O Globo
|
||
29/12/1997
|
Inclua o Backup em Suas Resoluções de Ano Novo |
Vivemos aquela época maravilhosa quando analisamos cuidadosamente nossos desacertos e decidimos definitivamente que o próximo ano não vai ser igual aquele que passou, tomando firmes e irremissíveis resoluções de ano novo que começam a vigorar rigorosamente no dia primeiro e raramente duram mais que uma semana. Portanto, semana que vem todo o mundo estará decidido a fazer backup de seus dados. Como semanas assim são raras, aproveitêmo-la para dar umas dicas sobre o assunto. Backup, para quem não sabe, é a cópia de segurança dos dados armazenados em discos rígidos. Considerando-se que estes dados estão armazenados em uma finíssima camada magnética sobre uma superfície delicadamente polida na qual o menor arranhão provoca um dano irreparável, em discos que giram a milhares de rotações por minuto separados por uma distância menor que um fio de cabelo de uma cabeça magnética que não pode tocar a superfície sob pena de danificá-la irremediavelmente, considero o ato de não fazer regularmente cópias de segurança a maior demonstração de fé coletiva desde os tempos de Maomé. Na verdade, muito maior, já que ele sempre podia resolver a questão da inamovibilidade da montanha desistindo da prece e indo à ela, enquanto seus dados, depois de perdidos, não há fé que os traga de volta. Há diversos modos de se fazer backup. Mas todos são demorados, trabalhosos e desagradáveis. Por isto tão poucos se dão ao trabalho de repetir regularmente uma ação tediosa e aparentemente inútil, feita sempre com a esperança de que jamais venha a ser necessária. Se bem que seria bastante elucidativo notar que, destes poucos, a maioria é de indivíduos que jamais fizeram backup até o dia em que o infortúnio levou desta para melhor o disco rígido no qual confiavam cegamente seus dados essenciais, confirmando a tese do gato escaldado e seu proverbial medo da água fria. Então vamos aos fatos. Antes de iniciar o backup, há que se tomar quatro decisões: de que, quando, como e onde fazer backup. A primeira é a decisão mais fácil. O backup inicial deve ser completo, incluindo todos os arquivos de todos os discos rígidos. Daí em diante basta o chamado "backup incremental", ou seja, apenas dos arquivos criados ou modificados desde o backup anterior, facilmente identificáveis pelo atributo denominado "archive", que é "setado" quando o arquivo é copiado e "resetado" quando é modificado. Recomendo backups completos em intervalos maiores e incrementais em intervalos menores. A duração destes intervalos nos leva, justamente, à segunda decisão: quando fazer backup. Que varia de caso a caso, posto que depende da importância dos dados e da freqüência com que os arquivos são modificados. Um usuário casual que altera meia dúzia de arquivos por mês pode fazer um backup completo a cada ano (que tal semana que vem?) e um incremental a cada mês. Uma empresa comercial, que depende de seus dados para faturar e que está constantemente alterando seus arquivos, pode fazer um backup completo a cada dia e um incremental a cada hora. Na maioria dos casos, um backup completo semanal e um incremental diário são suficientes. A próxima decisão, como fazer backup, é uma questão de gosto e de estilo. O usual são programas de backup. Os mais simples são os fornecidos com os próprios sistemas operacionais. Que, no entanto, costumam ser limitados e pouco amigáveis. Mas há os comerciais, como o excelente QuickBackup da McAfee, muito mais flexíveis e fáceis de usar. Os bons programas de backup podem ser configurados para trabalhar em segundo plano e copiar dados em intervalos determinados, fazendo backup completo ou incremental de arquivos selecionados por critérios variados (tipo, localização, data de criação, etc.), usando ou não compressão de dados e com operação facilitada pelo uso dos auxiliares de configuração ("wizards") e de funções avançadas das modernas interfaces gráficas, como arrastar e soltar e uso dos menus de contexto. Mas há outras formas, que vão desde a simples escolha pelo usuário dos arquivos e sua cópia em disquetes, até esquemas mais sofisticados que incluem a compressão dos arquivos selecionados usando programas como o shareware WinZip da Nico Mak ou o Zip-It da Quarterdeck. E há ainda o recurso de criar uma cópia completa ou "imagem" dos discos rígidos usando programas específicos para tal fim, como o CopyMachine, fornecido com o Jaz Drive da Iomega, o ImageStor, distribuído juntamente com o QuickBackup ou o DriveImage, da Power Quest. Como disse, a escolha é uma questão de estilo. Eu, particularmente, crio uma imagem de meu drive C, que abriga o sistema operacional (e que, em caso de desastre, pode simplesmente ser restaurada sem exigir a reinstalação do sistema) e uso um programa de backup para os demais discos rígidos. Finalmente, a decisão mais crucial: onde fazer backup. Em princípio, qualquer dispositivo em que se possa gravar dados serve, inclusive disquetes de 1,44Mb. Mas fazer backup de HDs de alta capacidade em disquetes de 1,44 Mb pode ser considerado pena alternativa para crimes leves. Por isto os discos de alta capacidade, como Zip e similares, capazes de armazenar 100 Mb a 120 Mb, têm se tornado o dispositivo preferido para backups. Fitas magnéticas (ou "streamers") já foram mais populares e retornam agora com o Ditto da Iomega, que adota o padrão Travan, e as rápidas porém caras fitas DAT. Programas como o Direct Tape Access da Seagate que permitem ao sistema operacional "enxergar" a fita como um drive estão ajudando as fitas streamer a reconquistar sua posição de destaque, competindo com os meios removíveis de um Gb, como o Jaz da Iomega e o SparQ da Syquest. Ultimamente duas opções têm se destacado como meio alternativo de armazenamento de backups. Uma delas é o próprio disco rígido: com a evolução do padrão EIDE, que permite conectar até quatro HDs em um micro, a enorme queda do custo do Mb armazenado, a rapidez da transferência dos dados e a facilidade do uso, manter um HD (ou uma partição) no micro exclusivamente para armazenar backups é uma opção cada vez mais atraente. Faça as contas e veja se não vale a pena - especialmente quando se usa um programa de backup que permite comprimir dados. O outro começa a se popularizar com a Internet: manter a cópia de segurança em um sítio remoto e fazer backups regulares transferindo dados via FTP. A McAfee mantém um sítio exclusivamente para este fim, em [http://www.mcafeemall.com/mstore/backup.html]. O custo mensal é de US$ 10 por 30 Mb de armazenamento. Em termos de segurança é a solução ideal: os dados ficam armazenados tão longe do micro que o sistema torna-se à prova de incêndio e catástrofes naturais, como terremoto e inundação. Como você vê, são tantos e tão variados os meios e modos de fazer backup que nunca foi tão fácil concretizar sua resolução de ano novo. Aproveite.
B. Piropo |