Sítio do Piropo

B. Piropo

< Coluna em Fórum PCs >
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03/09/2012

< Dois gabinetes topo de linha >


Sempre que visito uma grande feira internacional de informática, como a COMPUTEX, um dos itens que mais me impressionam são os gabinetes. A variedade de formas e cores só é limitada pela criatividade dos projetistas e pela imaginação dos aficionados por jogos, que se intitulam "gameiros" e cujo amor pela originalidade e irreverência não tem limites. Em todas as minhas resenhas das edições da feira costumo dedicar pelo menos um tópico para comentar gabinetes. O da última está na coluna < http://blogs.forumpcs.com.br/bpiropo/2012/07/03/resenha-da-computex-2012-%E2%80%93-iii/ > "Resenha da Computex 2012 – III", onde aparecem dois gabinetes bastante notáveis pelo formato pouco convencional. Como pouco convencionais são os gabinetes Cougar mostrados na Figura 1.

Figura 1: Gabinetes Cougar

Mas um gabinete não deve merecer destaque apenas por seu aspecto ou suas características estéticas. Pois, ao contrário do que muita gente pensa, o gabinete não é apenas uma caixa destinada a conter os componentes internos do computador.

Para começar, há a questão do arrefecimento. Componentes esquentam e, particularmente nas máquinas de alto desempenho, como as destinadas a jogos, esquentam muito. E o calor deve ser removido rápida e eficientemente, sob pena de provocar danos irreversíveis nos circuitos mais sensíveis – ou, quando não, de reduzir significativamente sua vida útil.

Achou a coisa um tanto contraditória? Sim, pois aparentemente enclausurar um computador em um gabinete para depois se preocupar com a remoção do calor de seu interior parece paradoxal. Afinal, por que não deixar os circuitos expostos e permitir que a energia térmica se dissipe livremente na atmosfera?

Bem, de fato este raciocínio vale para os gabinetes mais simples, que em geral não passam de uma caixa metálica para proteger os componentes. Mas gabinetes de alto desempenho são muito mais que isto. Para remover o calor eficientemente, são equipados com um conjunto de ventoinhas, algumas com velocidade variável controlada pelo usuário, cuja ação conjunta suga o ar para o interior do compartimento, dirige-o para as regiões onde há maior geração de calor, como o local onde se situa a unidade central de processamento, e depois o remove rapidamente de dentro do gabinete, fazendo com que a energia térmica gerada pelos componentes seja dissipada de forma muito mais eficiente do que seria caso o sistema permanecesse aberto.

Depois, há a questão do ruído. Gabinetes de baixa qualidade são barulhentos. É fato que o ruído que emitem nem sempre é excessivamente alto, mas é permanente. E trabalhar nestas condições por vezes provoca uma sensação de mal estar cuja causa é difícil de identificar. Por isto gabinetes de boa qualidade vêm equipados com ventoinhas montadas sobre rolamentos (em vez dos simples mancais das ventoinhas de qualidade inferior) e geram um ruído quase imperceptível.

Finalmente, há os pequenos detalhes que fazem diferença. Gabinetes de alta qualidade não apenas podem ser abertos com facilidade, sem o uso de qualquer ferramenta, como possibilitam fácil acesso aos componentes em seu interior, acomodam os cabos internos em compartimentos ou canaletas, facilitam a troca ou adição de dispositivos periféricos ou de armazenamento, enfim, tornam a vida do usuário mais fácil.

E, por último mas não menos importante, há a questão da estética. Pois, sendo o gabinete justamente aquilo que mais chama a atenção quando se olha para um computador, sua aparência é fundamental. E aí entra a questão do gosto pessoal: há quem ache mais bonitos os gabinetes chamativos, coloridos, com formato pouco convencional e há quem os prefira sóbrios, menos vistosos mas nem por isto menos bonitos.

Como eu disse, um dos itens que mais chamam minha atenção quando visito feiras internacionais de informática são os gabinetes. Mas raramente consigo testá-los. Isto porque, do ponto de vista do transporte, gabinetes são aquilo que se pode classificar como "trambolho". E trazer um bicho daqueles de Taiwan até o Brasil não é tarefa fácil.

Pois bem: agora a Cougar, uma empresa alemã e das mais conhecidas fabricantes de gabinetes para "gameiros", me acena com a possibilidade de testar um deles. Que espero receber em breve. Será um dentre os dois modelos que discutiremos brevemente adiante. Falarei mais sobre ele depois que montar uma máquina em seu interior para testes, o que ainda deve demorar algum tempo até que eu o receba e possa dispor do tempo necessário para a montagem. Mas antes disto vejamos muito sucintamente suas características.

Cougar Challenger

O Cougar Challenger é um gabinete desenvolvido para aficionados por jogos de gosto, digamos, mais extravagante. É fornecido em três cores, conforme mostra a Figura 2.

