Sítio do Piropo

B. Piropo

< Coluna em Fórum PCs >
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20/06/2011

< Resenha da Computex 2011 – III >


Na < http://blogs.forumpcs.com.br/bpiropo/2011/06/15/resenha-da-computex-2011-%E2%80%93-ii/ > coluna anterior abordei os expositores do Pavilhão de Nangang e seus produtos. Mas, se bem que este seja o maior de seus pavilhões, a Computex se estende para muito além dele. Para ser exato, este ano, com o aumento da participação dos expositores internacionais – particularmente os da China Continental – havia mais quatro pavilhões (nos anos anteriores eram apenas três), todos situados na região central de Taipei, nas vizinhanças do Taipei 101, marco da cidade e um dos prédios mais altos do mundo com seus cento e um andares.

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Figura 1: Taipei 101.



Nesta derradeira coluna sobre a Computex 2011 vamos abordar o que vimos nestes pavilhões, com foco principalmente nos tabletes – que, afinal, encontrei – e o que foi dito na entrevista coletiva prestada pelos organizadores do evento à imprensa internacional com um balanço final do evento.
Quem estiver interessado em maiores detalhes sobre a feira, sua organização, os eventos paralelos (simpósios, seminários e eventos temáticos) além das estatísticas de comparecimento e detalhes sobre as premiações, pode obtê-los no < http://www.computextaipei.com.tw/ > sítio da Computex, mas em inglês (ou mandarim, para quem se entender melhor neste idioma).
Quanto a nós, vamos aos finalmente, que ano que vem tem mais.

Os tabletes afinal
Desde o início do evento fala-se que a Computex 2011 seria a feira dos tabletes. Até o Presidente da República deixou isto claro em seu discurso na cerimônia de abertura. Eu esperava encontrar tabletes em todos os cantos da feira, tropeçar neles, achá-los em toda parte. E estranhei que isto não estivesse acontecendo.
Ontem, descobri o porquê [NOTA POSTERIOR: esta nota foi enviada na véspera do encerramento da Computex 2011].
É que chinês é um povo danado de organizado e gosta de manter cada coisa em seu lugar. E a Computex é uma feira imensa que se espalha por cinco salões em pavilhões diferentes, todos de grande porte, em diferentes pontos da cidade. E nos dois primeiros dias da feira eu havia concentrado minhas atividades no pavilhão de Nangang, o maior deles, mais movimentado e mais distante. Somente ontem voltei minha atenção para os demais, situados no centro da cidade, em torno do Taipei 101, um dos prédios mais altos do mundo e marco da cidade de Taipei. E como a feira é temática e concentra os temas em diferentes pavilhões, foi somente aí, no Hall One, do qual a foto abaixo mostra uma vista parcial, que encontrei, afinal, os tabletes. E, como eu esperava, espalhados por todos os cantos do pavilhão.

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Figura 2: Vista parcial do Hall One.

Havia tabletes de todos os tipos e tamanhos, rodando diferentes sistemas operacionais e equipados com praticamente todos os tipos de UCPs de baixo consumo. Não vai dar para falar de todos, portanto vou deixar de fora os Eee Transformer e Padfone, ambos da Asus, sobre os quais já escrevi em nota anterior, e alguns que claramente foram desenvolvidos apenas para “aproveitar a onda”. Vamos então aos que merecem mais atenção.

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Figura 3: Iconia Tab A100 da Acer.

 

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Figura 4: Iconia Tab A500 da Acer

Começando pelo Iconia Tab da Acer, cuja série 500 acabou de ser lançada aqui mesmo na Computex. A diferença básica entre os dois modelos mostrados acima é o tamanho da tela. No mais, são idênticos ou muito parecidos. Fixemo-nos no modelo maior, mais recente e poderoso, o A500. Como a maioria dos tabletes de grande desempenho, há dois tipos disponíveis, um com 16GB de armazenamento secundário (SSD), outro com 32GB. Roda Android Honeycomb 3.0, é equipado com uma UCP Tegra 2 de 1GHz e núcleo duplo da NVidia e 1GB de memória primária (RAM). Tela sensível ao toque de 10” com resolução de 1200 x 800 pontos, conexão via WiFi e Bluetooth (mas não 3G), portas HDMI e USB 2.0 e câmara de vídeo. Um belo brinquedo, porém um tanto limitado.

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Figura 5: Iconia Tab W500 da Acer

 

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Figura 6: Iconia Tab W500 da Acer e seu teclado

A Acer não quer perder freguesia. Por isto desenvolveu também um modelo que roda Windows, versão 7 Professional. Este é equipado com uma UCP AMD C-50 de núcleo duplo e 1 GHz, vem com 2GB de memória primária e tem uma porta adicional de rede padrão Ethernet. Uma máquina razoavelmente mais poderosa do que a que roda Android.

