Sítio do Piropo

B. Piropo

< O Globo >
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23/02/2004

< Gerenciando Informações >


Provavelmente você conhece o ditado: “informação é poder”. Dele, se pode derivar duas conclusões: informação tem “dono”, ou seja, pertence a alguém, e pode ser armazenada (para ser ou não compartilhada).
Pegue o caso mais simples: você (ou uma pequena empresa) e seu computador. As informações estão armazenadas no disco rígido. Um caso típico de armazenamento diretamente conectado ao dispositivo de processamento, ou DAS (Direct Attached Storage), a forma dominante no final dos anos oitenta.
Subamos um degrau: uma empresa de porte médio e sua rede local. Além da quantidade de informações ser maior, deve estar à disposição de toda rede. A solução é destacar um computador apenas para “servir” informações aos demais, o “servidor da rede”, com discos rígidos de grande capacidade que armazenam as informações. O armazenamento não mais está conectado diretamente aos computadores, está integrado à rede. Um caso de NAS (Network Attached Storage). Assim se armazenava grandes volumes de dados em 1995.
Mas as corporações passaram a produzir mais informações. E precisavam protegê-la contra desastres naturais, como terremotos ou inundações, ou artificiais, como derrubadas de torres gêmeas. Surgiu então um novo conceito, o de “rede de áreas de armazenamento” (SAN, ou Storage Area Network), onde dispositivos capazes de armazenar imensas quantidades de informações eram ligados em rede, com mecanismos de segurança baseados em redundância e espelhamento que garantiam que jamais um único bit de informação fosse perdido (exceto no caso em que o dispositivo principal ficava em uma torre, o “espelho” em outra e ambas foram abatidas, um caso real ocorrido em 2001). Essa rede de armazenamento alimenta dezenas ou centenas de servidores de outras redes. A informação é solicitada por um micro de uma rede a seu servidor, que por sua vez a solicita à SAN, recebe dela e a repassa a quem solicitou. Essa é a forma moderna, adotada a partir de 2000, para armazenar, preservar e recuperar imensas quantidades de informações.
Mas de quanta informação estamos falando? Um levantamento realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade da Califórnia, Berkeley, estimou que apenas em 2002 foi gerado um volume de informações correspondente a cinco exabytes (um exabyte é igual a um bilhão de gigabytes). E que isso corresponde ao dobro das informações geradas apenas três anos antes. Portanto, não somente a quantidade de informação gerada é brutal como está crescendo exponencialmente.
Logo, não é de admirar que empresas tenham se especializado no armazenamento externo de informações (ou seja, armazenamento tipo SAN). A líder deste mercado é a EMC. Que, apesar do baque sofrido com a crise no mercado de informática em 2002, apresenta sinais de vigorosa recuperação: no último trimestre de 2003 faturou mais de 1,8 bilhão de dólares, muito próximo ao desempenho dos melhores trimestres de 2001.
Semana passada ela convocou a imprensa especializada para dar conta desta e de outras notícias. Destacou que a recuperação deve-se principalmente a uma mudança de estratégia que a levou a evoluir de fabricante de dispositivos de armazenamento externo para uma empresa especializada no gerenciamento de informações. Essa mudança fez com que a porcentagem da receita obtida com a venda de software (28%) e serviços (42%) ultrapassem de muito a obtida com a venda de sistemas. Para isso concorreu bastante uma agressiva e vitoriosa política de aquisições de empresas, que vieram a suprir lacunas dos produtos originais da EMC. Essas aquisições incluíram a Legato (software de segurança e recuperação de dados), a Documentum (gerenciamento de documentos) e a VMWare (software de virtualização de sistemas, capazes de emular diversos servidores independentes em uma única máquina).
Com isso a EMC se sente pronta para desenvolver sistemas de gerenciamento do ciclo de vida da informação (ILM, Information Lifecycle Management), que acompanha cada byte de dado desde que é criado, protegendo-o, fornecendo-o quando alguém o solicita, migrando-o para sistemas de cópias de segurança quando ele perde a importância (podendo retorná-lo ao sistema principal caso seja solicitado), arquivando-o e, finalmente, descartando-o para poupar espaço de armazenamento quando ele não mais for necessário. Tudo isso de forma automática, sem intervenção do usuário.
Um conceito revolucionário que norteará o armazenamento de informações no futuro próximo e que a EMC pretende continuar liderando.

B. Piropo