Você é apenas um rapaz latino-americano, sem parentes importantes, talvez vindo do interior e com algum dinheiro no banco.
Vai fazer o que com ele?
Sou capaz de apostar que com certeza comprará um computador.
Porque para você ele será, principalmente, um companheiro. Você desenvolverá um forte elo emocional com seu computador e será impossível imaginar a vida sem ele.
Se você tem entre dezesseis e dezoito anos, seu computador representará a própria materialização da tecnologia. Porém, mais que isto, será um parceiro, aquele tipo de parceiro com que se convive todo dia, sempre presente, democrático, multifuncional.
Porém, seja qual for sua idade, seu computador será, sobretudo, um símbolo de prestígio social.
Figura 1
Se lhe perguntarem quais são as palavras que melhor descrevem o papel que ele representa em sua vida provavelmente citará “conveniência” e “comunicação”.
Comunicação porque ele lhe fornecerá meios para exprimir e transmitir ao mundo aquilo que você pensa. Ele e seu telefone celular serão, para você, os dispositivos que mais agregarão valor à sua vida (a televisão também, mas em menor medida: é certo que ela evoluiu, aumentou o tamanho da tela e a definição, tridimensionalizou-se, mas só lhe propicia lazer no horário por ela decidido, enquanto seu computador lhe dá o que você deseja na hora em que você quer).
É claro que seu telefone esperto também ocupa um lugar de destaque em seu coração. Os laços afetivos desenvolvidos com ele são fortes. Mas não tão fortes quanto os criados com seu companheiro cotidiano, o computador. Se um dia você fosse obrigado a escolher entre um ou outro, certamente ficará com o computador.
Mas, além da comunicação, há também a conveniência.
E a conveniência entra no jogo porque seu computador é o mais eficiente dos instrumentos que dão vazão à sua criatividade e tornam mais fácil exprimi-la, simplificando o ato de transmitir aos demais aquilo que você pensa.
Mas o fato é que, independentemente de precisar dele ou não, você gosta de seu computador. É uma relação de afeto. Ela se desenvolveu porque ele não complica sua vida. Muito pelo contrário: a tecnologia a ele agregada é baseada em experiências que tornam tudo mais simples e eficaz. Ele é um “descomplicador”.
Por isto o computador se tornou parte integral de sua vida. Adquiriu personalidade.
E tanto é assim que, como as pessoas, cada tipo de computador desenvolveu a sua.
Por exemplo: você associa computadores de mesa, os “desktops”, a indivíduos sólidos, robustos, confiáveis e potentes. São mais poderosos que seus irmãos menores, os computadores móveis tipo “notebook”, e funcionam como uma inesgotável fonte de informação e entretenimento. É verdade que algumas vezes se comportam como uma secretária um tanto temperamental, se bem que eficientíssima. O problema é que tem hora que os “desktops” parecem, assim, meio paradões, sei lá...
Já os “notebooks”, para você, lembram homens de negócios, sisudos, sempre ocupados, destes que passam todo o tempo em viagens de trabalho, uns caras essencialmente práticos. É verdade que também são uns sujeitos cheios de estilo. Exalam prestígio, mostram estar cientes de sua individualidade. Mas, por maior que seja seu charme, não são tão poderosos quanto os “desktops”. E, sobretudo, são mais caros.
Já seus irmãos menores, os portáteis tipo “netbooks”, pobres diabos, vivem assim numa espécie de limbo. Não são páreo para os “desktops”, nem de longe. Mas são práticos, leves e confortáveis. E, para armazenar dados, quebram o maior galho. Mas o engraçado é que você conhece gente que nem consegue distingui-los dos “notebooks”. Eles são uns incompreendidos e ainda não encontraram lugar na sua vida.
Mais ou menos como os tabletes. Que, para ser franco, você nem ao menos considera verdadeiramente como “computadores”. Acha que são elegantes, servem para ler uma coisa ou outra, mas a verdade é que você ainda não entendeu exatamente suas funções.
E isto tudo acontece agora, em sua vida cotidiana. Porque quando você olha para o futuro, o vê literalmente repleto de computadores. Haverá computadores em todos os lugares, máquinas ágeis, produtivas, eficientes. Seu poder de divulgar informação será multiplicado. Haverá informação “online” a dar com o pau, a qualquer hora, em qualquer lugar. Os computadores serão utilizados para derrubar barreiras entre pessoas, facilitar ainda mais a comunicação e liberar a criatividade.
É claro que há ocasiões em que a tecnologia não lhe parece uma coisa assim tão positiva. Por vezes ela funciona como fonte de frustração e impõe barreiras que afetam sua autoestima. Quando seu computador insiste em lhe desobedecer e você não consegue descobrir como obrigá-lo a fazer o que deve, impossível evitar algum estresse e certa irritação. E, pior: você conhece gente que se dedica de tal forma a seus computadores que acabam se isolando do mundo, tornando-se pessoas sedentárias e chatas.
Porém o mais preocupante é que você espera que o uso maciço da tecnologia deixe mais tempo livre para que você possa dedicar ao lazer, fazer o que gosta, passar menos tempo no trânsito e no trabalho e dedicar o tempo poupado ao convívio com a família ou com as pessoas de quem você gosta. Ou para investir em si mesmo.
Tolinho...
Deixe-me contar um segredo: era exatamente isto que almejava a sociedade quando, há cerca de meio século, a tecnologia começou a se disseminar nos escritórios e nos demais ambientes de trabalho. Usá-la para encerrar o trabalho mais cedo e dedicar o tempo poupado para o lazer e melhoria da qualidade de vida.
Foi assim, com base nesta esperança, que a tecnologia se disseminou. E, inegavelmente, reduziu significativamente o tempo gasto para executar as tarefas rotineiras do trabalho.
O problema é o destino que nós demos ao tempo poupado.
Que vem, cada vez mais, sendo usado para executar mais e mais trabalho...