Semana
passada, ao anunciarmos a COMDEX, previmos uma disputa entre a Intel
e a AMD pela liderança na liça dos microprocessadores
para a linha PC. Pois a AMD ganhou com o pé nas costas. Porque
o Pentium III 600 da Intel é realmente uma beleza, mas não
passa de um Pentium III mais rápido. Já o chip da AMD
é inteiramente novo. Tanto, que a AMD decidiu abandonar a linha
"K" e batizou seu microprocessador de "Athlon".
Segundo o Gerente Geral da AMD para a América do Sul, Celso
Previdelli, pesquisas de mercado indicaram que o usuário associava
o prefixo "K" a qualidade e baixo preço, mas não
à liderança tecnológica. E o Athlon não
poderia chamar-se "K7", como o mercado esperava, já
que veio exatamente para ocupar esta liderança. E parece que
ocupou mesmo...
O chip
é um foguete. Em seu estande a AMD montou duas máquinas
idênticas, com configuração rigorosamente igual,
uma delas equipada com um Athlon 550 e a outra com um Pentium III
550 (o mais rápido disponível na ocasião) e
nelas rodou simultaneamente a mesma suite de testes de desempenho.
A cada rodada o Athlon mostrava um desempenho mais de dez porcento
superior. E note que enquanto o Pentium III mais rápido disponível
é o 600, a AMD já colocou no mercado (por enquanto
apenas para os fabricantes OEM) a versão de 650 MHz de seu
Athlon. Não há dúvida: pela primeira vez em
muitos anos o chip de melhor desempenho para a linha PC não
ostenta o logo da Intel.
Para
conseguir isto a AMD mudou significativamente a microarquitetura
de seu processador. Essencialmente, o Athlon é um chip RISC
(as instruções complexas são decodificadas
antes de serem oferecidas a ele) fabricado com tecnologia de 0,25
mícron, contendo 22 milhões de transistores, que adota
uma arquitetura superescalar de nove "pipelines", três
deles dedicadas apenas a cálculos de endereços, três
a cálculos de números inteiros e três a cálculos
de números com ponto flutuante. Seu cache interno de 128K
(quatro vezes maior que o do Pentium III) opera na mesma freqüência
do processador, enquanto o cache externo L2, montado no mesmo cartucho,
opera na metade desta freqüência e por enquanto, como
o Pentium III, tem apenas 512K. Mas o projeto foi concebido para
estendê-lo até 8 Mb, o que praticamente liquida com
o conceito de "tri level cache" da própria AMD,
já que com 8Mb de cache L2 dificilmente alguém irá
desejar um cache L3 na placa-mãe, mais lento já que
roda na freqüência do barramento frontal que,
por sinal, é de 200MHz, o dobro do usado pelo Pentium III.
Em suma: chip para ganhar a briga a AMD já tem. Falta agora
melhorar sua estratégia de distribuição e fabricação,
facilitando ao usuário final o acesso a seus produtos e convencer
aos fabricantes de placa-mãe a produzir placas para o Athlon,
já que seu encapsulamento é diferente, exige um chipset
próprio (a AMD oferece o seu, o AMD-750) e não é
compatível com nenhum outro modelo, seja da Intel, seja da
própria AMD.
Não
muito longe da AMD, a National exibia seu WebPad. Um tablete mais
ou menos do tamanho de um livro, com uma tela colorida de cristal
líquido. Toque nela com um estilete e navegue na Internet
como se estivesse no seu micro. Com um detalhe: o WebPad não
tem fio e conecta-se através de radiofreqüência
emitida por uma estação base. Segundo Steve Tobak,
Vice Presidente da National, o WebPad é apenas um dos muitos
dispositivos de comunicação e entretenimento que brevemente
invadirão o mercado. E a National está preparada para
abocanhar seu naco com o Geode GLXV. Lembra-se do Midia GX da Cyrix,
que foi vendida recentemente pela National? Pois trata-se dele mesmo,
que a National não incluiu na transação, com
nova roupagem e adaptado às novas necessidades. Segundo meu
bom amigo Abel Alves, a National vendeu o osso mas ficou com o filé.
Mas
nem só de CPUs vive a COMDEX. O estande da Samsung congestionou
em torno de três produtos: Voice Pen, Yepp e monitores de
cristal líquido. O Yepp é a resposta da Samsung ao
Rio, da Diamond: um gravador/reprodutor de MP3 com 32Mb de memória,
microfone embutido que grava 64 minutos de música codificada
no formato MP3 e pesa pouco mais de 70 gramas. A Voice Pen é
uma estranha caneta que não escreve mas grava e reproduz
som. Cumpre as funções básicas daqueles pequenos
gravadores com que os repórteres de rádio costumam
agredir o nariz dos entrevistados e ganhou o nome devido ao formato,
que imita uma caneta. E os monitores de cristal líquido de
15, 17 e 18 polegadas são um sonho de consumo, com suas cores
vibrantes e magnífica definição. A turma se
juntava, olhava e, ao saber o preço, chorava um pouco e ia
embora: Yepp a US$ 350, Voice Pen a US$ 150 e o monitor de 18 polegadas
a US$ 8.800.
Tinha
mais, naturalmente. A Microsoft deu as últimas notícias
sobre o andamento de seu Windows 2000 na palavra de Edmund Muth,
Diretor da Divisão de Negócios da MS. Que confirmou
o lançamento para ainda este ano. Como prova, distribuiu
a primeira versão beta de Windows 2000 com status de "release
candidate". E é bom que a MS se apresse mesmo: logo
ao lado, o Pavilhão Linux fervilhava de gente interessada.
Alguns, informando que ali estavam motivados, quem diria, pela própria
MS, que com sua campanha anti-pirataria está empurrando a
turma para uma alternativa viável, segura, estável
e mais barata. Segundo eles, essa alternativa é o Linux.
Fiquei tão bem impressionado com o que vi rodando por lá
(e com a convincente evangelização a que fui submetido
pelo competente Maruen Ghadieh, da Conectiva) que, mesmo gato escaldado
pelo OS/2, decidi a tomar um banho na água fria do Linux
e pretendo instalá-lo breve. E por falar em sistemas operacionais,
sempre é bom lembrar do velho DOS. Por isto a Data Safe estava
lá, com o DR DOS 7.0, devidamente adaptado para o ano 2000,
uma solução mais que decente para quem só precisa
rodar programas DOS e não quer instalar uma interface gráfica.
Além
dos sistemas, tinha de tudo. A PowerQuest dava uma impressionante
demonstração de seus programas de segurança,
permitindo que o visitante fizesse qualquer desgraça com
duas máquinas clientes (eu particionei o drive C de uma delas
e criei uma partição defeituosa) para fazer ambas
retornarem ao estado original em minutos a partir da imagem armazenada
no servidor. A DTS Software, além de seus produtos da linha
DIC, agora comercializados pela Amigo Mouse, cadastrava desenvolvedores
para receber seu Catálogo DTS, uma revista dirigida a programadores
de distribuição gratuita. E havia as curiosidades
de praxe. Como o EZPiano, distribuído pela Impat Eletrônica,
um teclado de face dupla. De um lado, teclado mesmo: com todas as
teclas, de A a Z, como esse que está na frente de seu computador.
Emborque-o, e do outro lado aparece outro teclado. Teclado mesmo,
com todas as teclas, de dó a si, como este que está
na frente de seu piano. O teclado vem com um software auxiliar que
permite tocar música no seu micro como se fosse em um piano.
Esse pessoal inventa cada uma...
B.
Piropo