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B. Piropo

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15/10/2012

< Cougar Challenger Mid Tower >


Está na hora de montar uma nova máquina. Chegou Windows 8, já lá se vão quase dois anos desde a última máquina que montei para meu uso (<  http://blogs.forumpcs.com.br/bpiropo/2010/12/28/maquina-dos-sonhos-i-maquina-e-gabinete/ > "Máquina dos Sonhos") e a tecnologia evoluiu um bocado de lá para cá. Então vou aproveitar a oportunidade e dividir com vocês a experiência de montar uma máquina que, entre outras coisas, usa um gabinete, uma fonte de alimentação e uma controladora de vídeo de última geração e alto desempenho.

Começando pelo gabinete, um Cougar Challenger Mid Tower.

Para início de conversa, vejamos quais são as características que identificam um gabinete de boa qualidade. Afinal, aparentemente um gabinete nada "faz", não passa de uma caixa que contém e protege os componentes da máquina. Mas as aparências enganam.

Para começar, um gabinete deve ser bonito. Mas beleza é uma questão de gosto, algo muito pessoal. Portanto vou deixar este quesito para ser avaliado por vocês. O Cougar Challenger que usei está aí na Figura 1. Sei que alguns vão achar lindo, outros acharão detestável. Como cada um tem seu soberano direito a formar opinião, vou me ater às demais características.

Figura 1: O Cougar Challenger Mid Tower

Antes de prosseguir, no entanto, cabe um aviso aos puristas e críticos de plantão. Como se trata de descrever características práticas de um gabinete que facilitam seu uso e a montagem da máquina, esta coluna será profusamente ilustrada com fotos. Fotos feitas por mim durante ou logo após a montagem, em minha bancada doméstica. Então, aos que acharem que a qualidade de algumas (na verdade, da maioria das) fotos deixa a desejar, cabe lembrar que não sou fotógrafo profissional, sou um engenheiro que se meteu a "mexer" com computadores. E minha bancada não passa disso mesmo, uma bancada, não um estúdio fotográfico. Esclarecido este ponto, vamos adiante.

Além de uma estética agradável, o que mais se espera de um bom gabinete?

A meu ver, um bom gabinete deve cumprir três condições essenciais: facilitar a montagem, tornar o uso da máquina mais cômodo e, finalmente – e, como exceção que confirma a regra, desta vez realmente menos importante – oferecer algumas características adicionais que podem ser classificadas como, digamos, "refrescâncias" (palavra inventada por publicitários para substituir o vocábulo "frescura", porém exatamente com o mesmo significado).

Vejamos cada uma delas.

Montagem

Vamos começar pelas características do Cougar Challenger Mid Tower que tornam menos trabalhosa a tarefa de quem se decidiu a montar sua própria máquina.

Para começar, o tamanho. O Cougar Challenger é um gabinete grande. Bem grande, o que torna muito mais fácil encaixar conectores na placa-mãe, mover componentes em seu interior e coisas que tais. É espaçoso: mede 26,8 cm de largura, 51,4 cm de altura e tem uma profundidade de 52,3 cm. Evidentemente, para quem dispõe de pouco espaço na mesa de trabalho isto não é uma vantagem. Mas o Cougar Challenger não é para este tipo de usuário. É para quem deseja montar uma máquina poderosa, com grande poder de processamento e elevada capacidade gráfica.

Figura 2: Máquina parcialmente montada sem a frente do gabinete

Outro ponto importante é a forma como o gabinete é concebido para facilitar o acesso a todas as partes e componentes. Um exemplo: a face frontal do Cougar Challenger pode ser retirada sem a necessidade de remover um único parafuso. Ela é presa ao chassi do gabinete por simples encaixe e basta puxá-la para frente delicadamente para ter acesso à parte da frente do chassi, como mostra a Figura 2.

