A coluna de hoje é sobre um dispositivo (ainda) pouco comum: um reprodutor de mídias. Um negócio mais ou menos do tamanho de um tijolo que se conecta a uma televisão (preferivelmente uma destas novas, de alta definição) e, se for o caso, ao roteador de sua rede doméstica. O dispositivo contém um disco rígido de grande capacidade (um ou dois TB) e é capaz de reproduzir música, fotos e filmes nele armazenados ou obtidos diretamente na Internet. Um treco sensacional. Mas antes vamos ver como um bicho destes veio dar com os costados aqui.
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Figura 1: ScreenPlay Director |
No início de março de 2010 a EMC promoveu seu encontro anual com a imprensa especializada. Desta vez em Petrópolis, bem aqui pertinho do Rio. Durou somente um final de semana, mas foi um final de semana cheio. E bem aproveitado.
Se bem me lembro já lá se vão mais de dez anos desde a primeira vez que escrevi sobre a EMC. Foi antes do famoso estouro da bolha, quando a palavra “internet” tinha um sentido ainda não muito bem compreendido pelo mercado. Para ser franco, minha impressão é que naqueles dias o “mercado” encarava o termo “internet” como um sinônimo de “fábrica de dinheiro fácil” e que ali, em se plantando – e adubando com um bom punhado de dólares – tudo dava. E dava principalmente uma espécie vegetal conhecida como “dinheiro em penca”.
A realidade mostrou-se diferente. A Internet dava (e continua dando) grana, sim, mas não era uma cornucópia inesgotável. Como em todo ramo, para se faturar com ela é preciso criar e manter um negócio, administrá-lo, dedicar-se a ele e, sobretudo, ter um bom produto a oferecer. E quem não fez isso, não importa quantos milhões houvesse enterrado na rede (e foram muitos), deu com os burros n´água.
Mas este, naturalmente, não foi o caso da EMC. Muito pelo contrário. É verdade que o estouro da bolha afetou-a – como afetou praticamente todo o setor de informática e comunicações no início deste milênio – e a obrigou a reduzir custos, cortar pessoal e reestruturar seu negócio que, naquela época, era essencialmente a fabricação, comercialização, suporte e gerenciamento de dispositivos de armazenamento de grande porte para corporações idem. Mas o fato é que, talvez devido exatamente aos ajustes exigidos para fazer face ao tal estouro da bolha, os primeiros anos desta década viram nascer uma nova EMC com um novo mote: diversificação. E, pelo que foi mostrado por Carlos Cunha na apresentação de abertura do evento (sintomaticamente intitulada “Como prosperar em uma economia global desafiadora”), parece que a coisa funcionou.
Talvez nessa altura dos acontecimentos alguns leitores estejam intrigados: o que é, afinal, essa tal de EMC? Pois sendo uma empresa voltada originalmente para as grandes corporações, nem todo usuário de computador a conhece. Mas certamente conhecerá um de seus “filhos”.
Por exemplo, a Clarion que, como as que serão citadas adiante, nasceu independente e fez uma carreira bem sucedida (no caso, no campo de unidades de armazenamento de médio porte) até seu controle ser adquirido pela EMC. E se você também não conhece a Clarion, provavelmente conhece a VMWare, a pioneira da virtualização, hoje também parte da família EMC. E, para quem não conhece nem a Clarion nem a VMWare, que tal a Iomega? Aquela do velho Zip Drive?
Pois é, a Iomega foi comprada recentemente pela EMC. O que, para quem pensou que a Iomega havia sido engolida pelo turbilhão da crise do ano passado, pode parecer surpreendente. É verdade que o Zip Drive não existe mais, mas a Iomega continua viva e forte, ainda labutando principalmente no campo de armazenamento removível para usuários individuais onde lançou recentemente alguns dispositivos muito, mas muito interessantes mesmo. Dentre os quais o “Iomega ScreenPlay Director”, nosso assunto de hoje.
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Figura 2: Iomega Screenplay Director HD media player |
Aí está o bichinho na Figura 2. Embora seja possível controlá-lo apenas com os botões de sua face frontal, eles lá estão apenas para fornecer uma comodidade adicional ao usuário, já que a forma mais simples e eficiente é usar o controle remoto fornecido junto com o dispositivo (e sobre o qual falaremos adiante).
