Sítio do Piropo

B. Piropo

< Coluna em Fórum PCs >
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09/01/2012

< A placa de seu “Home Theater” e os jogos nacionais >


A coluna de hoje é dedicada à análise de uma placa-mãe bastante peculiar, a HDC-I da ECS. Peculiar porque ela já é fornecida com um microprocessador Fusion (ou seja, já vem tanto com processador quanto com controladora gráfica de alto desempenho), som de altíssima qualidade, suporte à conexão sem fio padrão WiFi e recebe até 8 GB de memória primária DDR3 1066/800. E tudo isto em um fator de forma miniITX, ou seja, em uma plaquinha de 17 cm x17cm que cabe em um gabinete miniatura com fonte pequena, já que o consumo de energia é baixíssimo (apenas 18 w). Quer dizer: vem praticamente pronta para quem deseja montar um sistema de entretenimento doméstico tipo “home theater”.

Figura 1: a HDC-I em sua embalagem

Antes, porém, queria pedir licença a vocês, leitores, principalmente os que vivem no Rio de Janeiro ou proximidades, para chamar sua atenção para um assunto que reputo da maior importância: os desenvolvedores de jogos brasileiros.

Vocês sabiam que há, no Brasil, uma indústria de desenvolvimento de jogos? Que existe um grupo de denodados programadores lutando contra todo tipo de dificuldades, que incluem impostos escorchantes, pirataria, total desconhecimento por parte do que poderia ser seu mercado e que, apesar disto, com empenho, competência, e, sobretudo, imensa criatividade e dedicação, estabeleceram suas empresas - Denisoft, Riachuelo Games, Donsoft, Vaca Vitória, Unidev e Aiyra são exemplos, algumas já com quase dez anos de luta – desenvolveram e lançaram seus jogos e agora batalham para divulga-los enquanto a maioria de nós simplesmente ou desconhece sua existência ou trata este segmento da indústria como algo “menor” e não merecedor de nossa atenção? Sabia que a qualidade e o preço dos produtos que eles lançam no mercado são bastante razoáveis? Mais ainda: sabia que boa parte delas sobrevive da exportação de seus jogos porque no Brasil criou-se o (mau) hábito de utilizar apenas jogos desenvolvidos no exterior porque formou-se o conceito equivocado que, nesta área, o produto nacional é de baixa qualidade? E, finalmente, sabia que no Brasil há um mercado estimado de 35 milhões de jogadores ativos que, em 2011, investiram dois bilhões de reais principalmente no mercado internacional de jogos porque praticamente ignoram a existência do nacional?

Pois há. E, na tentativa de chamar a atenção do público – ou seja, de vocês, leitores que dedicam pelo menos uma parte de seu tempo a jogos de computador – vão realizar um evento no último final de semana deste janeiro (dias 28 e 29/01/2012) para divulgar suas atividades.

O evento, cuja participação é gratuita e que está sendo coordenado pelo José Lúcio Gama, o “Slotman”, será o “Joga Brasil”, realizado nas instalações da Faculdade CCAA no Riachuelo, Av. Marechal Rondon 1460. Nele, além de conhecer os jogos desenvolvidos no Brasil, você poderá assistir palestras e mesas redondas e, caso atue no mercado de jogos ou revenda de software, terá a oportunidade de se reunir diretamente com representantes das empresas.

Você encontrará mais informações no sítio do evento, em < www.jogabrasil.com.br/ > e a lista de palestras < http://www.jogabrasil.com.br/programaca/ > aqui (confira também as mesas redondas). Com um destaque especial (pelo menos no que me diz respeito) para a palestra do Renato Degiovani às 16hs do sábado, 28/01. Renato é uma figura notável. Foi por um bom tempo o responsável pela (tanto quanto eu saiba) primeira revista técnica de informática do Brasil, a MicroSistemas, e desenvolveu o primeiro jogo nacional – o histórico “Amazônia” – ainda nos anos oitenta. É um pioneiro, um lutador, um divulgador incansável da criação de “Adventures” (criou uma ferramenta para isto, < http://www.tilt.net/zeus/index.htm > o Zeus). Mas, acima de tudo isto, Renato é uma figura humana extraordinária. Além do que, embora eu seja mais velho, dedico-lhe todo o respeito: afinal, o cara foi meu professor de Assembly. Sua palestra é imperdível.

Reserve seu último final de semana de janeiro para comparecer ao “Joga Brasil” e dar uma força aos briosos desenvolvedores de jogos nacionais. Eles merecem. E você também: garanto que irá se divertir e, sobretudo, descobrir um mundo que você mal sabia que existe.