Figura 3: Vão livre entre placa-mãe e face externa

Outro detalhe importante e raramente encontrado mesmo nos bons gabinetes é o amplo vão livre entre a chapa metálica onde a placa-mãe é aparafusada e a face externa do gabinete (que, em um gabinete tipo torre, corresponde à lateral do lado direito de quem olha para a face frontal). Repare, na Figura 3 (na qual o gabinete aparece na horizontal com esta face para cima), que esta distância é maior que 2 cm e corresponde aproximadamente ao diâmetro de uma moeda de vinte e cinco centavos (destacada no detalhe). Combinada com as grandes aberturas vazadas na placa metálica que recebe a placa-mãe, esta folga permite acomodar os cabos de alimentação no vão entre a tampa lateral esquerda e a base da placa-mãe, como mostra a Figura 3, liberando o espaço interno do gabinete. Isto, além de permitir uma montagem mais limpa e elegante, cumpre uma função importantíssima: permite que o ar movimentado pelas ventoinhas flua livremente no interior do gabinete (repare, na Figura 4, como quase não se veem cabos obstruindo o espaço interno).

Figura 4: Ventoinhas frontal e traseira

E, já que mencionamos o fluxo de ar, falemos das ventoinhas. O Cougar Challenger é fornecido com duas delas, mostradas na Figura4, uma grande, de 20 cm de diâmetro na face frontal, oculta pela frente do gabinete (e com "leds" vermelhos, mas estes caberia melhor mencionar no item referente às refrescâncias) e uma traseira, de 12 cm de diâmetro, ambas de baixo nível de ruído. Caso não sejam suficientes (e, dependendo do uso que se dê à máquina, podem não ser), aceita até mais duas no painel superior (perfurado) e mais uma em cada um dos painéis traseiro, lateral esquerdo e da base. Como permite que a frontal seja substituída por duas unidades de 12 cm de diâmetro, o gabinete pode receber até sete ventoinhas. 

Ainda no capítulo referente à facilidade de montagem: alguma vez você já se dedicou à tarefa de substituir o dissipador de calor ("cooler") de uma UCP em uma máquina já montada? Se já, descobriu que exceto em casos muito especiais, você tem que remover a placa-mãe de sua base metálica para poder aparafusar sob ela o suporte base do novo dissipador, o que dá um trabalho de cão. Pois bem: o Cougar Challenger é um destes casos especiais. Repare na Figura 3 a grande abertura que aparece na placa metálica onde a placa-mãe é aparafusada. Pois bem: ela se situa exatamente abaixo da UCP e permite que seu dissipador de calor seja substituído simplesmente retirando ambas as tampas metálicas laterais sem a necessidade de remover a placa-mãe.

Mas é no que toca à flexibilidade da instalação dos dispositivos de armazenamento de massa que o Cougar Challenger recebe nota máxima no quesito "facilidade de montagem".

Para começar, você pode instalar e remover discos magnéticos, "discos" de estado sólido (SSD) e acionadores ("drives") de discos óticos tipo CD e DVD sem usar um parafuso sequer. Todos eles são instalados por simples encaixe.

Figura 5: Baias dos dispositivos de armazenamento

Repare na Figura 5. Ela mostra o Cougar Challenger com dois discos magnéticos de 3,5" nas baias inferiores, um SSD de 2,5" nas baias centrais e um leitor/gravador de DVD de 5,25" nas baias superiores. Embaixo, apoiados sobre as bancadas, os suportes plásticos deslizantes para os dispositivos, os maiores para discos de 3,5" e os menores para discos de 2,5" (que, além dos SSD, podem ser discos magnéticos de 2.5", normalmente usados em máquinas portáteis tipo "notebook"). Para instalar um disco, basta encaixá-lo no suporte plástico correspondente, que dispõe de pinos que penetram nos orifícios reservados para os parafusos dos discos rígidos, e deslizar o suporte no interior da baia até que os dois braços curvos se encaixem. Depois, basta inserir os cabos de dados e de alimentação na parte traseira dos discos e a instalação está pronta.

Figura 6: encaixe do leitor/gravador de DVD

Quanto ao acionador de discos óticos, a coisa ainda é mais simples, como mostra a Figura 6. Basta inseri-lo em sua baia até que ele se encaixe no devido lugar. Quando isto ocorrer, você perceberá um estalido e a alavanca de plástico na face lateral abaixará. Para remover o dispositivo, basta levantar a alavanca com o dedo. Encaixado o dispositivo, para concluir a instalação é suficiente inserir os cabos de dados e alimentação nos conectores da traseira do dispositivo.

