Sítio do Piropo

B. Piropo

< Coluna em Fórum PCs >
Volte
10/05/2010

< As Frescuras do Office 2010 V: Lançamento corporativo e a posição da MS >


O Office 2010 já está no ar. Foi lançado oficialmente no último 12 de maio, juntamente com os produtos Project 2010, Visio 2010 e SharePoint 2010. Mas o lançamento afetou apenas os clientes corporativos. Nós outros, os mortais comuns (quer dizer, os usuários domésticos) teremos que esperar um pouco.

Figura 1: Produtos lançados em 12/04/2010

A cerimônia do lançamento, com toda a pompa e circunstância e com direito a palestra de abertura (“keynote speech”) proferida pelo presidente mundial da Divisão de Negócios (Business Division) da MS Stephen Elop, foi levada e efeito...
Onde?
Bem, eu a assisti em São Paulo, na sede da Microsoft, integrando um grupo de jornalistas convidados para participar do evento de lançamento e de uma entrevista coletiva com os gerentes de produto do Office que se realizou em seguida. Mas isto porque a palestra foi transmitida ao vivo pela Internet para sessenta e seis países. Mas onde, mesmo, ela foi realizada?
Não sei. E, por mais que fuçasse a Internet em busca da resposta, não houve como saber. E, pelo que eu entendi, não foi algo feito de caso pensado, ou seja, a MS não parece ter feito qualquer esforço para esconder. O caso é que, simplesmente, tanto fazia. Pois se eu, assim como dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo, a assistiram ao vivo, para que saber de onde ela era transmitida? (PS: mais tarde descobri que foi em Nova Iorque; mas na verdade não fez diferença alguma).
A melhor parte disto tudo é que, segundo a MS, foram usados na transmissão do evento exclusivamente recursos que integram tanto o Office 2010 quanto o Sharepoint 2010 que estavam sendo lançados. Quer dizer: se foi de propósito, não sei. Mas não se pode negar que o próprio evento de lançamento funcionou como amostra do que estas plataformas, em conjunto, serão capazes de fazer pelas corporações que as adotarem e cujas filiais se espalham por diferentes cidades ou países.
Durante sua palestra Mr. Elop citou alguns pontos interessantes. Aqui vão eles, mais ou menos na ordem em que foram citados, acompanhados de alguns comentários.
Disse ele que esta versão dos produtos foi desenvolvida especificamente para atender as expectativas dos empregados das corporações que usam o pacote Office e a plataforma SharePoint. O que não é pouca gente, já que o MS Office está instalado em 80% das grandes empresas americanas.
E o que desejam eles? Bem, um dos pontos importantes nesses tempos em que se usa computador tanto em casa quanto no trabalho (e na rua, nos aeroportos, nos aviões e sei lá mas onde) é importante para os usuários que a mesma tecnologia seja usada em todos estes lugares.
Além disso, deve ser segura. E, mais que tudo, os diferentes aplicativos devem se integrar da forma mais transparente possível, sem exigir qualquer interveniência dos usuários para funcionarem em conjunto.
Por outro lado, estes mesmos usuários desejam cada vez mais opções para o trabalho “em trânsito”, aquele executado em dispositivos móveis como computadores portáteis e “telefones espertos”. Pois, assegurou Mr. Elop, ainda este ano o conjunto daquilo que ele classificou de “mobile working population” (população de trabalhadores móveis) ultrapassará a formidável casa do bilhão de indivíduos. E em 2010 serão 1,2 bilhão, mais de um terço da força de trabalho mundial. Um imenso contingente de trabalhadores que deseja acesso fácil e rápido a seus arquivos e aplicativos seja lá onde estiverem (tanto os usuários quanto os arquivos e aplicativos). E querem acesso às redes sociais, que cada vez mais se integram aos ambientes de trabalho (segundo Wolfje Van Dijk, estrategista da provedora de serviços holandesa KPN Getronics e que participou da cerimônia de lançamento, 80% de seus funcionários usam estas redes para fins profissionais).
Portanto a palavra de ordem é acesso à informação de onde o usuário estiver não importando onde esteja a informação.

Clique para ampliar...

Figura 2: Acesso à informação onde ela e o usuário estiverem

Acontece que esta overdose de informação acaba redundando em prejuízo. Pois descobriu-se que cerca de 40% do tempo de trabalho de um “empregado médio” de escritório nos EUA é gasto garimpando informações. E este desperdício de tempo custa 900 bilhões de dólares americanos por ano em perdas de produtividade. Mas a coisa ainda é mais séria: a mesma pesquisa determinou que 40% das informações mais valiosas geradas pelos empregados não estão inseridas nos sistemas corporativos.
Foi para enfrentar este tipo de realidade que a MS desenvolveu e testou os novos produtos, garantiu Mr. Elop.
E testou um bocado. Quase nove milhões de usuários, muitos deles obedecendo a programas corporativos, baixaram, instalaram e usaram a versão beta dos novos produtos (o que correspondeu a um contingente três vezes maior que o da versão anterior). E muitos deles participaram de programas de treinamento coordenados pela própria MS.
Resultado: segundo Mr. Elop os produtos lançados no último dia 12 estavam prontos e acabados. E já “localizados” (o jargão da MS para “traduzidos”) em 14 idiomas, inclusive o português do Brasil (dentro dos próximos meses serão lançadas versões em mais 97 idiomas).
Portanto ele podia garantir que naquele mesmo dia, noventa milhões de empresas teriam acesso os novos produtos inteiramente funcionais através dos contratos de fornecimento de software da MS. Empresas que, de acordo com pesquisa realizada pela Forrester Research com os usuários corporativos que participaram dos testes do produto, usufruirão um ganho de produtividade de duas semanas por ano para cada empregado que trocar a versão 2007 pela 2010. O que permitia projetar, em três anos, uma economia da ordem de 13,8 milhões de dólares americanos seja em ganhos de produtividade seja em redução de gastos com viagens ou ainda pela maior facilidade de acesso à informação empresarial. Uma troca que, ainda segundo Mr. Elop, redundará em um retorno de investimento (ROI, “Return On Investment”) que implicará a recuperação do total investido em apenas sete meses.
E com isto encerrou a palestra de abertura.
Começou então a entrevista coletiva. Nela, Eduardo Campos de Oliveira, Gerente de Marketing, e Ana Claudia Alves, Gerente de Produto do Office da MS Brasil responderam as perguntas dos jornalistas presentes.