Agora vamos à HDC-I

Uma plaquinha invocada

A arquitetura AMD Fusion, suas famílias e tipos de processadores (todos com controladora gráfica de alto desempenho integrada que, por isto, a AMD classifica de Unidade de Processamento Avançado, ou UPA) já foi abordada aqui mesmo em uma longa série de colunas cuja primeira < http://blogs.forumpcs.com.br/bpiropo/2011/01/10/fusion-i-a-evolucao-dos-graficos/ > “Fusion I: a evolução dos gráficos”, foi publicada há exatamente um ano. Sobre cada um de seus chips, inclusive o E-350 que equipa a HDC-I, escrevi na coluna < http://blogs.forumpcs.com.br/bpiropo/2011/02/01/3153/4/ > “Fusion V: Os chips”. Portanto não cabe aqui descer a detalhes técnicos. Mesmo porque eles podem ser encontrados no próprio sítio do fabricante, na < http://www.ecs.com.tw/ECSWebSite/Product/Product_Detail.aspx?DetailID=1259&CategoryID=1&DetailName=Feature&MenuID=106&LanID=0 > página da HDC-I.

Também não me darei ao trabalho de fazer comparações ou testes de desempenho, já que uma busca do Google revelará que eles já foram feitos alhures, quiçá por mãos mais competentes (o processador, integrado à placa, funciona com frequência de 1,6 GHz e há relatos de “overclock” estável em frequências superiores a 2,2 GHz). Vou, então, abordar apenas o essencial e, o que me parece mais importante: relatar como se pode montar um bom centro de entretenimento doméstico com base nesta placa acrescentando a ela muito pouca coisa.

Quem olha para uma pequenina HDC-I não faz ideia do que ela é capaz. É o exemplo típico daquele sujeitinho pequeno, mas decidido, que não leva desaforo para casa.

Figura 2: detalhe da HDC-I

Aí está ela, na figura 2. Como adere ao fator de forma miniITX, é uma plaquinha quadrada de menos de 20 cm de lado. E já vem com o processador nela soldado, um exemplar da plataforma Brazos, destinado a máquinas de baixa capacidade de processamento e muito baixo consumo de energia, um E-350 da família “Zacate” de núcleo duplo. A controladora gráfica a ele integrada é uma Radeon 6310 que suporta vídeo de alta resolução (inclusive o padrão HD 1080P das novas televisões de alta definição), DirectX 11 e Unified Video Decoder (UVD). O processador utiliza a tecnologia de fabricação de 40 nm e cada núcleo tem dois caches internos L1 (um para dados, outro para instruções) de 32 KB cada e um cache L2 de 512 KB rodando na metade da frequência da UPA.

Repare, na figura 2, que o largo dissipador de calor ativo (com ventoinha) que cobre quase todo o centro da placa é responsável pelo arrefecimento tanto da UPA quando do “chipset”. Mas a verdade é que não há muito calor a dissipar: o TDP (Thermal Design Power, ou dissipação de potência de projeto, que corresponde à potência dissipada em condições de máxima demanda da UPA) não ultrapassa os 18 W o que faz da HDC-I, sempre é bom repetir, a placa ideal para base de centros de entretenimento domésticos.

Por falar em “chipset”, o da HDC-I não é um circuito comum, mas um FCH, ou Fusion Controller Hub, desenvolvido especialmente para a arquitetura Fusion. Mais especificamente é um Hudson M1 FCH e cumpre as funções da antiga “South Bridge”. Considerando-se que a capacidade de processamento do conjunto é limitada (pois seu objetivo fundamental é o baixo consumo de energia), não apela para recursos como controle de memória principal em duplo canal (como se vê na figura 2, a placa tem dois conectores para memória DDR3 1066/800 e suporta até 8 GB de RAM, mas ambos fornecem 64 bits por ciclo). E a possibilidade de expansão é reduzida : se resume a dois conectores PCI-E, um x16 e um mini x1, sem qualquer outro tipo de conector, inclusive PCI, paralelo ou serial. Mas, considerando que seu objetivo é prover vídeo e áudio de boa qualidade e ser capaz de receber grande número de dispositivos de armazenamento de massa de alto desempenho, é perfeitamente satisfatório.

Figura 3: Painel traseiro da HDC-I

Senão vejamos: o Hudson M1 controla 4 portas internas SATA de 6 GB/s, 10 portas USB 2.0 (seis no painel traseiro, quatro em conectores internos) mas duas portas USB 3.0 e duas eSATA 6 GB/s no painel traseiro, aceita conexões sem fio Bluetooth e dispõe de um controlador de áudio de 8 canais (7 + 1) de alta definição. E, como se vê na figura 3 que mostra os conectores do painel traseiro da placa, não é por falta de conexões que se deixará de exibir a imagem seja lá em que dispositivo for: lá se percebe, além da clássica conexão VGA, um conector DVI e, no canto inferior esquerdo, uma porta HDMI. Além do conjunto de saídas para áudio, que inclui uma porta SPDIF, e a tradicional conexão de rede RJ 45.

