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B. Piropo

< Coluna em Fórum PCs >
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17/05/2010

< Iomega ix2-200: excelente solução para armazenamento em rede >


Há um par de semanas publiquei uma coluna sobre meu novo “telefone esperto”, um Motorola Milestone, na qual emiti uma opinião claramente desfavorável ao aparelho. Nos comentários, alguns leitores me acusaram de precipitação por divulgar uma opinião sobre um produto tão complexo formada após pouco mais de uma semana de uso. Tinham razão. Hoje, com mais de um mês de experiência do uso diário do aparelho, apanhando mais que boi ladrão tentando destrinchar sozinho seus recursos (seu manual é indecente e por mais que procurasse não encontrei na Internet informações detalhadas sobre o uso do telefone e de seus programas) e, sobretudo, após descobrir que, dentre as milhares de inutilidades oferecidas no “Market” (o repositório de programas para o sistema operacional Android) a possibilidade de encontrar algo que preste é praticamente nula (por exemplo: não há sequer uma versão do Skype ou de algo semelhante que me permita abrir uma conta e efetuar ligações telefônicas VoIP de/para o exterior, algo absolutamente imprescindível para quem está prestes a passar uma semana literalmente do outro lado do planeta), a opinião evoluiu bastante, sedimentou e está suficientemente madura para que eu possa garantir que, na precipitada avaliação anterior, eu fui bastante complacente.
Agora, já mais experiente, posso afirmar sem medo de errar que o Motorola Milestone e, sobretudo, seu sistema operacional Android, são uma grossa porcaria (o corretor ortográfico instalado no FPCs me impede de grafar a palavra que melhor exprime a qualidade do dito, mas posso dar uma pista: rima com “lerda”). Não fora seu custo exorbitante, eu simplesmente o descartaria e compraria algo que valha a pena. Mas, infelizmente, além de ruim, é caro e não dá para simplesmente jogar fora um objeto pelo qual paguei, com todos os descontos, prêmios e pontos acumulados, mais de meio milhar de reais. Portanto, pelo menos por enquanto, tenho que continuar usando o badulaque (e recarregando sua bateria cuja carga completa, com todos os recursos habilitados, dura pouco mais de três horas, o que para um telefone celular é praticamente nada) e vou “me acostumando” com ele (e quem quiser saber o exato significado disto pode consultar os dois primeiros comentários à coluna anterior). Porque este é, sem dúvida, o tipo de dispositivo e sistema operacional com os quais o usuário precisa se acostumar para usar. E agora, com um mês de experiência, posso declarar sem receio: definitivamente, não recomendo.
E o que tem tudo isso a ver com a coluna de hoje?
Muito. Porque também ela visa divulgar minha opinião sobre um dispositivo. Mas, para evitar acusações de precipitação, somente está sendo escrita após cinco meses de uso diuturno do dito cujo dispositivo. E quando digo “diuturno”, não exagero: não me lembro de tê-lo desligado uma única vez depois de instalado. E o bicho vem funcionando muito bem.
Trata-se de um dispositivo de armazenamento tipo “NAS” (“Network Attached Storage”), ou dispositivo de armazenamento conectado à rede. Mais especificamente do Iomega StorCenter ix2-200 de 2 TB de capacidade.
Segundo a própria Iomega, o ix2-200 “é um dispositivo que pode ser conectado a qualquer ponto de sua rede, independentemente do tipo de rede ou servidores, para armazenar arquivos e torná-los disponíveis a usuários autorizados”.
Vamos simplificar isso.

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Figura 1: O ix2-200 (frente e verso)

