As novas versões de alguns programas navegadores permitem sincronizar dados em diferentes computadores. Por exemplo, o Firefox oferece o serviço “Firefox Sync”. Funciona assim: o usuário do Firefox cria uma conta em um servidor de arquivos (que pode ser o próprio servidor oferecido pelo “Firefox Sync”) entrando com uma identidade de usuário e senha e informando o que ele deseja manter sincronizado, inclusive e principalmente os “Favoritos”. Criada a conta, seu signatário pode adicionar a ela quantos dispositivos queira (computadores, telefones espertos, tabletes, enfim, tudo onde o Firefox roda). A partir de então, sempre que ele adicionar um sítio aos favoritos seja em que dispositivo for (desde que incluído na conta), ela será registrada no servidor e repassada a todos os demais. Resultado: adicionado, por exemplo, um sítio aos favoritos do Firefox no computador do escritório, seu URL será automaticamente adicionado à lista de favoritos de todas as instâncias do Firefox que rodam em todos os demais dispositivos incluídos na conta “Firefox Sync”.
O Google Chrome oferece um serviço praticamente idêntico nas “Opções >> Coisas pessoais” (e antes que seus partidários se manifestem: sim, eu sei que o pioneiro foi justamente o Chrome ainda na versão 6, mas o “Firefox Sync” tornou-se mais popular, fazer o que?). E o Internet Explorer, sei lá, talvez tenha alguma coisa parecida, mas confesso que me faltou paciência para pesquisar. Porque, embora sejam recursos extremamente úteis, o fato é que não uso qualquer um deles.
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E tenho uma boa razão para isto: há muito, muito tempo mesmo, desde que ele não passava de um mero programa auxiliar (“plug-in”) do Firefox e se chamava FoxMarks, uso algo muito melhor: o programa XMarks, que faz praticamente a mesma coisa, porém de forma mais ampla (e já veremos por que).
Já o uso há tanto tempo que mal me dou conta dele. Mas o programeto é danado de bom. E, além do mais, tem uma virtude inexcedível: é de graça (embora exista uma versão paga que, por cerca de um dólar por mês, fornece alguns recursos adicionais).
Por isto resolvi dedicar a ele a coluna de hoje.
Começando do começo
Como eu disse, no começo o programa não era propriamente um programa. Pelo menos não era uma entidade independente, mas um acessório de outro programa. Sendo mais específico: chamava-se “FoxMarks” e somente funcionava se instalado como “plug-in” do Firefox. Quer dizer: se você usava um computador no trabalho e outro em casa e acessava a Internet em ambos, não precisava se dar ao trabalho de anotar aquele sítio especialmente útil que descobriu em um deles para acrescentar aos favoritos do outro. Bastava instalar o FoxMarks que o programeto cuidava de manter sua lista de favoritos atualizada e sincronizada.
É claro que a ideia é boa. E é mais claro ainda que ideias boas são copiadas. O que justifica a razão pela qual os bons programas navegadores a incorporaram.
Então isto significa que o velho FoxMarks perdeu sua utilidade e desapareceu, como tantos pequenos utilitários cujas funções foram absorvidas pela evolução dos navegadores?
Muito pelo contrário: o programeto mudou de nome para XMarks, evoluiu, cresceu, incorporou novas funções e hoje seu banco de dados já incorpora um acervo de mais de um bilhão e meio de favoritos sincronizados.
Como pode?
Pode porque o XMarks faz o que nenhum programa navegador avulso pode fazer: fuçar os dados dos demais programas navegadores. Explico: em vez se de restringir a um único programa navegador, a conta (gratuita, não custa repetir) criada no XMarks sincroniza os favoritos em praticamente todos os programas navegadores em todo dispositivo onde for instalado. Quer dizer: é uma espécie de sincronizador universal de favoritos.
Explicando como a coisa funciona para que fique mais fácil entender: como o “Firefox Sync”, assim que instalado no programa navegador de um computador, o XMarks solicita ao usuário que crie uma conta pessoal e entre com identidade de usuário e senha. Depois, efetua uma sincronização dos favoritos (ou seja, cria uma cópia da lista de favoritos do programa em seu próprio servidor). E se você usa aquele mesmo programa navegador – por exemplo, o próprio Firefox – em, digamos, quatro computadores diferentes, basta instalar o XMarks em cada um deles, fornecer identidade e senha da conta e solicitar que sejam sincronizados. Daí em diante, toda a alteração que você fizer em sua lista de favoritos (por exemplo, adicionar um novo) no Firefox de um dos computadores onde o XMarks foi instalado, será incorporada aos demais.