Figura 7: Baias de 2,5"

Finalmente, ainda no quesito instalação de discos, repare na placa metálica vertical assinalada pela seta vermelha na Figura 7 que delimita o conjunto de baias de 2,5". Sua parte inferior tem dois ressaltos que se encaixam em rasgos da superfície horizontal abaixo dela e a superior é presa no chassi por dois parafusos. Ela pode ser removida da posição em que é mostrada e encaixada um pouco para a esquerda, na mesma linha vertical que delimita as baias de 3,5". Ou pode simplesmente ser removida. O fabricante se refere a estas três configurações como "modos" A, B e C. Veja-os na Figura 8, obtida do material de divulgação do fabricante.

Figura 8: configurações das baias

Por que isto? Bem, por duas razões: flexibilidade para a escolha do número e tipo de dispositivos de armazenamento e possibilidade de usar placas de vídeo de grande comprimento.

Repare: no modo A placa de vídeo mais longa suportada pelo gabinete pode chegar apenas até 30 cm de comprimento. Em contrapartida, pode-se instalar até sete discos magnéticos de 3,5" em suas baias. O modo B, que escolhi para minha montagem, suporta placas de vídeo com até 33 cm de comprimento (ou placas ligeiramente menores, como a mostrada na Figura 7 e que, incidentalmente, aí está apenas para demonstração, pois não será ela que será usada na montagem final, como veremos adiante). E aceita até quatro discos de 3,5" e três de 2,5". Já o modo C permite instalar apenas quatro discos de 3,5", mas em compensação aceita placas de vídeo com até 41 cm de comprimento.

Agora imaginemos que você tenha escolhido o modo A, instalado seis discos rígidos de 3,5" nas sete baias disponíveis e, mais tarde, venha a adquirir um disco rígido ou SDD de 2,5". Bem, neste caso você vai ter que apelar para um recurso que os usuários dos bons gabinetes consideram um sacrilégio, mas que funciona perfeitamente: parafusos. Pois os suportes plásticos para discos de 3.5" são dotados de orifícios em sua superfície horizontal através dos quais drives de 2.5" podem ser aparafusados, permitindo seu uso sem problemas na baia disponível para discos de 3,5".

Facilidade de uso

Montada a máquina, há que usá-la. E a partir de então todos os gabinetes são iguais, certo?

Errado.

Senão, vejamos. Não importa em que ambiente a máquina é usada: há poeira no ar, e muita. Em regiões onde há muitas ruas sem calçamento, a quantidade de poeira que se acumula no interior dos gabinetes é assustadora. Mas mesmo aqui em meu escritório doméstico, no décimo primeiro andar de um prédio situado em um bairro onde todas as ruas são asfaltadas, quando abro um gabinete que permaneceu fechado por um período muito longo nunca deixo de me espantar com a quantidade de poeira acumulada.

Figura 9: Filtro de ar da tampa lateral esquerda

Para evitar isto o Cougar Challenger usa filtros de ar nos trechos perfurados das superfícies por onde a poeira penetra em maior quantidade: a base do gabinete e a face lateral esquerda, diretamente em frente à ventoinha do dissipador de calor da UCP. A Figura 9, acima, mostra a face lateral esquerda (com o gabinete apoiado sobre a lateral oposta). Em sua parte superior aparece a abertura coberta com o filtro e, na inferior, o filtro removido da abertura, com sua face filtrante exposta (note que, é possível instalar uma ventoinha de 12 cm no interior do gabinete em frente ao filtro). Já a Figura 10 mostra o gabinete, aberto, apoiado sobre a face lateral esquerda, exibindo na parte de baixo da figura a face inferior (base) do gabinete com o filtro em seu encaixe e, na parte de cima, o filtro removido para limpeza (também neste caso é possível instalar ventoinhas – até duas de 12 cm – no interior do gabinete em frente ao filtro). Um ponto importante: ambos os filtros são fixados em seus lugares por pequenos imãs, de modo que basta um delicado puxão para retirá-los quando for preciso remover a poeira neles retida.

