Como mencionei na < http://blogs.forumpcs.com.br/bpiropo/2011/10/08/ms-teched-brasil-2011/ > coluna sobre o TechEd Brasil 2011, entrevistei durante o evento o Gerente Geral do Office da MS Brasil Eduardo Campos de Oliveira.
|
Figura 1: MS TechEd 2011 Brasil |
O que me levou a buscar a entrevista foi conhecer as reações dos usuários às alterações sofridas pela interface do Office a partir da versão 2007. Um assunto que pouco tinha a ver com o evento, mas não custava aproveitar o acesso direto a um executivo da MS.
Pois a mudança da interface, que envolveu a eliminação de menus e sua substituição pelas chamadas “Faixas de Opção” foi uma das mais radicais que já tomei conhecimento em um produto de grande popularidade. E o pacote Office é o aplicativo mais conhecido da empresa.
A mudança ocorreu no lançamento do Office 2007 e logo depois dela houve um alvoroço danado. Tanto que, na ocasião, em uma série de colunas abordando o tema “usabilidade”, escrevi uma especificamente sobre as < http://blogs.forumpcs.com.br/bpiropo/2006/08/16/usabilidade-iv-ms-office-2007/ > alterações.
Como antigo usuário do pacote, especialmente de seus três aplicativos mais populares: Word, PowerPoint e Excel, logo me acostumei com as mudanças. Mas estava curioso sobre as reações da grande massa de usuários dos aplicativos. Como teriam eles reagido às mudanças ao longo do tempo?
Hoje, quase cinco anos depois da primeira alteração, já se pode avaliar. Então, por que não fazê-lo?
Foi por isto que decidi entrevistar Eduardo Campos sobre o tema.
Aqui vai a opinião do Gerente Geral do Office da MS Brasil.
Aferindo a reação dos usuários
B. Piropo: Qual foi a reação dos usuários à mudança da interface do Office introduzida na versão 2007 do produto?
|
Figura 2:
Eduardo Campos da MS |
Eduardo Campos: A reação à mudança demanda tempo. Mas a resposta dos usuários indica que o acesso às funcionalidades ficou mais fácil.
BP: Quais as razões que levaram às mudanças?
EC: Já há muito tempo que se sabe que, mesmo em programas baseados em menus, as barras de ferramentas facilitam o uso. Veja: em 1989 o Word Pro já tinha duas barras de ferramentas. Pois no Word Pro 2003 este número tinha subido para 31 barras. Se alguma mudança não ocorresse a tendência seria aumentar este número. Por isto a MS achou que era preciso mudar a interface. Usou então o conceito de “Faixa de Opções” (“Ribbon”) porque ela diminui significativamente o número de passos necessários para cumprir as tarefas.
BP: E o que acharam disto os usuários?
EC: Bem, depois de lançada a versão 2007 a MS promoveu uma pesquisa para apurar a opinião dos usuários sobre a usabilidade da nova interface. Entre outras questões, lhes foi perguntado se achavam que seria necessário um treinamento específico para usar a nova barra. Quarenta porcento deles responderam que não, que as Faixas de Opção eram suficientemente intuitivas para que se acostumassem a ela simplesmente usando o produto e procurando os novos meios de executar as mesmas tarefas. Indagados se sua produtividade havia aumentado ou diminuído depois da mudança, sessenta porcento dos usuários informaram que depois de um período não muito longo de adaptação, sentiram um claro aumento de produtividade. Finalmente, perguntados se estavam satisfeitos com a mudança, noventa e cinco por cento deles declararam que sim.
BP: A pesquisa foi realizada quanto tempo depois da mudança?
EC: Poucos meses depois do lançamento do Office 2007, o primeiro a usar o conceito de “Faixa de Opções”. Em pesquisa realizada depois do lançamento do Office 2010 a resposta dos usuários foi ainda mais positiva.
BP: Seja como for, a mudança foi bastante radical. A MS ofereceu algum apoio para facilitar a migração?
EC: Sim. Para ajudar os usuários acostumados com a interface antiga, baseada em menus, a MS desenvolveu e colocou gratuitamente à disposição dos usuários um conjunto de aplicativos que, recebendo do usuário os comandos com base em menus, mostra o local onde a mesma função pode ser encontrada na Faixa de Opções. Além disto, a MS oferece treinamento para os novos usuários, não apenas treinamento via internet em tempo real (“online”) para usuários em geral como também promove e incentiva os parceiros a promoverem palestras e cursos nas empresas clientes dos produtos Office. No sítio do Office Online há centenas de vídeos de treinamento e tutoriais e modelos de documentos para todos os aplicativos do Office. Só no Brasil, o sítio recebe mais de oito milhões de visitantes mensais que lá encontram modelos de planilhas desenvolvidos por profissionais para cumprir dezenas de tarefas comuns, vídeos de demonstração do uso da nova interface, dicas e truques para seu uso [NOTA: a página citada por Eduardo Cunha é a < http://office.microsoft.com/pt-br/support/comandos-localizar-da-faixa-de-opcoes-do-office-FX101851541.aspx > “Transição para a faixa de opções do Office” e contém seções que ajudam a encontrar comandos tanto no Office 2007 quanto no Office 2010, a usar atalhos de teclado e a personalizar ambos os produtos].
