O Município de Mangaratiba se espraia por mais de 360 quilômetros quadrados. Além da sede, abrange ainda as comunidades de Itacuruçá, Muriqui, Praia Grande e Conceição de Jacareí, além de algumas ilhas, se estendendo até Marambaia, do lado oposto da Baia de Sepetiba. E abriga uma população de apenas 35 mil habitantes. Pouca gente para tanta área. Melhor local para implantação de um projeto de acesso à Internet sem fio não há. E assim foi feito. Semana passada foi lançado o projeto Mangaratiba Digital, uma iniciativa conjunta da Prefeitura Municipal, Governo do Estado e Intel. E lançado em grande estilo, com a presença do Prefeito Aarão Brito Neto, da Governadora Rosinha Garotinho e do Presidente do Conselho da Intel Craig Barret.
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Craig Barret em Mangaratiba |
O projeto Mangaratiba Digital seria apenas mais uma tentativa de pôr a Internet ao alcance das comunidades carentes não fossem suas peculiaridades. Aproveitando-se das características geográficas de Mangaratiba, ele é o primeiro a implementar o conceito de “Corredor Digital”.
Segundo Max Leite, Gerente de Programas de Tecnologia da Intel, trata-se de um conceito que se aproveita da economia de escala. A espinha dorsal do corredor (“trunking”) é um (ou mais) ponto(s) de presença WiMax, o protocolo de comunicações sem fio IEEE 802.16, capaz de cobrir um raio de até 50 km. O trecho final (“last mile”), é coberto com pontos de presença WiFi, com seu alcance de cerca de 300 metros. Desta forma, no caso de Sepetiba, com um único ponto WiMax situado nas alturas da Serra do Piloto, ao Norte do Município, foi possível cobrir, além da sede municipal, toda sua extensão, de Itacuruçá, no extremo Leste, a Conceição de Jacareí, no Oeste e Marambaia, ao Sul. Mais do que isto: como o projeto tem a chancela do Governo do Estado, o alcance do corredor se estenderá a municípios vizinhos, como Angra dos Reis, a Oeste, e municípios da Baixada Fluminense, a Leste, podendo atingir a zona Oeste do próprio Município do Rio de Janeiro, desde que se instalem os necessários pontos de presença WiFi. Naturalmente sem esquecer a importância da implantação de pontos de presença nas ilhas da Baía de Sepetiba, onde vivem pequenas comunidades que jamais teriam acesso à Internet não fosse pela comunicação sem fio.
A implantação da infra-estrutura do Projeto foi feita pela Idea Valley (< www.ideavalley.com.br >), empresa do pólo Petrópolis-Tecnópolis, e sua administração será feita pelo Proderj (< www.proderj.rj.gov.br >), órgão do Governo do Estado. Seu vice-presidente, Paulo César Coelho, presente ao lançamento do projeto, informou que Mangaratiba Digital conjuga os conceitos de infovia, que contempla a cobertura de toda a área urbana através da implantação de pontos de presença WiFi estrategicamente distribuídos, com o do corredor digital, que amplia o alcance através de pontos de presença WiFi situados a grande distância da sede.
O principal objetivo do projeto é atender as áreas de educação, saúde, turismo e comércio, fornecendo ao munícipe informações desde horários de plantões médicos nas cidades vizinhas até disponibilidade de vagas em hotéis e marinas. Além de prover Internet aos alunos das escolas públicas. Mas breve o acesso será fornecido também ao cidadão comum. Segundo Gladstone Barbosa, Gerente do Escritório de Projetos de Redes e Telecomunicações do Proderj, para isto falta apenas estabelecer um modelo de serviço, ou seja, decidir como e quanto cobrar e quem proverá os serviços. Mas adianta que, seja qual for o modelo, o acesso nas regiões mais carentes será aberto e franco.
Em sua apresentação, Craig Barret ressaltou que a tecnologia sem fio está se tornando cada vez mais madura, segura e barata, o que fará com que projetos como o Mangaratiba Digital se disseminem rapidamente. Na verdade, ele já é o terceiro no Estado do Rio de Janeiro. Os anteriores foram implementados em Pirai e Rio das Flores (este último também utilizando tecnologia WiMax) e o próximo provavelmente será no Noroeste Fluminense. Se tudo correr como esperado, em breve o projeto Corredor Digital, empregando padrões abertos e baseado em tecnologia de Internet rápida (“banda larga”) sem fio, cobrirá todo o território do Estado do Rio, permitindo acesso à Internet a grandes regiões e mercados não atendidos pelas operadoras de telecomunicações. Uma oportunidade inigualável para comunicação voz sobre IP a custo decente.
É esperar para ver.
B. Piropo