Figura 10: filtro de ar da base do gabinete

Outra característica extraordinariamente útil do Cougar Challenger é a possibilidade de conectar um disco SATA (magnético ou SSD) à parte superior do gabinete sem a necessidade de abri-lo. Note que não se trata de um disco do tipo eSATA (external SATA). Para estes, o Cougar Challenger oferece um conector eSATA no painel traseiro. Trata-se de um disco SATA comum, destes normalmente usados na parte interna. Veja, na parte superior da Figura 11, o rebaixo para encaixe do disco com os dois conectores SATA, o de dados e o de alimentação. E na parte inferior da mesma figura, um disco SATA comum, de 500 GB, encaixado no rebaixo e conectado à máquina. Se o BIOS da placa-mãe permitir ajustar independentemente o tipo de conexão de cada porta SATA, como ocorre com a placa-mãe usada em minha montagem, pode-se mesmo ajustar a porta conectada a este rebaixo para aceitar conexão "a quente" ("hot-swapping"), que permite encaixar o disco rígido com a máquina ligada.

Figura 11: conexão de um disco SATA comum à face superior do gabinete

A conexão é feita simplesmente encaixando os conectores do disco com os do rebaixo, portanto são aceitos tanto discos de 3.5" quanto de 2.5".

Mesmo quando não é possível a conexão a quente, a mera possibilidade de conectar discos SATA comuns à parte externa do gabinete é de enorme valia. A utilidade mais óbvia é a execução de cópias de segurança que, com o aplicativo apropriado, pode ser feita simplesmente criando imagens dos discos rígidos internos em discos avulsos adquiridos para este fim (e no caso da ocorrência de problemas em um dos discos internos, basta removê-lo e substitui-lo diretamente por sua imagem). Com a queda dos preços dos discos magnéticos, este é um alvitre bastante interessante. Mas, além disto, pode-se copiar arquivos (ou discos inteiros) de outras máquinas sem a necessidade de abrir o gabinete Cougar.

Ainda na Figura 11 pode-se perceber, logo à frente do rebaixo para conexão do disco SATA, dois conectores circulares para áudio e duas portas USB. Os conectores de áudio são comuns e nada têm de especial. Mas as portas USB estão ligadas a um cabo em cuja extremidade oposta há os conectores mostrados na Figura 12.

Figura 12: Conectores USB

Um dos conectores, o menor, pode ser ligado a um terminal comum, tipo USB 2.0 da placa-mãe. No entanto, se a placa-mãe oferecer suporte ao padrão USB 3.0 – como a usada em minha montagem – e, nela, houver a possibilidade de encaixar um conector para portas externas, basta inserir nele o segundo conector da Figura 12, o de maior tamanho, para que ambas as portas mostradas na Figura 11 suportem USB 3.0.

Refrescâncias

Finalmente chegamos aos pequenos extras que chamamos de "refrescâncias".

Figura 13: o botão "Ligar"

Vamos começar com a de maior frescor: o botão "Ligar". Como mostra a parte superior da Figura 13, ele é coberto por uma proteção plástica. Para acioná-lo, é preciso levantar esta proteção, como mostra a parte inferior da mesma figura. Segundo o material de divulgação, esta característica é "inspirada no dispositivo de destravar o disparo de um míssil em aviões de combate: destrave e atire".  Os comentários sobre esta características ficam por conta de vocês. Mas sempre é bom lembrar que o principal mercado alvo deste gabinete são os usuários de máquinas destinadas a jogos.

Figura 14: lateral parcialmente transparente

A segunda característica deste quesito é a parte transparente da tampa lateral esquerda, visível na Figura 14. Muitos gabinetes usam este recurso por questões estéticas. Há quem goste, há quem não goste. Como também se trata de preferência pessoal, fica o assunto aberto à opinião de cada um.

Finalmente, uma última característica que, quando necessária, não pode ser considerada "refrescância", embora efetivamente refresque. Pois acontece que o Cougar Challenger é fornecido preparado para receber refrigeração a água. Por isto, oferece a possibilidade de fixar um radiador no painel superior (veja os orifícios para os parafusos na Figura 1 do primeiro item) e os respectivos orifícios com proteção de borracha para passagens das tubulações no painel traseiro. Além de bastante espaço interno para instalação do dissipador de calor a água sobre a UCP. Poucos são os que irão precisar de tanta capacidade de arrefecimento, daí a inclusão da característica neste tópico.

Para fechar, meu testemunho pessoal.

Eu acabo de terminar a montagem e efetuar os ajustes no "setup" da máquina. E garanto: há muito não sinto tanta facilidade – e tanto prazer – na montagem de um computador de mesa.


B. Piropo