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Figura 7: S-1080 da Gigabyte e seu teclado

 

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Figura 8: S-1080 da Gigabyte

Para não fugir das marcas mais conhecidas, vamos ao S-1080 da Gigabyte mostrado nas figuras acima, acoplado ao teclado e nas mão de uma simpática técnica que me atendeu no estande da empresa. É um tablete relativamente pesado (900g) que roda Windows 7 Home Premium, equipado com um Atom N570 de núcleo duplo e 1,66 GHz da Intel. Tela de 10” formato largo (1024x600), vem com 2GB de memória primária e um disco rígido (magnético) SATA de 320GB de memória secundária. Tem portas USB (2.0 e 3.0), rede Ethernet, entrada para rede telefônica (conexão tipo “dial up”), leitor de cartão SD e comunicação sem fio via WiFi, Bluetooth e, opcionalmente, 3G. Além de câmara de vídeo. Pesa pouco menos que seu concorrente da Acer: 850g. Tanto um quanto outro parecem uma tentativa de adaptar uma concepção de máquina convencional para funcionar como tablete.

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Figura 9: Tablete Pierre Cardin e seu teclado

Há também os oportunistas. O que vocês vêem acima é um tablete Pierre Cardin. Por incrível que pareça, ele é fornecido em oito modelos diferentes, alguns rodando Windows, outros Android, com quatro diferentes UCPs, distintas capacidade de armazenamento e opcionais. Evidentemente não se trata de um fabricante. Trata-se de uma empresa, a Shenzhen Vogue Industries Co, que licenciou a marca Pierre Cardin e adquiriu de diferentes fabricantes seus distintos modelos, estampando neles o logotipo da marca. Não vale a pena perder tempo com as especificações técnicas já que, amanhã ou depois, a empresa pode simplesmente encomendar outros modelos de outros fabricantes, estampar o logotipo Pierre Cardin e vendê-los para os otá... digo, clientes que dão mais importância à marca que ao produto. No que me diz respeito, só considero válido usar um computador Pierre Cardin envergando uma calça Intel, uma camisa AMD e um tênis Asus.

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Figura 10: Tablete Arko e sua caixa

 

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Figura 11: Dois modelos de tabletes Arko

O que vocês vêem acima são dois tabletes Arko. Não posso afirmar com segurança, mas tudo indica se tratar de um caso semelhante ao anterior, com a diferença que a marca Arko não é badalada como a outra. Mas a Arko fabrica (ou não fabrica? Encomenda?) catorze (!?) modelos de tabletes. Das especificações constam dados como: “CPU – (600 + 600) dual core”, sem mencionar marca ou modelo. Todos rodam Android 2.2 ou 2.3. Não divulgaram o preço no varejo (a feira é voltada para distribuidores internacionais), mas suspeito que sejam baratinhos. Se você comprar um deles, conte com toda a minha simpatia e comiseração.

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Figura 12: Tablete Boltun

 

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Figura 13: Tablete Boltun, vista lateral com algumas portas


Acima vocês vêem o tablete Boltun. É fornecido pela Boltun Co. e, honestamente, não sei se é o mesmo caso dos anteriores já que na feira não estavam fornecendo as especificações técnicas. Mas, pelo menos, me pareceu um produto com um acabamento bastante superior ao dos anteriores.

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Figura 14: Tablete Semoor e seus companheiros

A Semoor é uma empresa especializada em automação de serviços em restaurantes. Os três dispositivos mostrados à esquerda permanecem fixos nas mesas e, neles, os comensais escolhem os pratos (reparem nas figuras exibidas nas telas) e enviam diretamente suas ordens para a cozinha através de uma conexão sem fio. Já o dispositivo que é mostrado na extremidade direita da foto é o tablete da Semoor. Considerando que ela fabrica seus terminais, presumivelmente há de fabricar também seu tablete. Mas o material de divulgação distribuído na feira não informava as características técnicas.

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Figura 15: Tablete Visture

A figura acima mostra o tablete da Visture. Este é um caso a parte dos que vínhamos vendo até o momento, inclusive os da Gigabyte e Acer. Pesa 590g e é um tablete de verdade, leve, portátil, equipado com um processador Cortex-A9 de núcleo duplo (um processador de arquitetura ARM). Roda Android 2.2, tem uma tela de 9,7” com resolução de 1024 x 768 (padrão SVGA), suporta conexão sem fio 3G opcional, além de WiFi e Bluetooth, tem memória secundária de 8 GB e primária de 512 MB (ambas de pequena capacidade, como se vê mas a secundária pode ser expandida até 40 MB com um módulo micro SD no devido slot), câmara de vídeo, enfim, tudo o que um tablete precisa. O custo não foi fornecido, mas deve ser bastante baixo. Trata-se de um tablete de pequena capacidade de processamento, pouca memória, desempenho limitado, porém um tablete de verdade e não uma adaptação de última hora para surfar na onda dos tabletes. E é um produto bem acabado.

