Por razões que não vêm ao caso, de repente percebi que dispunha de boa parte do necessário para montar a máquina dos meus sonhos justamente às vésperas de uma viagem ao exterior durante a qual, quem sabe, eu poderia comprar o que faltava.
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A máquina dos sonhos
É claro que quando se viaja a trabalho, sempre se consegue uma oportunidade aqui e ali de ir-se às compras. O problema é que como há trabalho a ser feito, o tempo é escasso e não dá para escolher muito onde comprar. E, quando lá se chega, fica-se restrito a comprar o que se encontra, o que nem sempre corresponde exatamente ao que se deseja ou se precisa. E uma máquina dos sonhos não se monta assim.
Resolvi, então, tentar algo que já tinha cogitado, mas sempre me faltou oportunidade.
Antes de partir, dediquei um tempo considerável a pesquisas na Internet. Primeiro, para estudar as opções disponíveis e decidir exatamente o que eu precisava para “casar” com aquilo que eu já dispunha. Feita a lista, nova pesquisa indicou onde eu poderia achar, no meu destino de viagem, cada item selecionado e a que preço. O que tornou possível dividir a lista de compras em dois grupos: o primeiro, composto pelos artigos que, sem dúvida, eram exatamente o que eu desejava sem precisar de informações adicionais e o segundo constituído por alguns itens que mereciam um exame mais acurado, de preferência com o objeto nas mãos. Como o tempo que eu disporia para isto seria restrito, já que minha permanência no exterior (mais especificamente em Nova Iorque) nem chegava a um final de semana, este grupo foi o mais reduzido.
Os itens do primeiro grupo foram comprados pela Internet e enviados diretamente para o hotel, adrede reservado e pago, onde ficaram a minha espera. Há quem recorra a este alvitre corriqueiramente. Eu o fiz pela primeira vez e fui bem sucedido. Mas só aconselho fazer se cumpridas algumas condições básicas. A primeira é que se tenha certeza absoluta que não haverá mudanças de acomodação de última hora (o que pode ocorrer quando não é você que cuida das reservas e do pagamento dos hotéis, como acontece em grande parte das viagens de trabalho). A segunda é que você esteja absolutamente certo que, salvo inevitáveis imprevistos de viagem, chegará no local para onde foi enviada a encomenda na data aprazada. A terceira, naturalmente, é confiar na empresa onde a compra é feita, de preferência recorrendo àquelas mais conhecidas e com nome estabelecido na praça. E a última é efetuar a compra com a devida antecedência, já que um atraso na entrega pode se catastrófico (no meu caso, quando eu saí do Brasil, a entrega já havia sido feita, confirmada por uma mensagem de correio eletrônico da empresa e verificada com um telefonema meu diretamente para a recepção do hotel).
Os itens do segundo grupo (discos rígidos, memória e alguns acessórios) foram comprados pessoalmente. Afinal, para quem gosta de tecnologia e tem algum conhecimento de hardware, é sempre um prazer “fuçar” o estoque de uma grande loja especializada.
A Máquina
Compras feitas, juntei a tralha toda, voltei para casa e parti para a melhor parte: fazer a montagem e configurar a máquina do sonhos. Experiência tão agradável que decidi compartilhá-la com vocês.
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Figura 1: A máquina, ainda na bancada |
Antes, porém, vamos ver no que consiste meu brinquedo novo (no qual, diga-se de passagem, esta coluna está sendo digitada).
A placa-mãe é uma ASUS Crosshair IV Formula equipada com um processador Phenom II X6 1055T, uma pequena maravilha de seis núcleos da AMD, e povoada com 8 GB de memória Kingston DDR3 de 1.600 GHz.
A placa de vídeo é uma Radeon HD 6870 também da AMD, lançada há apenas dois meses e sobre a qual já escrevi toda uma série de colunas cuja primeira pode ser encontrada < http://blogs.forumpcs.com.br/bpiropo/2010/10/24/a-serie-radeon-6800-i-as-placas/ > aqui. Já não é o “topo de linha” das Radeon, posto que a série 6900 acabou de ser liberada como se pode ver na resenha do Mestre Flávio Xandó publicada < http://blogs.forumpcs.com.br/flavio_xando/2010/12/27/teste-amd-radeon-6950-otimas-impressoes/ > aqui, mas continua na vanguarda (o “índice de experiência do Windows” calculado para ela atingiu 7,8 para um máximo de 7,9).
O disco rígido onde o sistema foi instalado é um pequeno (apenas 128 GB) mas rapidíssimo, com taxa de transferência de 6 Gb/s (Gigabits por segundo) “disco” SSD – ou de estado sólido – C300-CTFDDAC128MAG da Crucial, coadjuvado por um Barracuda ST31000528AS de 1 TB de capacidade, capaz de sustentar uma taxa de transferência de 3 Gb/s para armazenar os executáveis e arquivos de programa (mas não os de dados; os meus, já há um par de anos, não permanecem nos computadores mas em uma unidade conectada à rede tipo NAS da Iomega).