Sim, o Screenplay Director “toca” músicas armazenadas em seu disco rígido interno (ou em qualquer outro ligado à rede em que ele porventura esteja conectado) e exibe fotografias, mas acredito que na imensa maioria dos casos será utilizado para mostrar vídeos. E por isso mesmo a lista de formatos que ele é capaz de exibir impressiona: MPEG-1, MPEG-2 (AVI/VOB), MPEG-4 (AVI/DivX/XViD), WMV, AVCHD e, naturalmente (mas apenas no modelo “Director”), H.264, o formato usado pelo iPod, além de alguns outros reprodutores (as fotos são reproduzidas nos formatos JPEG, BMP, GIF, PNG e TIFF e as músicas nos formatos MP3, AC3 ou Dolby Digital Encoding, WAV, OGG e WMA). Quanto a formatos de arquivos, o Screenplay Director aceita os .mkv, .avi, .asf, .iso, .vob, .mp4, .mov, .wmv, .flv e .ifo. E no que toca a padrões de televisão, trabalha com PAL e NTSC (inclusive em alta definição plena de 1080 linhas e 24 quadros por segundo) e pode se conectar a dispositivos de áudio e vídeo usando os padrões “vídeo composto” ou “component video” – além, naturalmente, do hoje indispensável HDMI. E, além da conexão à rede, pode receber arquivos por três portas USB 2.0 ou ser conectado diretamente a um computador através de uma quarta porta USB-B. Sem falar em um conector ótico.
Quer dizer: ligue o bicho onde você quiser, conecte-o a uma TV do jeito que preferir, transfira arquivos para ele da maneira e formato que desejar e não se preocupe que o bicho “toca”. Um negócio impressionante. Eis aí, na Figura 3, sua face traseira com o conjunto de conectores para não me deixar mentir.
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Figura 3: Iomega Screenplay Director - Painel traseiro |
Sobre a operação do dispositivo não há muito que dizer: grave em seu disco rígido interno o que desejar reproduzir, conecte-o a uma TV e use seu sistema de menus para localizar o arquivo e reproduzi-lo.
Há dois modelos, idênticos exceto pela capacidade de armazenamento do disco rígido interno: o menor, de um TeraByte, e o maior, de dois TB. Mas não será por falta de material para reproduzir que você deixará de usar seu Screenplay Director: além do conteúdo de seu armazenamento interno você pode ter acesso a quaisquer dispositivos de armazenamento externo conectados a uma de suas três portas USB 2.0, incluindo “pen drives” de quaisquer capacidades e discos rígidos externos. Pode ainda conectá-lo a um computador via conexão USB e ter acesso aos arquivos de mídia porventura armazenados em seu(s) disco(s) rígido(s) e, finalmente, conectá-lo através de um cabo ao roteador de sua rede doméstica e, com isso, ter acesso (para reproduzir ou copiar no HD interno) não somente a todos os arquivos compartilhados por todos os computadores da rede como também a tudo o que puder ser acessado na Internet, o que inclui o YouTube, Flickr, rádio via Internet além de RSS “feeds” ou “podcasts”, acessíveis via a entrada “Online media” do menu principal exibido na Figura 4 (uma falha: lamentavelmente o Screenplay Director não oferece acesso direto a redes sem fio tipo “wi-fi”, mas a Iomega vende separadamente um adaptador Wi-Fi 802.11n).
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Figura 4: Menu principal do Screenplay Director, exibido na tela da TV. |
No mais, não há muito que dizer. O Screenplay Director se propõe a fazer apenas uma coisa, reproduzir vídeo, música e imagens e a faz muito bem e de forma simples. O resto é com você: ache o arquivo que deseja reproduzir, acione o comando e desfrute.
É claro que com um a dois TB de capacidade de armazenamento interno e acesso a uma capacidade externa praticamente ilimitada você terá que ser bastante cuidadoso e organizado com seus arquivos, do contrário criará um emaranhado fácil de se perder. E, para este fim, o Screenplay Director oferece ajuda parca, quase nenhuma. Você pode, naturalmente, navegar pelas pastas, mas uma vez dentro delas o dispositivo só permite exibir arquivos em ordem alfabética. Ou seja: a não ser que você mesmo crie pastas para armazenar seus arquivos classificados por gênero, intérprete, disco ou qualquer outro critério, vai ter um trabalho danado para achar o que quer.
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Figura 5: Controle remoto do Screenplay Director |
Como mencionado anteriormente, o melhor meio de operar o Screenplay Director é com seu controle remoto mostrado na Figura 5. Que oferece todos os recursos do painel frontal e mais alguns botões como acesso direto a música, vídeo, fotos e conteúdo “online” sem passar pelo menu principal e outras tantas pequenas facilidades.
As características e especificações técnicas do Screenplay Director podem ser encontradas no < http://go.iomega.com/section?p=4760&secid=42099&lang=en-us&country > sítio da Iomega e você poderá encontrar um bom vídeo de demonstração (infelizmente apenas em inglês, mas com um delicioso sotaque australiano) no You Tube, em < http://www.youtube.com/watch?v=VRqpekQiGOs > Iomega Screenplay Director - HD Media Player Review. Mas atenção: caso pretenda adquirir um bichinho desses, cuidado ao escolher. Certifique-se que se trata do “Media Player”, o mesmo modelo mostrado no evento da EMC. Não confunda com os anteriores, “Iomega Screenplay Pro HD” ou “Iomega Screenplay HD”, parecidos, mas que não oferecem todas as facilidades descritas na coluna.
B.
Piropo