BP: Então, do ponto de vista da MS, a mudança foi bem sucedida?
EC: Sem, dúvida. Posso afirmar que a mudança de interface foi um tiro da MS que acertou na mosca. Tanto assim que, hoje, os usuários do Office 2003 já são minoria.
E o futuro?
Isto posto, perguntei a Eduardo Campos o que a MS planeja para o futuro do Office. Alguma nova versão no horizonte?
Não. Ou pelo menos, oficialmente não. Segundo Eduardo, embora a MS continue trabalhando no aperfeiçoamento do pacote Office, não há previsão para a data de lançamento de nova versão. Mas esta é apenas a palavra oficial da empresa pois, em minha modesta opinião, com o lançamento de Windows 8 previsto para o final do próximo ano, acredito que a MS fará alguma coisa para adaptar o Office à nova interface de Windows, que será radicalmente diferente.
Por outro lado, embora não pretenda lançar nova versão do Office em prazo curto, o que há de novo nos domínios do Office é o fato do produto, literalmente, ter ido para o espaço. Ou melhor: para a nuvem.
|
Figura 3:
MS Office 365 |
Pois segundo Eduardo a grande novidade no mundo Office é o Office 365, já lançado em alguns países e cujo lançamento no Brasil está previsto para antes do final deste ano.
A novidade é interessante, o produto é poderoso, mas tem um foco exclusivamente corporativo, portanto não cabe me estender muito sobre ele em uma coluna tradicionalmente voltada para usuários domésticos. Mas como se trata de uma novidade importante, convém mencioná-lo nem que seja superficialmente.
O Office 365 é mais uma tentativa da MS de implementar uma velha ideia: a provisão de “software como serviço”.
A ideia não é nova mas nem todo mundo ouviu falar dela, portanto convém explicar. Trata-se de uma modalidade de comercialização de software na qual, em vez de a empresa comprar o pacote e uma licença para instalar em um número determinado de máquinas, ela paga regularmente pelo uso do produto em função do número de usuários contratados e pelo período do contrato. Simplificadamente seria algo como o “aluguel” de um software.
Na modalidade clássica de “software como serviço” o produto sequer é instalado nas máquinas do cliente. A instalação é feita apenas nos servidores da empresa prestadora do serviço e cada funcionário da empresa contratante autorizado a usar o serviço acessa estes servidores para carregar os necessários arquivos executáveis diretamente de lá. No caso do Office 365 a MS decidiu adotar um sistema híbrido, pois segundo Eduardo, os aplicativos do Office 365 também podem ser instalados nos desktops das empresas contratantes e serem utilizados mesmo quando não conectados à Internet (“offline”).
O Office 365 já foi lançado em alguns países e espera-se que seja lançado no Brasil ainda este ano. Seu foco, como mencionado, é corporativo, mas está voltado predominantemente para empresas de porte pequeno a médio. Os serviços oferecidos incluem, além do uso dos aplicativos do Office 2010, o Exchange, SharePoint e Lync, ou seja, aplicativos de uso geral ao qual se agregou um serviço de comunicação (correio eletrônico e mensagens instantâneas), colaboração e um portal que a empresa contratante pode usar para criar seu sítio ou sua rede privada tipo Intranet.
O Office 365 vem para substituir um serviço atualmente oferecido pela MS denominado BPOS (Business Productivity Online Standard Suite). Na verdade, do ponto de vista prático, ele pode ser considerado como um BPOS aperfeiçoado ao qual foi agregado o uso dos aplicativos Office 2010. E tudo isto “na nuvem”.
Como o BPOS, o uso do Office 365 será cobrado em função dos serviços contratados, que podem variar desde as simples facilidades de correio eletrônico até o uso de todos os recursos oferecidos, incluindo o pacote Office. Ainda segundo Eduardo, o custo mensal estimado por usuário para a totalidade dos serviços deverá ser inferior a R$ 50.
A grande vantagem, ainda segundo Eduardo, é a inclusão do Office, que ele considera uma ferramenta ideal para aumentar a produtividade. E qual a importância disto para a empresa? Ainda citando, textualmente, as palavras de Eduardo Campos: “A única coisa que todos têm na mesma quantidade é o tempo. O Office 365 ajuda a usar o tempo aumentando a produtividade”.
E finaliza enfatizando aquilo que ele acha mais importante: O Office ajuda as pessoas.
É justo. Afinal, ele é o Gerente Geral do Office para a América Latina e não há de pensar diferente. Mas, ainda que não o fosse, é forçoso admitir: ajuda mesmo.
Por exemplo: ainda agora vocês estão lendo um texto digitado no Word do Office 2010...