O ix-200 tem o aspecto de uma pequena caixa preta (pequena mesmo; o tamanho é apenas suficiente para conter dois discos rígidos de 3,5” um ao lado do outro; no caso, com capacidade de um TB cada). Na frente exibe dois pequenos pontos luminosos (LEDs). Na traseira, uma entrada para alimentação, um par de conectores USB e um conector de rede. E só. Veja-o, despretensiosamente descansando sobre minha mesa de trabalho no lado esquerdo da Figura 1. E examine sua face posterior no lado direito da mesma figura (e se a perspectiva lhe parece estranha, é porque é estranha mesmo: para permitir fotografar a face traseira eu apoiei o dispositivo sobre a face frontal e girei a figura para mostrar detalhes dos conectores).
O procedimento de instalação física se resume a liga-lo a uma tomada de eletricidade através de seu próprio conversor e conectá-lo ao roteador usando um cabo de rede com conectores RJ 45 (há versões bem mais “parrudas” para uso corporativo; o ix2-200 foi concebido principalmente para ser usado em redes domésticas). Mais nada. Isto feito, basta executar a instalação lógica, que se resume a rodar o programa do CD que acompanha o produto e seguir as instruções exibidas na tela, facilmente inteligíveis mesmo para o usuário doméstico inexperiente.
Pronto. Agora, como que por milagre, você tem um local onde pode gravar e ler seus arquivos de qualquer um dos computadores ligados à rede, inclusive aqueles que se conectam via Wi-Fi se o roteador assim o permitir. Para quem gosta de detalhes: ao ser instalado, o ix2-200 obtém seu próprio endereço IP e passa a se comportar como uma unidade adicional da rede, como se fosse um servidor de arquivos (porém sem qualquer necessidade de administração ou ajuste).
Você pode tratá-lo como qualquer unidade da rede, criando pastas e nelas gravando arquivos. A estrutura hierárquica assim criada aparece no gerenciador de arquivos (Windows Explorer, para quem usa Windows) de todos os computadores ligados à rede.
Isto permite editar um arquivo em qualquer computador da rede, gravá-lo em uma das pastas do ix2-200 e abri-lo para continuar a edição em qualquer outra máquina. Era assim que, até recentemente, eu editava minhas colunas. Antes de instalar a versão definitiva do MS Office 2010, que hoje roda nesta máquina que vos fala, para testar o Office 2010 ainda em versão beta, eu iniciava o trabalho no micro onde o tinha instalado e gravava o arquivo no ix2-200, já na pasta correspondente às colunas do FPCs. Em seguida passava para esta máquina (onde, na época, estava instalada a versão Word 2007 com seu corretor ortográfico em português, que a beta não tinha) e executava a revisão ortográfica. Ou seja: parte do trabalho era executada em um computador e o restante em outro, porém acessando o mesmo arquivo que, por sua vez, não estava armazenado em qualquer uma das máquinas, mas no ix2-200.
Se você abrir a “caixa preta” do ix2-200 encontrará um microprocessador Marvell 6281 rodando a 1 MHz com 256 MB de RAM, dois discos rígidos padrão SATA cuja capacidade varia com o modelo do dispositivo (2 x 500 GB, 2 x 1 TB ou 2 x 2 TB para os modelos de capacidade total respectivamente de um, dois ou quatro TeraBytes), uma porta Ethernet de 10/100/1000 MB/s com conector RJ 45 e dois conectores USB 2.0. Os discos rígidos, espelhados via RAID, geram ruído em nível quase desprezível (menor que 27 dB). O preço não é exorbitante (uma unidade de 2 TB custa pouco mais de US$ 250 no mercado americano e sai por menos de R$ 1.300 no Brasil) e o consumo de potência é baixo (varia entre cinco e 19 Watts), o que me permite deixa-lo permanentemente ligado (antes de instalar o ix2-200, para compartilhar arquivos, todos os meus computadores envolvidos no compartilhamento tinham que permanecer ligados).

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Figura 2: Guia “Home” do programa de administração do ix2-200

Se você desejar acesso direto ao ix2-200 para executar serviços administrativos, basta entrar com seu endereço IP na caixa de endereços de um programa navegador (o endereço IP é fornecido durante a instalação) a partir de qualquer computador conectado à rede. Ou, o que é mais simples, clicar sobre o ícone criado na área de trabalho do computador onde foi feita a instalação lógica. O resultado é o painel de controle exibido na Figura 2. É através dele que são feitas todas as configurações do dispositivo. Repare que na sua guia inicial (“Home”) ele permite acesso ao armazenamento compartilhado (ou seja, à estrutura de pastas e arquivos nele criada; mas note que este tipo de acesso é meramente para fins de administração, posto que durante o uso normal ele é feito transparentemente através do próprio Windows Explorer ou qualquer outro gerenciador de arquivos como mostra a Figura 3). Além disso, permite buscas nos arquivos armazenados, acesso aos utilitários de cópias de segurança, gerenciamento de transferências de arquivos via “torrent”, além de tarefas triviais de administração como criar novas contas de usuários (que podem ou não deter os privilégios de compartilhamento de arquivos uns dos outros), adicionar dispositivos de armazenamento (que são conectados através das portas USB do próprio ix2-200, o que permite aumentar significativamente a capacidade de armazenamento por ele gerenciada) e visualizar as impressoras eventualmente conectadas (que podem ser compartilhadas entre todas as máquinas da rede).

