Sítio do Piropo

B. Piropo

< O Globo >
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24/06/2002

< Cinto de Utilidades >


Controle remoto: taí um negócio que quase todo mundo usa e pouca gente se preocupa em saber como funciona. E nem é tão complicado assim. Na maioria dos casos a tecnologia usada é o infravermelho, um tipo de energia “radiante”, ou seja, capaz de se irradiar a partir de uma fonte, como ondas de rádio, luz e calor. O infravermelho, por sinal, é uma radiação cujo comprimento de onda se situa justamente entre o da luz e o do calor. Se fosse um pouco mais curta, seria visível sob a forma de um feixe de luz vermelha. Se fosse um pouco mais longa, seria possível “senti-la” sob a forma de calor. Do jeito que é, funciona como uma espécie de “luz invisível”, ou seja, não percebida pelo olho humano, porém passível de ser captada por sensores. No controle remoto há um emissor de radiação infravermelha. No dispositivo controlado (televisão, aparelho de som, DVD, videocassete, datashow ou seja lá o que for), há um sensor. Basta apontar o emissor para o sensor e apertar os botões certos para disparar um feixe de radiação infravermelha que transmite um código que, por sua vez, acionará a função desejada no aparelho controlado. A potência usada pelos aparelhos de controle remoto doméstico está na faixa regulada pelo padrão “consumer infrared”, com um alcance limitado a pouco menos de oito metros (mais exatamente 7,63 m, ou 25 pés).

Se você usa um desses micros de mão, a evolução da velha agenda eletrônica mais conhecida como “Palmtop PC”, “Pocket PC” ou PDA (de “Personal Digital Assistant”), certamente reparou que também ele usa a tecnologia infravermelha. No caso, trata-se do padrão estabelecido pela IrDA (Infrared Data Association) com o objetivo de transmitir dados. Cada micrinho tem ao mesmo tempo um transmissor e um sensor de radiação infravermelha. Basta alinhar os dois micros, acionar a função correta e em um aparente passe de mágica os dados saltam através do espaço de um para o outro. Basicamente a tecnologia é a mesma usada pelos controles remotos, só que com um alcance muito menor: menos de um metro (dois a três pés, ou 0,61 m a 0,92 m).

Pois bem: não faltava muito para que alguém juntasse as duas coisas. E esse alguém foi a Universal Electronics, uma empresa da Califórnia, EUA, que semana passada lançou o Nevo (acrônimo de Next Evolution). Trata-se de um conjunto de hardware e software concebido para ser integrado a um micro de mão com o objetivo de fazer com que ele se comporte também como controle remoto universal. O Nevo já vem pré-programado com interfaces para controlar vinte tipos diferentes de dispositivos e mais de cento e dez mil códigos, o suficiente para controlar praticamente qualquer coisa que use um sensor infravermelho. E tanto códigos adicionais como software para controlar outros dispositivos poderão ser obtidos no sítio <www.mynevo.com/about.htm>, onde há ainda uma interessante animação em flash demonstrando o funcionamento da tecnologia que vale a pena ser vista.

Os micrinhos de mão estão incorporando cada vez mais funções, que vão desde o armazenamento de imagens coloridas em alta definição, vídeos e música em MP3 até gerenciamento de correio eletrônico. E tornando a entrada de dados cada vez mais amigável (veja artigo de Yaredena Arar em <www.pcworld.com/news/article/0,aid,63346,00.asp>). Alguns já mantém uma conexão permanente com a internet. Agora, eles serão também capazes de controlar remotamente quase tudo, de ventiladores a projetores de vídeo.

Segundo Ephraim Schwartz, da InfoWorld (veja artigo em <www.pcworld.com/news/article/0,aid,102017,tk,dn061902X,00.asp>), brevemente estará disponível o primeiro micro de mão que incorporará o Nevo. O bichinho chegará ao mercado ainda este ano e, segundo Schwartz, seu fabricante, a ser anunciado nesta semana, será um dos três líderes do segmento. Espera-se que os demais venham a aderir brevemente e especula-se que a nova versão do sistema operacional da Palm, o Palm OS 5, irá incorporar a função de controle remoto.

É esperar para ver. Os PDAs praticamente já deram sumiço nas agendas eletrônicas e nas calculadoras de mão. Brevemente, quando incorporarem a função de telecomunicações via voz e internet, farão desaparecer os telefones celulares. E, agora, os controles remotos.

Do jeito que as coisas vão, parece que estão a ponto de se tornarem o cinto de utilidades do Batman moderno.

(Os atalhos – ou “links” – incluídos neste artigo podem ser encontrados na seção Escritos desta semana do Sítio do B.Piropo, em <www.bpiropo.com.br>).

B. Piropo