Como se vê, é um gabinete tipo torre de altura média. Mas o projeto foi desenvolvido de forma a possibilitar diferentes arranjos dos elementos internos, notadamente das baias para os dispositivos de armazenamento. Há três arranjos básicos que a Cougar denomina de "modos". O "Modo A" corresponde ao arranjo convencional. Já os modos "B" e "C", mostrados na Figura 2, são particularmente interessantes. O "Modo B" não apenas abre espaço para acomodar controladoras de vídeo de até 33 cm. de comprimento como permite instalar até três dispositivos de armazenamento de 2,5", como os discos magnéticos normalmente usados em computadores móveis tipo "notebook" e "netbook" e os modernos dispositivos de armazenamento de memória conhecidos como "discos de estado sólido" (SSD). Já o "Modo C" dispensa estas pequenas baias, mas em contrapartida permite acomodar controladoras de vídeo de altíssimo desempenho, com até 41 cm. de comprimento.

Figura 2: "modos" B e C da configuração interna do Cougar Challenger

Também no que toca à ventilação o Challenger traz aperfeiçoamentos significativos. Além da ventoinha traseira, que aparece em laranja na Figura 2, e das duas dianteiras, situadas entre a parede frontal e as baias dos dispositivos de armazenamento, o gabinete acomoda mais quatro ventoinhas, duas na parte superior, uma na base e mais uma na tampa lateral esquerda. Mais que isto: todas as aberturas para ventilação são dotadas de filtros de ar. Estes filtros, importantes para reter poeira e fibras que costumam penetrar no gabinete e aderir a seus componentes internos, são mantidos em seus encaixes por fechos magnéticos, o que permite que sejam facilmente removidos para limpeza sem necessidade de ferramentas.

O espaço interno do Challenger é amplo, possibilitando a instalação de sistemas de arrefecimento ("coolers") de considerável tamanho sobre a UCP. E no interior do gabinete há canaletas para acomodação dos cabos, o que não apenas facilita o acesso aos componentes como também contribui para aumentar ainda mais a eficiência da ventilação, impedindo que os cabos interfiram no fluxo de ar do interior do gabinete.

Finalmente, considerando que o uso de sistemas de arrefecimento que usam líquidos com radiadores externos vem se tornando cada vez mais comuns em sistemas de grande consumo de potência, o Challenger oferece três aberturas para passagem de tubulações na face traseira, todas protegidas com anéis de borracha para evitar cortes.

Mais detalhes sobre o Cougar Challenger podem ser encontrados < http://youtu.be/Slg0vafC9L0 > neste vídeo do YouTube.

Cougar Evolution

O Cougar Evolution é um gabinete desenvolvido para quem deseja ter todas as vantagens de um gabinete moderno, porém prefere um aspecto mais discreto. Veja-o na Figura 3.

Figura 3: Gabinete Cougar Evolution

Também o forte do modelo Evolution é o arrefecimento. No caso, mais especificamente, as ventoinhas, das quais podem ser instaladas até sete unidades com filtros de ar como no modelo Challenger. São modelos da série Vortex, contendo blocos antivibração que reduzem o ruído e montados com rolamentos de esferas. Suas lâminas tipo "High Vortex Airflow" foram desenvolvidas e testadas para garantir um fluxo de ar forte e silencioso. Informações mais detalhadas sobre o projeto das ventoinhas Vortex podem ser obtidas na página < http://www.cougar-world.com/products/fans/vortex.html > Cougar Vortex, no sítio da Cougar.

Mas o grande diferencial entre os dois modelos no que toca ao fluxo de ar é que o modelo Evolution dispõe de um controle de velocidade de ventoinha que permite o ajuste independente de dois grupos de ventoinhas determinados pelo usuários. A Cougar denominou o sistema de "dual-fan-set". Com ele é possível, por exemplo, aumentar o fluxo de ar em torno da UCP durante a execução de jogos que demandam maior potência de processamento sem alterar o fluxo em outras regiões do interior do gabinete.

Além da grande eficiência e maior controle da capacidade de arrefecimento, o modelo Evolution dispõe de pequenos detalhes visando facilitar o uso do equipamento. Um deles, que chama bastante atenção pela comodidade de operação, é um compartimento escamoteado na face superior da caixa que permite a conexão temporária de um disco rígido magnético ou tipo SSD externo com enorme facilidade. Além disto, a montagem não utiliza parafusos para fixação seja das tampas laterais, seja dos dispositivos internos de armazenamento. E também estão presentes os orifícios no painel traseiro para passagem de tubulações de sistemas de arrefecimento com líquido e as canaletas internas para acomodação dos cabos, usadas no modelo Challenger.

Todos estes detalhes podem ser apreciados < http://www.youtube.com/watch?v=BK8H-NfZVko&feature=plcp > neste vídeo do YouTube.

Pois é isto. Já há algum tempo os gabinetes deixaram de ser apenas caixas que abrigam os componentes para se tornaram elemento importante no projeto dos computadores de mesa. Agora é aguardar a chegada do gabinete para descrever a montagem e comentar mais detalhes.


B. Piropo