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Figura 3: Acesso direto à estrutura de armazenamento via Windows Explorer

Note que, não importa de que máquina se faça o acesso, o resultado é o mesmo: no grupo “Rede” aparecerá o nome atribuído ao dispositivo (como o meu se destina a armazenar todos os dados gerados por mim em todas as máquinas da rede, usei minha criatividade e consegui engendrar a denominação inovadora “DadosBP”) e, desde que o usuário se identifique através de um nome de usuário e senha, o acesso se faz como se os arquivos estivessem diretamente na máquina. E com uma rapidez surpreendente.
Mas o melhor mesmo está escondido na guia “Settings”. Veja seu aspecto na Figura 4.

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Figura 4: A guia “Settings” do painel de controle do ix2-200


Cada um de seus ícones cumpre uma função. Que vão desde o gerenciamento de cópias de segurança, ajuste de data e hora, características do dispositivo, até a exibição dos detalhes dos discos rígidos internos e coisas que tais. Há inclusive, através do objeto “E-mail notification”, a possibilidade de fornecimento de um endereço de correio eletrônico para o qual, na eventualidade da ocorrência de problemas com o ix2-200, será enviada uma mensagem informando sobre o ocorrido.
Mas a função que mais me encantou e que, sozinha, já valeria o custo do equipamento, é aquela correspondente ao ícone assinalado em vermelho na Figura 4, o “Remote Access” (acesso remoto).
Como sabem aqueles que têm paciência suficiente para acompanhar estas colunas, inclusive os que somente o fazem porque já se acostumaram a ela, eu mantenho em Saquarema, uma cidade costeira próxima do Rio, um esconderijo para onde fujo nos finais de semana. Onde, como era de esperar, tenho um computador com acesso à Internet. Que, frequentemente, uso para fins de trabalho.
Há alguns meses, antes de instalar o ix2-200, eu tentava manter os discos rígidos de lá mais ou menos em sincronia com os de cá. Só “mais ou menos” porque nem tudo o que uso cá preciso lá. Além de que a capacidade de armazenamento não seria suficiente.
O resultado era um vai-e-vem de “pen-drives”, CDs e DVDs graváveis e outros tantos dispositivos de armazenamento móvel como discos rígidos portáteis que, se a idade não tivesse cuidado disso antes, me deixariam de cabelos brancos.
Mas o pior é que, com tudo isto, volta e meia eu, em Saquarema, sentia falta de um ou outro arquivo armazenado nas máquinas do Rio cuja cópia esquecera-me de levar.
Pois bem: o ix2-200 me livrou para sempre destas desditas.
Porque aquele iconezinho acima mencionado faz exatamente o que o nome diz: permite que eu, lá de Saquarema (ou de qualquer outro ponto do mundo, como de Taiwan, onde estarei dentro de alguns dias), através da Internet, tenha acesso a meus arquivos de dados aqui do Rio de Janeiro (que foram todos prudentemente transferidos para o ix2-200). E mais: posso gravar aqui o resultado de meu trabalho lá. Em suma: através da Internet, esteja eu onde estiver, posso continuar tendo acesso (de leitura e escrita) a meus arquivos aqui no Rio de Janeiro como se estivesse usando uma das máquinas de minha rede local. Só que, naturalmente, bastante mais lento (minha conexão à Internet em Saquarema é estável e confiável, mas não tão rápida como eu gostaria).
Para isto bastou configurar o “Acesso Remoto”. O que é bem mais simples do que se pode pensar, já que não exige grandes conhecimentos técnicos.
Naturalmente há que se levar em conta o fator segurança. Escolhi um nome de usuário bem mais longo e complicado do que o usual, uma senha “forte” que mistura letras maiúsculas, minúsculas e números e escolhi um nome para o URL (o acesso remoto é feito através de um URL, naturalmente) que não fosse facilmente dedutível (tão pouco dedutível que, dia desses, da casa de meu filho, precisei consultar um arquivo armazenado no ix2-200 e não houve jeito de lembrar o URL). Mas o programa permite que tudo isto seja feito sem qualquer complicação.
Pois é isso.
Incidentalmente: o ix2-200 é tão bom que permite até mesmo que eu acesse meus arquivos usando, quem diria, meu próprio telefone esperto. O que não deixa de ser uma façanha. Mas, na prática, de nada adianta exceto no caso de arquivos no formato txt, porque o sistema Android não dispõe de aplicativos que me permitam consultar aqueles que realmente interessam...

 

B. Piropo