Um
dos problemas de quem usa Windows é o lixo acumulado no disco
rígido. Uma montanha de inutilidades que vão desde
arquivos duplicados, bibliotecas de ligação dinâmica
(DLLs) redundantes, arquivos "órfãos" que
ficam no disco após desinstalar programas, arquivos gerados
durante a instalação de programas mas jamais utilizados,
em suma, um mundo de porcarias. E como se não bastasse, veio
a Internet para complicar as coisas ainda mais.
E complicou
muito. Primeiro, com o cache, uma função que grava
no HD o conteúdo das últimas páginas acessadas
com o objetivo de acelerar a carga caso você venha a acessá-las
novamente, lendo os dados no disco ao invés de esperar que
eles gotejem lentamente através da linha telefônica.
Mas não é só isto: há também
os cookies, plug-ins e controles ActiveX.
Cookies
são arquivos com dados sobre você e sua máquina
que alguns sítios gravam em seu disco. Assim, caso sejam
acessados novamente, as coisas podem ser aceleradas pela identificação
de "conhecido". Mas se você nunca mais voltar ao
sítio, o cookie fica lá ocupando espaço. São
pequenos, é verdade: raramente passam de duzentos bytes.
Mas dependendo do sistema de arquivos, cada um pode reservar de
4K (para quem usa FAT32) até 32K (FAT 16 em discos maiores
que 1Gb). Eu, que não sou um grande colecionador de cookies
por freqüentar quase sempre os mesmos sítios, acabo
de verificar que há 58 destas pragas em meu HD que usa FAT16
com clusters de 16K, o que corresponde a um desperdício de
quase 1Mb. Se você é um aventureiro que costuma singrar
sem rumo por sítios nunca dantes navegados, pode estar dedicando
sem saber dezenas de Mb de seu HD a estas inúteis porcarias.
Plug-ins
são programas auxiliares que seu paginador usa para fazer
certas gracinhas. Por exemplo: nem o Nestcape nem o Internet Explorer
sabem tocar música. Mas alguns sítios insistem em
aporrinhar, digo, deleitar o visitante com uma musiquinha irritante
que ninguém suporta mais de alguns minutos (deve ser uma
estratégia para evitar visitas longas). Para ouvi-la é
preciso instalar um plug-in. Por vezes o usuário nem toma
conhecimento disto: ao detectar a ausência do plug-in o sítio
se oferece para instalá-lo e muita gente aceita sem se dar
conta de que pode estar aumentando consideravelmente o acúmulo
de lixo no HD. Há plug-in para quase tudo, da exibição
de vídeos à visualização de determinados
formatos de arquivos. E como se não bastasse, a MS inventou
os controles ActiveX, pequenos programas "embutidos" em
certas páginas que servem para exibir animações,
rodar scripts e coisas afins. O problema é que, como os cookies,
eles são transferidos para seu HD. Ao voltar à página,
se o controle já estiver na máquina, não é
preciso transferi-lo novamente e o acesso é mais rápido.
Mas se você nunca mais voltar àquele sítio,
o controle fica eternamente ocupando espaço em seu disco.
Coisas
que incomodam o usuário são vistas pela indústria
do software como oportunidade de negócios. E não demorou
para surgir toda uma safra de utilitários dedicados exclusivamente
à faxina de discos rígidos. O problema é que
a tarefa aparentemente inócua é na verdade um tanto
perigosa, pois a eliminação de uma DLL supostamente
inútil pode resultar na recusa de rodar um aplicativo que
depende dela. Portanto, há que escolher o utilitário
com cuidado.
Há
algum tempo me fixei no CleanSweep. Não é perfeito,
mas é o que mais se adapta a meu gosto e, segundo minha experiência,
apresenta o maior índice de acerto na identificação
dos arquivos que são efetivamente inúteis. Nesta máquina
que vos fala, após faxina que incluiu a desinstalação
de dezenas de programas, ele só errou uma vez ao recomendar
a eliminação de uma DLL que foi requisitada mais tarde
por um dos programas remanescentes. E mesmo assim não causou
dano algum, já que no processo de desinstalação
o CleanSweep recomenda guardar uma cópia comprimida dos itens
eliminados, e foi fácil reconstituir a indigitada DLL. Portanto,
foi com o sentimento de rever um velho conhecido que recebi o novo
CleanSweep Deluxe para avaliação.
As
funções tradicionais não mudaram muito, apenas
se tornaram um pouco mais rápidas. O conjunto de funções
"Cleanup" manteve a identificação e remoção
de arquivos duplicados, DLLs redundantes, arquivos pouco usados
e órfãos. As funções "Program",
para desinstalar, mudar de drive, comprimir para arquivar e fazer
cópias de segurança de programas, permaneceram praticamente
inalteradas, assim como as funções de edição
e "limpeza" do Registro de Windows 95.
As
mudanças se concentram na aba "Internet Sweep",
que abriga cinco funções. A primeira, Internet Uninstall,
desinstala programas recebidos via Internet. Ela somente se mostra
útil algum tempo depois da instalação, já
que depende do módulo residente para monitorar os arquivos
recebidos da rede. Mas com a tendência que todos temos de
baixar inutilidades, dentro de alguns meses tenho certeza que ela
será muito útil. As outras não dependem de
monitoramento e são capazes de identificar, respectivamente,
os cookies, plug-ins, controles ActiveX e páginas armazenadas
no cache. Estas últimas o programa propõe simplesmente
remover sem piedade, já que não fazem mesmo falta.
Quanto aos demais, apresenta uma lista e sugere o que fazer com
seus arquivos através de um código de cores: verde
para os que podem ser removidos sem dano, amarelo para os que talvez
possam ser removidos mas que eventualmente podem vir a ser necessários
e vermelho para os que certamente serão úteis.
Instalei
o programa e de uma única assentada recuperei 30Mb de espaço
em disco. É verdade que a maior parte foi devida à
limpeza do cache, que brevemente se encherá novamente. Mas
me livrei de mais de cinqüenta cookies, meia dúzia de
plug-ins inúteis e dois controles ActiveX.
Nos
dias de hoje, com a tendência à obesidade que nossos
discos rígidos têm demonstrado, um utilitário
de faxina é acessório indispensável. O CleanSweep
já era um dos melhores. Agora, com as novas funções
voltadas para a Internet, a concorrência terá que se
esforçar para manter a disputa.
B.
Piropo