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Figura 1: TechEd Brasil 2011 |
O Tech Ed 2011 da Microsoft, como indica o nome, é um evento eminentemente técnico realizado anualmente pela MS em diversos países.
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Figura 1: TechEd Brasil 2011 |
Seu objetivo é promover um encontro no qual os desenvolvedores de programas para seus sistemas operacionais e aplicativos e os profissionais da tecnologia da informação que usam suas ferramentas para administrar sistemas possam trocar ideias com a equipe técnica da Microsoft. O que resulta em um evento claramente dividido em duas vertentes: “profissionais” e “desenvolvedores”, duas tribos com características bastante diferentes mas que sempre se entendem muito bem durante o TechEd.
Este ano, pela primeira vez a MS decidiu levar a edição brasileira do evento para o Expo Center Norte, em São Paulo, aquele que fica ao lado do Centro Comercial Norte que a Prefeitura de SP acha que vai explodir e fecha, a justiça abre, e ficam neste abre e fecha enquanto não explode. Felizmente – pelo menos para mim que, como mostra a figura abaixo, andei por lá justamente na época do abre e fecha – não explodiu durante o evento realizado nos dias 29 e 30 de setembro. Mas, tivesse explodido, conforme se vê na figura, ao menos eu explodiria em boa companhia.
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Figura 2: Estande da bfbiz no salão |
Nestes dois dias a MS conseguiu reunir quase três mil participantes que assistiram 198 sessões técnicas (palestras, apresentações e “quick sessions”) levadas a cabo por profissionais de nove diferentes países, predominantemente da América Latina.
As palestras foram ministradas simultaneamente em dezesseis salas, organizadas por “trilhas” (conjuntos de palestras sobre assuntos correlatos). Estas “trilhas” iam desde “Plataforma de Aplicação e infraestrutura” até “Windows Phone”, passando por “Cloud Computing e Online Services” (um tema que estava em alta nesta edição), “Office e Sharepoint”, “Windows, Servidores” e, evidentemente, “Ferramentas de desenvolvimento, linguagens e frameworks”.
A organização do evento foi impecável. Um exemplo simples, porém bastante ilustrativo: a agenda das palestras foi fornecida com antecedência (e, se você tentar, provavelmente ainda a encontrará na página < http://www.teched.com.br/Conteudo/Palestras.aspx > “Palestras” do sítio do TechEd) e permitia que o participante inscrito a consultasse, filtrando as palestras de acordo com seu interesse por meio de uma classificação que levava em conta a “Trilha”, o nome do palestrante, o horário de realização e, uma ideia bastante interessante, o nível de especialização (havia três níveis, 200, 300 e 400, do de menor para o de maior dificuldade). Para selecionar as palestras de interesse bastava acionar os filtros e era apresentada a relação apenas das que satisfaziam os critérios estabelecidos. Consultada a relação e escolhidas as palestras que pretendia assistir, o participante deveria se inscrever em cada uma delas com a devida antecedência. As inscrições eram aceitas até que fosse atingido o número de assentos disponíveis na plateia de cada sala, quando então eram bloqueadas para evitar superlotação.
Pois bem: durante o evento, na entrada de cada palestra, havia representantes da organização do TechEd munidos de um leitor de código de barras. O participante apresentava seu crachá, o código de barras era lido e, se a inscrição prévia fosse confirmada, a entrada era liberada. Caso contrário o pretendente permanecia em uma fila até o início da palestra, quando a entrada era liberada para os não inscritos até o limite dos assentos ainda livres na plateia. Uma providência simples que evitava correrias, aglomerações e disputa por assentos nas palestras mais concorridas.
O resultado disto foi um evento do qual participaram quase três mil pessoas onde não se percebia aglomerações, correrias, confusão ou qualquer outra demonstração de desorganização. Quem tinha se inscrito para uma palestra sabia que poderia se apresentar na sala tranquilamente apenas alguns minutos antes da hora aprazada para seu início com a garantia que não enfrentaria atropelos e teria seu assento garantido.
A inscrição era obrigatória para todas as palestras, exceto para a “Sessão Geral”, que abriu o evento e contou em sua plateia com a presença de praticamente todos os participantes. Nela, foi fornecida uma visão panorâmica do que se esperava do TechEd Brasil 2011, com diversos técnicos e executivos da empresa se revezando para dar seu recado. Veja, na figura abaixo, a participação de Eduardo Mangarelli, Diretor de Tecnologia para a América Latina da Microsoft.
A sessão de abertura foi transmitida ao vivo pela Internet, gravada e quem se interessar pode acompanhar seu conteúdo na íntegra pelo YouTube no vídeo < http://www.youtube.com/watch?v=jK-I7iAsv4c > “General Session - TechED Brasil 2011”.
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Figura 3: Sessão de abertura |
Em um evento como este se fala de tudo que diz respeito à MS e seus produtos. Mas fala-se de um ponto de vista eminentemente técnico, que interessa apenas aos que estão diretamente envolvidos com programação para os aplicativos da MS e gerenciamento de seus produtos. Fora, talvez, as palestras sobre novos padrões web (ao que parece a MS está vivamente interessada em aderir à dupla HTML5/CSS3 e toda uma “trilha técnica” foi dedicada ao tema; a figura abaixo mostra uma destas palestras, ministrada por Murilo Curti e Alex Kundera) que um dia pretendo voltar a abordar < http://blogs.forumpcs.com.br/bpiropo/2011/09/14/desenvolvendo-aplicativos-com-html5/ > como fiz recentemente, não creio que esmiuçar o TechEd trouxesse muito interesse aos leitores desta coluna.
