Sítio do Piropo B. Piropo |
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21/01/2002
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longo caminho percorrido até > |
No princípio, era o caos. Acrescentar um periférico a um micro era um exercício de loucura que incluía uma nem sempre bem sucedida luta para compatibilizar endereços de E/S, interrupções e canais de DMA. Depois, para facilitar a tarefa, foi criada a tecnologia “plug and play”. Mas o fato de ser conhecida por “plug and pray” é um indício seguro que o sucesso foi apenas relativo. Sem falar na profusão de portas paralelas, seriais e PS2 e seus conectores. Para pôr ordem na casa, nos idos de 1995, um grupo de empresas decidiu criar uma interconexão que tornasse o ato de acrescentar um novo periférico ao micro “tão simples quanto ligar um telefone a uma tomada”. O padrão deveria abranger não apenas os aspectos lógicos, como protocolo de troca de dados e drivers, como também os físicos, como cabos e conectores. Assim nasceu o barramento USB, de “Universal Serial Bus”. A idéia era excelente. Mas exigia mudar tanta coisa que poucos acharam que “vingaria”. Então o suporte a USB foi incluído em Windows, pela MS, e nos chipsets (circuitos que controlam o fluxo de dados entre os componentes da placa-mãe) de Intel e Apple. A partir de então praticamente todo micro passou a suportar USB e os fabricantes de periféricos perceberam que, depois dos usuários, seriam eles os maiores beneficiários de um padrão que não somente permitia atender às linhas PC e Apple com os mesmos produtos como também reduzia significativamente os custos de produção. E aderiram alegremente. Hoje em dia tropeça-se em todo o tipo de periférico USB, desde teclados e mouses até drives externos e máquinas fotográficas digitais. O padrão invadiu o mercado, solidificou-se na versão 1.1 e foi tão bem sucedido que os novos modelos da Apple, como o recém lançado iMac, aboliram todas as demais portas e ficaram apenas com USB e “firewire”. Há, no entanto, um problema: o USB 1.1 limita o fluxo de dados (ou “banda”) em 12 Mb/s (megabytes por segundo). Em princípio isso não seria um transtorno, pois é mais que suficiente para os periféricos para os quais o USB foi concebido. Na verdade, muito mais. Tanto assim que os que integram o grupo conhecido pelo nome genérico de “dispositivos de interface humana” (HID, de Human Interface Devices) como mouses, teclados e joysticks, são limitados a um fluxo de 1,5 Mb/s. Os 12 Mb/s ficam reservados para periféricos de maior demanda, como impressoras bidirecionais e drives externos. Porém, quando a indústria percebeu as vantagens de um padrão que permite conectar um periférico a um micro sem desligá-lo, resolve sozinho os problemas de endereços e interrupções e, como se não bastasse, interroga o sistema e carrega o driver adequado sem intervenção humana, exigiu mais. O resultado foi o surgimento do USB 2.0, ou “USB de alta velocidade” (High Speed USB). A nova versão foi desenvolvida em 2001 por um time de peso que incluiu Compaq, Hewlett Packard, Intel, Lucent, Microsoft, NEC e Philips e oferece compatibilidade absoluta com a versão 1.1: pode-se usar qualquer dispositivo 1.1 em um sistema 2.0 e vice-versa. A única diferença entre as versões é o fluxo de dados. E, surpreendentemente em uma indústria onde as melhorias costumam se manifestar na forma de pequenos avanços, o salto foi assombroso: de 12 Mb/s para 480 Mb/s, uma taxa quarenta vezes superior. Com essa enorme taxa de transferência, o padrão USB 2.0 promete revolucionar novamente a indústria viabilizando o uso de gravadores externos de DVD ou CD (cujos novos drives 24x10x40 demandam um fluxo de 28 Mb/s do HD para o CD e de 48 Mb/s no sentido inverso), discos rígidos e controladores de rede de alto desempenho. É claro que há limitações. Um periférico 1.1 conectado a um sistema 2.0 não poderá funcionar a 480 Mb/s (mas se ajustará automaticamente para 12 Mb/s) e um “hub” (dispositivo que permite ligar diversos periféricos a uma única porta USB) 1.1 limitará em 12 Mb/s o fluxo de todos os periféricos ligados a ele, inclusive outros hubs, mesmo que sejam 2.0. Mas o avanço é imenso. O padrão está na rua e já se encontram placas adaptadoras para acrescentar portas USB 2.0 a micros existentes. Isso e mais a decisão da MS de incluir suporte para USB 2.0 em Windows (já há um “patch” para Windows XP) fará com que o número de periféricos USB 2.0 cresça exponencialmente. Hoje já há discos rígidos externos (como o Maxtor 3000LE de 40 Gb e os HDs da QPS de 60 e 100 Gb), drives externos de CD-RW e DVD (da QPS – veja em <www.qps-inc.com>) e um sem número de adaptadores (Maxtor, Iogear, Adaptec e Belkin). Se você quiser saber mais sobre o padrão, visite o sítio do USB Implementers Forum, em <www.usb.org>. Nele, além de respostas a perguntas freqüentes (FAQs) e detalhes técnicos sobre USB, você encontrará uma imensa lista de produtos e fabricantes. No final de 97, em um artigo (ainda disponível na seção “Escritos/Arquivos no Globo” de meu sítio, em <www.bpiropo.com.br>) sobre USB, eu afirmava que dentro de no máximo um ano ele revolucionaria a indústria dos computadores pessoais. Acertei. Hoje, arrisco mais uma previsão: 2002 será o ano do USB 2.0. É esperar para ver. E procurar pelo logo da versão 2.0 quando comprar um periférico USB: ele é idêntico ao da versão 1.1, em azul e branco, porém com uma faixa vermelha na parte superior onde se lê “high speed”. B. Piropo |