Sítio do Piropo

B. Piropo

< O Globo >
Volte
05/07/2004

< A Intel lança os Celeron D >


Lá pelos idos de 1998 a Intel, que com a CPU Pentium era líder inconteste do mercado de microprocessadores de alto desempenho para a linha PC, começou a se sentir ameaçada. Ainda considerava seus chips os melhores, mas percebeu que a concorrente AMD estava abocanhando uma significativa porção do mercado com o Athlon, um chip à altura do Pentium que, por ser vendido a um preço muitíssimo mais atraente, tornou-se a opção ideal para as máquinas “low end”, micros mais baratos usados para missões não críticas. E como esse mercado não era nada desprezível, a Intel resolveu reagir. Mas, para não competir com ela mesma, lançou um novo processador denominado Celeron que era, digamos, um Pentium “enfraquecido”: menor freqüência de operação, menos memória interna e se comunicando com a memória através de um barramento mais lento.
Funcionou. Na verdade, funcionou tão bem que, dois anos mais tarde, a concorrente AMD usou o mesmo recurso para vender um processador ainda mais barato, o Duron. E a linha Celeron não somente perdura até hoje como vem sendo atualizada. Sempre, naturalmente, mantendo uma prudente distância do Pentium “topo de linha”. E, dando seqüência a essa evolução, a Intel lançou no último dia 24 os quatro mais recentes representantes da linha Celeron: os Celeron D 335, 330, 325 e 320.
As novidades começam pelo nome. Os Celeron aderiram à nova nomenclatura da Intel e passam a ostentar o sufixo D – de “Desktop”, concebidos para equipar micros de mesa – ou M – de “Mobile”, chips de menor consumo de potência destinados a equipar notebooks e assemelhados (por enquanto foram lançados apenas os Celeron D, esperando-se a versão M para os próximos meses). E, seguindo uma tendência há muito adotada pela rival AMD, a Intel deixou de incorporar a freqüência de operação à designação do chip (sim; ao contrário do que muita gente pensa, um Athlon XP 2200+, por exemplo, não opera a uma freqüência de 2200 MHz mas sim a 1800 MHz; o “2200”, segundo a AMD, é apenas um “índice de desempenho”). As freqüências de operação dos novos Celeron são de 2,8 GHz, 2,66 GHz, 2,53 GHz e 2,4 GHz para os modelos 335, 330, 325 e 320, respectivamente. E, para “sacramentar” a mudança, a Intel alterou o logotipo dos Celeron.
Nessa altura dos acontecimentos, se você conhece a linha de microprocessadores da Intel, talvez esteja um tanto confuso. Pois quando se lançam modelos novos, geralmente eles vêm com maior freqüência de operação. E já não existe um Celeron 2800? Então as novidades ficaram na mudança do nome e logotipo? Mas que mágica besta...
Na verdade sim, já existia um Celeron 2800. Porém seu desempenho é de 12% a 14% inferior ao do Celeron D 335, de mesma freqüência. Onde está o mistério?
Bem, o mistério está justamente na razão que levou a Intel a desvincular a freqüência de operação da designação do microprocessador: não é apenas dela que depende o desempenho. E, para comprovar, os novos Celeron D, embora operando na mesma freqüência, são mais rápidos que seus irmãos mais velhos por, basicamente, três razões.
A primeira é o processo de fabricação. Enquanto os antigos Celeron usavam camadas de silício de 180 nm e 130 nm (nanômetros, ou milionésimos de milímetro), os da estirpe “D” tem uma espessura de apenas 90 nm (mesma tecnologia usada para fabricação dos novos Pentium). E uma camada de silício mais fina significa menor resistência elétrica e melhor desempenho.
A segunda é ainda mais importante: o barramento de sistema (conjunto de linhas que interliga o processador à memória) funciona agora a 533 MHz, contra os 400 MHz dos antigos, um aumento de 33,3%. E como a maior parte das atividades do microprocessador depende de troca de informações com a memória, aumentar a freqüência do barramento de sistema influi significativamente no desempenho.
Finalmente, a terceira razão é a capacidade da memória cache de segundo nível (cache L2), que agora é de 256 Kb, o dobro da de seus antecessores. Um fator que também exerce decisiva influência sobre o desempenho.
E, além de tudo isso, o novo Celeron D incorpora as SSE3 (Streaming SMD Extensions 3, um conjunto de novas instruções otimizadas para aplicativos multimídia). Portanto a melhoria do desempenho não deve espantar ninguém.
É claro que mesmo assim o Celeron fica longe de um Pentium. O que também não é de estranhar, pois os novos Pentium também adotam as SSE3 e a tecnologia de 90 nm mas, além disso, têm um barramento de sistema de 800 MHz, cache L2 que vai até 1 Mb e empregam a tecnologia Hyper-Threading, que faz com suas duas linhas de processamento internas se comportem como se fossem dois processadores semi-independentes. Além de serem fornecidos com freqüências de operação que atingem os 3,6 GHz.
Mas ainda assim, se você não precisa de uma máquina super-poderosa, vale a pena dar uma olhada nos novos Celeron. O preço é bem menor e, afinal, nem todo o mundo precisa de um avião para ir todo o dia para o trabalho.
Às vezes, basta uma Ferrari.

B. Piropo