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Figura 4: Palestra sobre HTML5 |
Mas, seja como for, além dos padrões Web, três assuntos em particular chamaram minha atenção (além, é claro, da absoluta ausência de qualquer menção a Windows 8; a MS está tratando o assunto com tal grau de confidencialidade que, oficialmente, parece que a nova versão do sistema – da qual já foi até liberada uma prévia para desenvolvedores e fabricantes de equipamentos – sequer está em seus planos para o futuro próximo).
Um deles foi o Windows Phone e o lançamento da nova versão 7.5 de seu sistema operacional, codinome “Mango” (que, dizem as más línguas, serviu de modelo para a futura interface com o usuário de Windows 8 – mas, como citado acima, o ponto não foi sequer mencionado posto que, oficialmente a MS não cogita em Windows 8). Mas seja como for, com a versão “Mango” tudo indica que a MS tem agora uma plataforma em condições de competir em patamar de igualdade com os rivais Android e iOS na liça dos sistemas operacionais para dispositivos móveis, em particular os chamados “telefones espertos”, ou “smartphones”.
A interface com o usuário do Windows Phone não usa ícones, mas “tiles”, pequenos retângulos que além de invocar os aplicativos, mesmo antes de acionados já fornecem algumas informações importantes que são automaticamente atualizadas usando o sistema “push”. Por exemplo: o aplicativo que fornece informações sobre o clima já traz, no próprio “tile” que o carrega, dados sobre as condições climáticas locais antes mesmo do aplicativo ser invocado. De uma forma simplificada pode-se dizer que os “tiles” funcionam como ícones inteligentes, ou seja, já fornecem informações do aplicativo sem que seja necessário carregá-lo. Veja, na figura abaixo, foto obtida na sessão de abertura do TechEd, um aspecto da interface com o usuário do Mango (o pequeno círculo amarelo à direita indica a posição do dedo do usuário, já que a interface foi desenvolvida para uma tela sensível ao toque).
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Figura 5: nterface do Windows Phone 7.5 |
Segundo Mário Abreu, especialista em plataformas móveis da MS, o sistema está focado na pessoa, não no dispositivo. O que, ainda segundo Abreu, confere uma facilidade de uso inigualável. Por exemplo: alguns “tiles”, em vez de dar acesso a um único aplicativo, dá a vários. Estes, são chamados de “hubs”. Um deles, o “people”, reúne todas as informações sobre todas as pessoas com quem o usuário se relaciona, seja através de seu catálogo de endereços, seja via redes sociais como Facebook, Messenger, LinkedIn e Twitter. Neste “hub” estão reunidos todos os serviços relativos a pessoas. E para facilitar as coisas, o aplicativo permite criar grupos, mantendo informações sobre pessoas correlacionadas por algum fator comum (família, trabalho, amigos, etc.) em um mesmo local. O “hub” de mensagens, por exemplo, permite verificar a cada momento quais são as pessoas de cada grupo que estão “online” e trocar mensagens com ela escolhendo um entre os diferentes canais. E vai por aí. Por exemplo: o IE9 que está no Windows Phone é exatamente o mesmo que está nas telas dos computadores com Windows 7 assim como o Office também não é muito diferente do da tela grande – e, além de já vir com o aparelho, oferece acesso ao SkyDrive. E o Windows Phone, à exemplo do iOS e do Android, oferece seu próprio Windows Market para baixar aplicativos (muitos deles gratuitos).
Outro ponto que despertou minha atenção foi o desenvolvimento de aplicativos para o Kinect. Eu assisti uma apresentação, aliás excelente, de Maurício Alegretti da MS demonstrando o “kit” de programação (“SDK”, ainda em estágio beta) para o pequeno dispositivo, que me deixou vivamente impressionado. Assim como, na sessão de abertura, me impressionaram os vídeos exibidos sobre o uso do Kinect como interface natural de usuário na interação com computadores e seu emprego na medicina e fisioterapia, particularmente no tratamento de pessoas portadoras de deficiência através de exercícios controlados pelo dispositivo. E a quem pensa que o Kinect é apenas mais um brinquedinho para uso em jogos de computador, sugiro que dê uma passada de olhos nos vídeos exibidos na sessão de abertura do TechEd Brasil 2011 por Roberto Prado (a sessão de abertura está disponível inteira no YouTube, no atalho citado alguns parágrafos acima; mas como ela se alongou por duas horas e os vídeos a que me refiro estão quase no final, quem se interessar carregue o vídeo no YouTube, mova o controle deslizante para 1h:52min e assista a partir deste ponto). O primeiro deles mostra o desenvolvimento do tratamento de duas crianças, gêmeas, portadoras de paralisia cerebral e como o Kinect tem sido usado como auxiliar nos exercícios de reabilitação. Para quem se interessa pelo assunto, é mais que importante: chega a ser comovente.
Finalmente, o terceiro assunto que despertou meu interesse foi o Office 365, um serviço “em nuvem” da Microsoft destinado a substituir o BPOS.
Não sabe o que é o BPOS? Nunca ouvir falar no Office 365? Então espere um pouco que brevemente vou escrever uma coluna sobre o assunto baseada na entrevista que fiz durante o TechEd com Eduardo Campos de Oliveira, Gerente Geral do Office da MS Brasil.
Até lá.