Para resfriar o processador instalei uma pequena joia, o dissipador de calor NH-U9B SE2 da Noctua que cumpre sua função silenciosamente como quem furta. E botei tudo isto no interior de um magnífico gabinete Lanboy Air da Antec.
Agora, aos detalhes.
O Gabinete
A Antec fabrica gabinetes excepcionais. Eu já havia mencionado alguns, inclusive o Lanboy Air, que havia visto na Computex 2010 e me deixou tão bem impressionado que cheguei a escrever < http://blogs.forumpcs.com.br/bpiropo/2010/06/21/lanboy-air-um-gabinete-muito-especial/ > uma coluna sobre ele. E foi justamente naquela ocasião que decidi que aquele seria o gabinete de minha máquina dos sonhos.
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Figura 2: O Lanboy Air da Antec |
Aqui está ele, na Figura 2, em uma foto de divulgação da Antec que mostra uma vista expandida. Mas não se engane: a vista expandida corresponde rigorosamente à realidade, ou seja, as peças se destacam exatamente como na figura. E a maioria delas pode ser removida sem a ajuda de qualquer ferramenta, já que usam parafusos de cabeça cilíndrica que podem ser removidos com os dedos.
A principal característica do gabinete é que ele é modular e inteiramente desmontável. Tão modular que, por exemplo, os acionadores (“drivers”) de discos óticos podem ser montados abrindo tanto para aquilo que se convenciona chamar a parte frontal do gabinete, como na montagem que fiz (veja Figura 1), quanto voltados para o lado, abrindo para uma das laterais. Para isto, basta remontar os suportes dos acionadores de modo que eles fiquem voltados para a face desejada e aparafusar o painel lateral mais estreito na face frontal. Dá algum trabalho, mas pode ser feito sem qualquer modificação estrutural no gabinete e pode resolver problemas de acomodação e espaço.
Lendo as especificações do gabinete descobre-se que ele aceita até doze ventoinhas (o modelo padrão é fornecido com cinco, o que é mais que suficiente), onze baias para acionadores de discos onde podem ser instalados até seis discos rígidos (em uma montagem tipo flutuante que deu o nome – “air” – ao gabinete), três acionadores de discos óticos e dois discos de estado sólido (ou magnéticos, desde que de 2,5”).
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Figura 3: Dispositivos de armazenamento instalados |
Veja, na Figura 3, os dois dispositivos de armazenamento de massa instalados no gabinete. No fundo, o “disco” de estado sólido preso à base do gabinete. Acima dele o disco rígido convencional. Repare como ele é sustentado em pleno ar por barras de material semelhante a borracha, flexíveis, presas por ganchos à estrutura de sustentação, permitindo que o ar flua em torno de todo o componente.
Para os aficionados por jogos, o gabinete vem com todo o necessário para a instalação de um radiador para refrigeração a água (que pode ser fornecido pela própria Antec como opcional) e seu interior é suficientemente amplo para aceitar todos os fatores de forma das placas-mãe ATX e controladoras de vídeo com até 40,6 cm de comprimento.
Mas conhece-se um bom produto não por suas especificações, mas por seus detalhes.
Por exemplo: uma das coisas desagradáveis quando se efetua uma montagem em um gabinete convencional é encaixar memórias e outros componentes em seus conectores em uma placa-mãe já instalada no interior do gabinete. Pois bem: no Lanboy Air, tanto a base metálica onde é aparafusada a placa-mãe quanto a gaiola onde é instalada a fonte de alimentação são do tipo “gaveta”, ambas removíveis.
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Figura 4: Placa-mãe montada na base metálica |
Veja, na Figura 4, a placa-mãe devidamente aparafusada em seu suporte metálico tipo “gaveta” (que se percebe claramente à direita da figura) e com processador, dissipador de calor e memória já devidamente (e definitivamente) instalados. Nesta placa, como está, pode-se encaixar a controladora de vídeo, conectá-la a um monitor e, ainda sobre a bancada, efetuar todas as ligações elétricas da fonte de alimentação. Isto permite testar a montagem e executar a configuração preliminar do BIOS com todo o conforto, sem que seja necessário instalar nada no gabinete. Montou? Testou? Funcionou? Ótimo. Agora basta desconectar as ligações à fonte, remover provisoriamente a controladora de vídeo, deslizar a gaveta para o interior do gabinete e fixá-la com um único parafuso.
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Figura 5: Placa-mãe e fonte no interior do gabinete |
Veja, na Figura 5, a placa-mãe já aboletada em seu lugar e, à direita dela, a fonte de alimentação com seus terminais devidamente encaixados nos conectores da placa-mãe, também aparafusada em sua gaveta. Tanto a base da placa-mãe quanto a gaveta da fonte de alimentação são presas ao gabinete por um único parafuso. Alguma coisa não está “nos conformes”? Desconecta-se a fonte, remove-se dois parafusos e retira-se todo o conjunto para testar na bancada, fora do gabinete.
Fazer uma montagem em um gabinete como este é um prazer...
E na próxima coluna falaremos sobre a placa-mãe e os demais componentes.
B.
Piropo