Neste momento já começo a ouvir os protestos dos leitores mais atentos que perceberam que o XMarks faz a mesma coisa que o “Firefox Sync”. Com a desvantagem que, enquanto o “FirefoxSync” já vem “de fábrica”, o XMarks precisa ser instalado em cada instância do Firefox de cada computador que se deseja manter sincronizado.
E, neste ponto, sou obrigado a concordar com eles. E mais ainda: caso se trate de usuários fidelíssimos do Firefox, daqueles que não usam outro programa navegador nem que a vaca tussa, concordarei até com sua provável afirmação que é muito melhor e mais prático usar o próprio “FirefoxSync” que faz parte do navegador do que instalar um programa adicional em cada computador para fazer a mesma coisa.
Isto, de fato, é verdade.
Mas e quem usa mais de um navegador?
Sincronizando diferentes programas
Vocês, eu não sei. Mas eu tenho instalado nesta máquina que vos fala o Internet Explorer 9, o Firefox 4 e o Chrome 13 (nada contra, mas não sou muito chegado ao Opera). E não apenas aqui: também os tenho instalados nas demais máquinas que uso rotineiramente (e são muitas).
Eu não os instalei por esporte, mas por necessidade. Além de precisar conhecê-los para escrever sobre, os uso frequentemente, indiferentemente e, grande parte das vezes, simultaneamente (agora mesmo tenho uma instância do Firefox aberta em um monitor, com diversas abas abertas referentes ao XMarks, assunto sobre o qual escrevo no momento, e outra do Chrome em outro monitor, ao qual recorro para consultar minhas agendas de compromissos e endereços e fazer consultas eventuais ao Google).
Então, no que toca à sincronização de dados entre programas navegadores, tenho um problema que se desdobra em dois: não apenas preciso manter todos eles sincronizados entre as diversas máquinas que uso como também é necessário fazê-lo também nas diversas instâncias de diferentes programas navegadores instalados em cada uma delas.
E é aí que entra o XMarks, que oferece versões para o Firefox, para o Chrome, para o IE e para o Safari. Todas elas gratuitas.
E, melhor: todas elas acessando a mesma conta do mesmo servidor.
Ou seja: instaladas as respectivas versões do XMarks em cada programa navegador de cada máquina e criada a conta no servidor do XMarks (o que só se faz uma vez, naturalmente), basta ajustar o conjunto para manter todos os favoritos de todos os navegadores de todas as máquinas perfeitamente sincronizados. E esquecer.
Daí em diante, cada alteração será propagada para todos os programas navegadores de todas as máquinas.
Em tempo: todas as versões do XMarks podem ser obtidas no < http://www.xmarks.com/ > sítio do desenvolvedor.
E, neste ponto, cabe uma indiscrição: no final de setembro do ano passado, Todd Agulnick, cofundador e diretor de tecnologia da XMarks, veio a público para declarar que deveria fechar suas portas em dez de janeiro de 2011. Segundo ele, embora seus serviços continuassem a pleno vapor atendendo cinco milhões de usuários, a empresa não poderia continuar os oferecendo.
E, dizem os analistas (como George Norman neste < http://www.findmysoft.com/news/Come-January-Xmarks-Will-Close-its-Doors/ > artigo da FindMySoft), que não foi a incorporação do recurso de sincronização aos próprios programas navegadores o principal fator responsável pelo fechamento, mas a impossibilidade de encontrar um modelo de negócios eficaz. Na verdade, segundo o próprio Todd, a empresa funcionou gratuitamente por quatro anos em busca de um modelo de negócios que a sustentasse. Diz ele que chegou a pensar em instituir uma modalidade “premium”, com serviços adicionais e paga, mas estudos de mercado não comprovaram sua viabilidade. Tentou vender a empresa mas o negócio abortou já em fase adiantada de negociação. Nada mais lhe restava senão anunciar o fechamento (o desenrolar desta triste história, passo a passo, pode ser acompanhado nas < http://blog.xmarks.com/search?updated-max=2010-12-01T21%3A09%3A00-08%3A00&max-results=7 > edições antigas do próprio blog da empresa).
Felizmente, cerca de dois meses depois, a própria XMarks anunciava que havia sido adquirida pela < http://lastpass.com/ > LastPass. E que, com a aquisição, a XMarks passava a oferecer um serviço “premium”, pago (já falaremos sobre ele) que poderia ser “casado” com os serviços oferecidos pela LastPass (sobre os quais também falaremos) por um custo módico. E que isto viabilizaria a empresa – que, felizmente, desde então sobrevive firme e forte. Se quiser saber detalhes sobre a aquisição, eles podem ser encontrados na < http://blog.xmarks.com/?p=1988 > versão atual do blog da empresa. Mas vai ser preciso rolar até o final, posto que sendo a primeira notícia da nova fase, acabou na base do blog.