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Figura 16: Dois modelos de tablete Ragoo

Finalmente, o Ragoo. O fabricante fornece sete modelos, todos com tela de sete polegadas com exceção do modelo A101, de 10,1” com resolução de 1024 x 600. Fixemo-nos nele. Vem com UCP CortexA-8 da Samsung com arquitetura ARM rodando a 1 GHz. Sua memória secundária é de míseros 4 GB e a primária de 512 MB. Roda Android2.2 e dispõe de conexões sem fio WiFi e Bluetooth, além de portas HDMI, USB e leitor de cartões micro SD. Não tem câmara de vídeo. Em resumo: um modelo semelhante ao anterior, porém ainda mais limitado.
Havia mais tabletes na feira. Porém a maioria deles eram do tipo “genérico”, ou seja, daqueles que o fornecedor só estampa sua marca em um modelo fabricado por terceiros e que não há de ser muito diferente de um dos descritos acima. Mas a quantidade deles deu para ter certeza: este ano não há muito como fugir da invasão dos tabletes.

O balanço final
A 31ª edição da Computex encerrou suas atividades na sexta-feira, dia três de junho de 2011, certa de que, mais uma vez, fez sucesso no cenário dos grandes eventos internacionais de tecnologia.
No dia seguinte seus organizadores reuniram a imprensa internacional para um balanço final em uma entrevista coletiva.

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Figura 17: Mr. Jeremy Hong em sua exposição


A entrevista foi aberta por Jeremy Hong, Diretor Executivo da TAITRA, que fez um balanço dos números da edição deste ano. O número de expositores apresentou um crescimento de nove porcento em relação ao da edição anterior, ultrapassando a marca de 1.800 empresas. Foram ocupados 5.300 estandes e o número somente não foi maior porque, embora com o acréscimo de um pavilhão aos quatro usados nos anos anteriores, os organizadores não conseguiram suprir a demanda total, que ultrapassou os seis mil estandes.
Não obstante, o número de exibidores internacionais chegou a 500, provenientes de 28 países e, somente eles, ocuparam mil estandes. E os mais de 120 mil visitantes deste ano vieram de 162 países, principalmente dos EUA com 12%, seguidos do Japão (10%), China Continental (6.2%), Hong Kong e Coréia (com pouco menos de 6% cada). Por continente, vieram principalmente da Ásia, como é natural (68%), seguida pela América do Norte (13%) e Europa (10%). Da América do Sul vieram 2%, o que pode ser considerada uma excelente porcentagem considerando a distância e as dificuldades da viagem. Afinal, 2% de cento e vinte mil são quase duas mil e quinhentas almas, um bocado de gente para atravessar três continentes.

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Figura 18: Belinda na entrevista coletiva

Em seguida tomaram a palavra os responsáveis pela coordenação do evento, como Belinda Chen que se vê na foto acima, para fornecer detalhes sobre as atividades. E, entre eles, revelaram que este ano a Computex promoveu mais de mil encontros diretos entre os fornecedores e eventuais compradores, os já tradicionais “procurement meetings”, onde foram fechados negócios em um montante superior a quatrocentos milhões de dólares americanos – enquanto a feira, em sua totalidade, promoveu negócios de mais de vinte e cinco bilhões de dólares americanos. Negócios que envolveram, principalmente, as estrelas da feira: dispositivos móveis e conectados sem fio, como tabletes e telefones espertos, tecnologia de imagens tridimensionais e computação em nuvem.
Como visitante já quase habitual, posso acrescentar que esta foi a melhor edição da Computex a que compareci. Que impressionou não só pela organização quanto pelo tamanho.
Porém, no que toca a tamanho, a coisa vai complicar já nas próximas edições. Pois ocorre que um dos jornalistas presentes à entrevista coletiva perguntou ao Sr. Jeremy Hong por que o número de expositores da China Continental foi menor que o esperado. Ele respondeu que, mesmo com a inclusão de um pavilhão adicional para ampliar a área destinada aos estandes, não houve espaço suficiente para fornecer o número de estandes solicitados. Mas que, visando atender a sempre crescente demanda, a TAITRA e a TCA, que organizam o evento, expandirão ainda mais a área da exposição. Segundo ele, já no próximo ano serão oferecidos quinhentos estandes adicionais e no ano seguinte mais quinhentos.
Diante disto, eu perguntei qual seria sua previsão para daqui a três anos, quando o segundo – e também gigantesco – pavilhão de exposições de Nangang estiver pronto e a Computex se concentrar apenas por lá, abandonando os quatro salões que ocupou este ano no Centro de Taipei.
Ele respondeu que para 2014 espera ocupar no mínimo sete mil estandes.
Sei não, mas se este ano, para conseguir cobrir os pouco mais de cinco mil, quase botei os bofes pela boca (ainda se usa esta expressão?), imagino o que será do pobre coitado que se dispuser a cobrir a Computex 2014.
Porque eu, certamente, não vou dar conta...

B. Piropo