Figura 4: Receptor WiFi interno

A única conexão que talvez faça falta é uma porta IEEE 1394 que, inexplicavelmente, a HDC-I não traz. Em contrapartida, para quem pretende dispor de Internet em seu centro de entretenimento doméstico e não está disposto a estender cabos de rede pela casa, a plaquinha vem com uma controladora miniWiFi interna AzureWave com suporte para IEEE 802.11 b/g/n e a respectiva antena. A Figura 4 mostra a pequena placa inserida no conector miniPCI-E e devidamente aparafusada na placa-mãe. Uma das extremidades do condutor da antena é ligada à placa metálica conectada à controladora e a outra ao suporte da antena fixado na traseira do gabinete. Desta forma a HDC-I pode conectar-se sem fio a um roteador com ponto de acesso WiFi e assim não apenas inserir-se na rede doméstica como também conectar-se à Internet e distribuir o conteúdo (vídeos e música, por exemplo) pelos componentes do centro de entretenimento doméstico.

Montando a base do “home theater”

Se tem um negócio que enfeia o ambiente é um gabinete de computador de grande porte postado como um monstrengo ao lado de uma elegante televisão de tela plana e alta definição. Daí a importância de se escolher bem o gabinete da nossa HDC-I. Mas tudo é uma questão de gosto. Como eu precisava de um bom gravador/reprodutor de DVD e um disco rígido de alta capacidade, escolhi um destes gabinetes de pequeno fator de forma que já vêm com fonte de alimentação também de tamanho pequeno (pois, convém lembrar, a potência consumida pela placa é baixíssima). Aí está ele, aberto, com todos os componentes instalados, na Figura 5. Toda a frente é ocupada pelo acionador de discos óticos (que, evidentemente, se o usuário assim o preferir, pode ser compatível com o padrão BluRay) e pelo disco rígido SATA. Abaixo deste último se percebe duas portas USB e os conectores para microfone e fones de ouvido. E, na parte traseira, destaca-se a antena WiFi por detrás do gabinete. A placa-mãe propriamente dita está no centro do conjunto e quase não ocupa espaço devido a seu formato reduzido.

Figura 5: Base do “home theater” montada, no gabinete

A placa HDC-I compensa parte de sua capacidade de processamento relativamente baixa com avanços tecnológicos importantes. É uma placa “de 64 bits” e por isto o sistema operacional instalado foi um Windows Home Premium x64.

O resultado é um sistema relativamente pequeno, não obstante perfeitamente satisfatório para gerenciar um centro de entretenimento doméstico tipo “Home Theater” não excessivamente ambicioso. Veja, na Figura 6, o pequeno gabinete, apoiado nos calços que são fornecidos com ele para se manter na posição vertical, ao lado de uma televisão de tela plana e alta definição. Repare que a tela exibe um vídeo que está sendo recebido em tempo real do YouTube via Internet. E note, do lado do pequeno gabinete e abaixo da televisão, o minúsculo receptor de sinais do teclado e mause sem fio usados para controlar o micro desde a poltrona (também abaixo da televisão, do lado oposto ao micro, aparece o conversor de sinais da televisão via cabo). Só não aparece na imagem o conjunto de alto-falantes.

Figura 6: Centro de entretenimento doméstico simples

Já a Figura 7 mostra tudo o que é necessário para nosso centro de entretenimento doméstico não excessivamente pretencioso porém de muito boa qualidade: o micro que servirá de base e centro de controle, os teclado e mause sem fio e, ao lado do mause, seu pequeno receptor de sinais, além da antena que aparece se projetando da traseira do gabinete. No que toca a controle, é o suficiente. E o custo não é elevado (no mercado brasileiro não consegui levantar custos, mas nos EUA uma placa HDC-I, com seu processador integrado à controladora de vídeo, pode ser encontrada por menos de cem dólares; para montar o conjunto, basta acrescentar os custos da memória, gabinete, acionador de disco ótico, disco rígido, teclado e mause, que não são caros)

Figura 7: Home Theater com teclado e mause

O restante (televisão de alta definição com seu receptor de sinais a cabo ou via satélite e sistema de alto-falantes de alta fidelidade) fica a cargo do gosto – e do bolso – de cada um.

Com este micrinho equipado com uma placa-mãe HDC-I, uma conexão Internet sem fio e nada mais, só não dá para fazer chover.

 


B. Piropo