O que se pode sincronizar com o XMarks
Bem, o básico são os favoritos. Afinal, foi justamente para manter os favoritos do Firefox sincronizados entre diferentes computadores que o então FoxMarks foi criado. E aí não tem mistério: instala-se o XMarks no programa navegador (lembre: cada navegador usa sua versão do XMarks, todas elas gratuitas e obtidas no < https://www.xmarks.com/ > mesmo sítio) e informa-se se já se tem uma conta ou não. Caso negativo, passa-se a ser guiado pelos procedimentos necessários para criar a conta e copiar para o servidor os favoritos do programa onde a instalação acabou de ser feita; caso positivo, ingressa-se na conta fornecendo nome de usuário e senha e solicita-se que os favoritos, que já devem existir no servidor (afinal, o usuário já tem conta...) sejam sincronizados com os do programa. É simples assim.
E, para quem mantém apenas a conta gratuita, isto é tudo.
Mas, atenção: o fato de ser tudo não significa que seja pouco.
Pois se você se der ao trabalho de refazer os passos descritos no primeiro parágrafo desta seção apenas uma vez para cada programa navegador instalado em cada máquina, ou seja, instalar a respectiva versão do XMarks em cada um deles e solicitar que sejam mantidas sincronizadas, cada vez que incluir um favorito em qualquer navegador de qualquer micro ele será propagado para todos os navegadores daquele e dos demais micros.
Se você acha que isto logo o levará a uma situação em que se tornará impossível administrar todo o conjunto, talvez tenha razão. Mas para isto o XMarks oferece a possibilidade de criação de diferentes “perfis” na mesma conta (mesmo na versão gratuita).
Com eles você pode agrupar seus favoritos por atividade e espalhá-los por todos os programas navegadores de todos os computadores a que tem acesso, sem “misturar” os grupos. É como se cada perfil fosse de um usuário diferente.
O XMarks oferece por padrão três perfis, o “móvel”, ou seja, geral, que se espalha por todos os navegadores de todas as máquinas, e os “Work” e “Home” para as máquinas de trabalho e de casa. Além disto pode-se criar perfis adicionais e agrupar neles favoritos referentes a atividades correlatas, o que facilita um bocado administrar o conjunto.
Além disto, o programa permite acessar diretamente o servidor (mesmo de um micro onde o XMarks não esteja instalado; digamos, a partir de uma “lan house” ou serviço de hóspedes de um hotel durante uma viagem) e não somente consultar os favoritos de cada perfil como também exportar sua lista, eliminar duplicatas, organizá-los em pastas, consultar uma miniatura da tela de cada um, efetuar busca entre eles, inspecionar seus detalhes, compartilhar pastas com amigos, sincronizar perfis, o diabo.
Para lidar com listas de favoritos não conheço coisa melhor.
Recursos adicionais
Como eu disse, o XMarks oferece uma versão “premium”, paga. Eu não a uso – mesmo porque dou sempre preferência a divulgar aqui produtos gratuitos. Mas como a versão paga existe, aqui vai um pequeno comentário sobre ela.
Para começar, o preço, que me parece mais que acessível: pelo que percebi, a manutenção dos serviços corresponde a um custo de doze dólares americanos anuais e, caso se pretenda associar estes serviços com os oferecidos pela LastPass, o custo sobe para vinte dólares anuais, o que ainda me parece bastante razoável.
Os serviços premium correspondem, essencialmente, à extensão da sincronização de favoritos para dispositivos móveis (especificamente iPhone e iPad, dispositivos que suportam Android versão igual ou superior a 1.5 e unidades BlackBerry), além de oferecer como serviços adicionais as cópias de segurança e restauração das listas de favoritos por períodos mais longos, sincronização de conjuntos de abas abertas (que permite, por exemplo, que você interrompa o trabalho no escritório com um conjunto de abas de seu programa navegador abertas e continue em casa abrindo aquelas mesmas abas como se não tivesse sequer trocado de computador) e um serviço prioritário de ajuda ao cliente.
Já os serviços oferecidos pela LastPass consistem em sincronização de senhas. É um negócio interessante, principalmente no mundo de hoje, onde somos obrigados a memorizar e atualizar com grande frequência um número cada vez maior de senhas. O LastPass permite consolidá-las todas em uma só. Mas isto não é papo para esta coluna e quem quiser saber como funciona veja o vídeo na < https://lastpass.com/ > página da LastPass.
Porque o assunto de hoje é o XMarks, que já se esgotou.
Bom proveito.