gerada é brutal
como está crescendo exponencialmente.
Logo, não é de admirar que empresas
tenham se especializado no armazenamento externo
de informações (ou seja, armazenamento
tipo SAN). A líder deste mercado é
a EMC. Que, apesar do baque sofrido com a crise
no mercado de informática em 2002, apresenta
sinais de vigorosa recuperação: no
último trimestre de 2003 faturou mais de
1,8 bilhão de dólares, muito próximo
ao desempenho dos melhores trimestres de 2001.
Semana passada ela convocou a imprensa especializada
para dar conta desta e de outras notícias.
Destacou que a recuperação deve-se
principalmente a uma mudança de estratégia
que a levou a evoluir de fabricante de dispositivos
de armazenamento externo para uma empresa especializada
no gerenciamento de informações. Essa
mudança fez com que a porcentagem da receita
obtida com a venda de software (28%) e serviços
(42%) ultrapassem de muito a obtida com a venda
de sistemas. Para isso concorreu bastante uma agressiva
e vitoriosa política de aquisições
de empresas, que vieram a suprir lacunas dos produtos
originais da EMC. Essas aquisições
incluíram a Legato (software de segurança
e recuperação de dados), a Documentum
(gerenciamento de documentos) e a VMWare (software
de virtualização de sistemas, capazes
de emular diversos servidores independentes em uma
única máquina).
Com isso a EMC se sente pronta para desenvolver
sistemas de gerenciamento do ciclo de vida da informação
(ILM, Information Lifecycle Management), que acompanha
cada byte de dado desde que é criado, protegendo-o,
fornecendo-o quando alguém o solicita, migrando-o
para sistemas de cópias de segurança
quando ele perde a importância (podendo retorná-lo
ao sistema principal caso seja solicitado), arquivando-o
e, finalmente, descartando-o para poupar espaço
de armazenamento quando ele não mais for
necessário. Tudo isso de forma automática,
sem intervenção do usuário.
Um conceito revolucionário que norteará
o armazenamento de informações no
futuro próximo e que a EMC pretende continuar
liderando.