Figura 3: Eduardo Oliveira na entrevista coletiva sobre o lançamento

Como o lançamento que acabáramos de assistir foi apenas para o segmento corporativo, era natural que a primeira pergunta fosse sobre a previsão do lançamento para o público em geral. Segundo Ana Claudia Alves, a única data efetivamente marcada é a de 15 de junho, quando será liberada a versão para o mercado americano. Os demais países terão que esperar mais um pouco pois, diferentemente das empresas, para as quais o produto pode ser ofertado simplesmente por transferência eletrônica, para o público final há que imprimir manuais, fabricar as embalagens e gravar os programas nas mídias apropriadas. Tudo isto tem que ser feito no idioma local e de acordo com as regras comerciais de cada país, o que demanda tempo. Tudo o que ela poderia garantir é que todos os lançamentos ocorrerão ainda no segundo semestre de 2010. No que me diz respeito, acho que Ana foi demasiadamente cautelosa. No caso do Brasil, especialmente considerando que a versão comercial em nosso idioma já foi liberada para as empresas, eu diria que não deveremos esperar mais que dois meses. Mas é bom considerar que esta é apenas minha opinião, não a palavra oficial da MS.
Quanto às versões para o mercado doméstico, Eduardo Campos de Oliveira, Gerente de Marketing da MS Brasil, assegurou que serão mais que as duas (Professional e Standard) lançadas para as corporações. Mas ainda não poderia divulgar exatamente quantas e com que recursos cada uma delas contaria.
É certo que haverá, naturalmente, uma versão Profissional, a mais completa e poderosa (e, ça va sans dire, mais cara) com todos os recursos, incluindo o Access. Daí para a frente pode-se garantir apenas que haverá mais de uma, com preços mais reduzidos e recursos cada vez mais minguados. Mas o que Eduardo insistiu em enfatizar (em resposta, segundo ele, “aos que acham o Office muito caro”) é que continuará existindo a versão denominada “Home & Student”, que atualmente custa R$ 199 e contém os principais aplicativos do pacote com exceção do Outlook e Access.
Curiosamente Eduardo revelou que haverá uma versão gratuita. Será a “Starter”, cujos aplicativos principais serão versões simplificadas do Word e do Excel e que não oferecerão os demais aplicativos, como o PowerPoint, Access e Outlook. Em contrapartida seu custo será nulo, uma vez que sua distribuição será gratuita. Mas não será comercializada no varejo: virá apenas pre-instalada em computadores novos equipados com o sistema operacional Windows.
Segundo Ana Claudia as versões a serem liberadas para uso doméstico serão ligeiramente diferentes daquelas desenvolvidas para o mundo corporativo cujo lançamento acabáramos de assistir. Isto porque serão focadas na Internet, enquanto as corporativas se apoiam principalmente no SharePoint. A razão disto é que, para as versões de uso doméstico, o principal canal de integração entre aplicativos será a Internet, onde se aninha a versão particular da “nuvem” da MS, ou seja, o universo Windows Live / SkyDrive, que estarão fortemente integrados. Além disso, ainda segundo Ana Claudia, os novos recursos de edição de imagens e vídeo diretamente do interior dos aplicativos do pacote Office serão grandemente apreciados pelos usuários domésticos. Que, frisou ela, poderão agora fazer bom uso do desprezado utilitário “One Note”, que também faz parte do Office 2010.
Agora, é esperar para ver. Como as versões lançadas no dia 12 para uso corporativo já foram liberadas para os assinantes do MSDN, eu a transferi e instalei em minha máquina de trabalho. Esta coluna, assim como a anterior, foi editada no Word do Office 2010.
Considerando que eu já vinha usando a versão beta há algum tempo, não encontrei qualquer diferença funcional. Mas trabalhar com uma versão oficial, estável, e com um corretor ortográfico e gramatical em português (já em conformidade com a última revisão ortográfica, se o usuário assim o desejar) faz uma diferença danada.
Por enquanto, minha experiência de usuário é das melhores. Com uma única exceção: para não dizer que o produto está absolutamente impecável, nesta máquina (e apenas nesta) o menu de contexto nas telas de edição (e somente este) do Word não funciona. Ele aparece apenas para dar o ar de sua graça e some quase imediatamente, antes que eu possa clicar em qualquer de suas entradas, o que indica que provavelmente se trata de algum problema de convívio com a controladora de vídeo, uma NVIDIA GeForce 9800 GT  (uso o mesmo Word em duas outras máquinas e nelas o problema não existe).
Se alguém da Microsoft ou algum dos leitores que estão usando o produto já tiver ouvido falar deste “bug” e de sua solução, eu agradeceria a ajuda. Se não, vou ter que resolver por meus próprios meios.
Mas voltar para a versão 2007, nem que a vaca tussa...

 

 

B. Piropo